Cinco atos que derrubam a tese de que Izolda Cela poderia não querer se candidatar à reeleição

Ao assumir o cargo, a governadora demonstrou postura firme em temas políticos e administrativos que fortalecem o seu pleito

Legenda: Na última semana, a governadora participou da entrega da Medalha do Mérito Industrial da Fiec ao lado dos principais nomes do setor produtivo e aliados como Camilo e Cid Gomes

Desde o ano passado, a governadora Izolda Cela figura entre os nomes estabelecidos pelo PDT como pré-candidata ao governo do Estado. Entretanto, somente neste ano, a partir de fevereiro (antes mesmo de ela assumir o Executivo), é que seus correligionários e aliados políticos passaram a levar a sério a sua tentativa de se candidatar à reeleição. Hoje, já não há mais a dúvida que gerava a seguinte pergunta nos bastidores: ela quer ser mesmo candidata?

Os primeiros movimentos que geravam o entendimento de que a pré-candidatura de Izolda eram pra valer partiram do ex-governador Camilo Santana (PT). Antes de deixar o cargo, Camilo tratou de contribuir para que sua sucessora mantivesse uma posição de destaque perante a opinião pública, o eleitorado e os aliados.

Os outros pré-candidatos do PDT são: Roberto Cláudio, Mauro Filho e Evandro Leitão.

Isso, entretanto, é coisa do passado. Os principais sinais afirmativos de que a chefe do Executivo está mesmo na luta pela reeleição partiram de atitudes dela como governante e como ocupante do maior cargo político do Estado do Ceará. Aliás, a primeira mulher na história a sentar naquela cadeira.

No início de fevereiro, nesta coluna, analisamos o papel central que Izolda teria na sucessão e que está se confirmando agora.

Dona de um estilo discreto no exercício da Vice-Governadoria, Izolda enfrentou um ambiente de dúvidas sobre qual postura iria adotar como governante, tomadora direta das principais decisões com impacto na coletividade.

E os posicionamentos firmes nos campos político e administrativo, a adaptação à nova função e a consciência do papel que lhe cabe mostram que quaisquer dúvidas foram afastadas. Ela vai, de igual para igual, para o embate com os homens do partido e da aliança pela indicação. 

A coluna levantou cinco ações de Izolda que apontam para o horizonte eleitoral que está por vir, embora tenha repetido não ter "obsessão pelo poder".

Resposta a Ciro e sinalização aos aliados

A principal atitude a comprovar a análise foi a atitude de Izolda no momento mais tenso que enfrentou no cargo em relação à manutenção da aliança de partidos em torno de seu governo.

Diante de um burburinho que estava gerando atritos entre os principais partidos aliados, ela agiu para acalmar os ânimos e firmar uma posição importante no tabuleiro eleitoral.

No início de maio, um dos líderes da base aliada, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), em entrevista, fez uma dura crítica ao PT no Ceará, que teria, na visão dele, “um lado corrupto”. Ciro disse que estaria disposto “também a enfrentar o PT no Ceará”, sinalizando para uma possibilidade de rompimento da aliança.

Quase que imediatamente, a governadora foi às redes sociais para se posicionar em sentido contrário.

Proximidade com o parlamento

Ainda no primeiro mês de gestão, a governadora tomou a atitude de convocar toda a sua base aliada na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Inicialmente em grupo e, posteriormente, em encontros reservados em que os parlamentares estaduais puderam levar os prefeitos aliados para uma conversa no Palácio Abolição e apresentação de pleitos individuais.

Os encontros são considerados estratégicos pelos parlamentares para fortalecer as relações com as comunidades que representam e dar um horizonte de perspectiva para os gestores municipais, necessitados da ajuda estadual, praticamente nos quatro cantos do Estado. Izolda se apresentou como liderança comprometida com os municípios.

Convocação dos partidos aliados

Pouco depois, de maneira muito discreta, Izolda convocou ao centro do Poder Estadual os líderes dos principais partidos da base aliada, sem se preocupar com possíveis desavenças entre eles.

Estiveram com a governadora o presidente estadual do PDT, André Figueiredo, o do PSD, Domingos Filho, o do MDB, ex-senador Eunício Oliveira, e do PP, deputado federal AJ Albuquerque e o pai dele deputado estadual Zezinho Albuquerque.

Os demais pré candidatos do PDT, em meio às turbulências, também foram convocados para uma conversa no sentido de acalmar os ânimos.

Outro que esteve com a governadora foi o presidente estadual do PSDB, senador Tasso Jereissati, ex-governador e uma liderança que tem conquistado destaque nacional.

Decisões administrativas de impacto

Izolda Cela tomou decisões administrativas com impacto significativo na vida coletiva. A primeira foi a liberação da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos e o fim da tarifa de contingência na conta de água.

A primeira com impacto no ir e vir das pessoas e a sensação de controle da pandemia. A segunda com um alívio econômico no bolso do consumidor e a sensação de que a crise hídrica deu uma trégua.

Entrada em temas regionais e nacionais

Diferentemente dos seus antecessores, a governadora resolveu bater o pé e entrar no debate com o Piauí sobre o litígio em territórios da divisa entre os estados na Serra da Ibiapaba. O imbróglio envolve 3 mil quilômetros quadrados de território e cerca de 25 mil pessoas, cujo cenário de incertezas começou a uma década.

No debate sobre a redução do IMCS de produtos como combustível e energia elétrica, cuja autoria foi do deputado cearense Danilo Forte (União), opositor do governo estadual.

Apesar de uma posição considerada impopular, por ir de encontro a redução da carga tributária, Izolda foi para o embate ao criticar a proposta, falar em “interesses eleitoreiros” e ampliar o debate para a revisão de toda a carga tributária, em que 70% do bolo de impostos arrecadados vão para o governo federal e apenas 30% para estados e municípios.