A semana que se encerra teve de quase tudo envolvendo o presidente Jair Bolsonaro. Não que os confrontos fabricados pelo presidente sejam novidade. Ao contrário. Bolsonaro se mantém fiel ao estilo verborrágico desde o início do mandato. Em meio à crise envolvendo STF, Congresso Nacional e Forças Armadas, eis que o presidente dá um tempo em Brasília para vir ao Ceará.
Bolsonaro tem o primeiro compromisso do dia no Cariri cearense, entre Juazeiro do Norte e Crato. Virá entregar unidades habitacionais do programa Casa Verde e Amarela e promover um ato político com seus apoiadores.
A semana de Bolsonaro começou com a expectativa de votação da PEC do Voto Impresso no Congresso Nacional. O Planalto forçou a barra para o presidente da Câmara, Arthur Lira, levar ao plenário um projeto derrotado já no nascedouro. O próprio Bolsonaro sabia da derrota, mas quis testar a fidelidade da base e manter viva uma narrativa equivocada de suposta fraude na urna eletrônica.
Depois, Bolsonaro e o seu ministro da Defesa ordenaram um desfile de blindados na Praça dos Três Poderes, surpreendendo até seus aliados. Os veículos das Forças Armadas fazem testes na chamada Operação Formosa, nas proximidades de Brasília, mas tiveram que mudar um pouco a rota a pedido do chefe. Foi a senha para uma enxurrada de críticas de parlamentares, que encararam o desfile como uma forma de pressão ao Congresso.
Como já virou rotina, a semana teve também artilharia do planalto contra o Supremo.
Novas críticas aos ministros como Luís Roberto Barroso, além de ataques ao TSE e à lisura das eleições - sem provas, bom que se diga. Até, em nova reação, a Corte Eleitoral pediu ao STF que investigue Bolsonaro por suposto vazamento de dados sigilosos relativos a um ataque hacker ao órgão em 2018. O ministro Alexandre de Moraes aceitou o pedido e Bolsonaro passa a ser investigado mais uma vez. É o segundo inquérito aberto contra Bolsonaro em duas semanas.
Novos capítulos no Ceará
Nesta sexta-feira (13), ao lado de uma comitiva de apoiadores e parlamentares cearenses, o estilo provocador e colecionador de adversários do presidente deve ser mantido. E o evento administrativo deverá ter um jeitão de ato de campanha eleitoral.
O chefe do Executivo estará em uma região tradicionalmente reduto de votos da esquerda e a terra natal do governador Camilo Santana (PT). A viagem faz parte de uma ofensiva do governo Bolsonaro no Nordeste em busca de fortalecer a imagem do presidente.
Além do corriqueiro descumprimento de medidas sanitárias impostas nos estados para conter o avanço da pandemia, como o não uso de máscara, Bolsonaro está diante de uma nossa possibilidade de polêmica envolvendo governadores e também o Judiciário.
Está em vigor no Ceará uma decisão da Justiça Federal que obriga ocupantes de voos comerciais ou privados a apresentarem teste negativo para Covid-19 ou comprovante de esquema de vacinação completo. O pedido foi do governo do Estado. O potencial de gerar crises do presidente não cessa e a próxima deve ser iniciada no Ceará.