Fortaleza tem prejuízo de R$ 48 mil em jogo com volta de torcedor; caminho para lucro é longo

Venda avulsa de ingressos, todavia, tornou perda financeira similar a de uma partida sem público. Poderia ter sido pior

Legenda: Fortaleza e Atlético-GO em campo com presença de torcedor
Foto: Kid Júnior

O torcedor voltou ao estádio, o que era um desejo dos dirigentes do Fortaleza e de Ceará, mas ainda há uma caminhada longa para transformar o retorno do público em ganhos financeiros.

Na derrota do Tricolor para o Atlético-GO, foram 2.785 presentes na Arena Castelão, dos quais 2.179 foram sócios-torcedores e 606 que pagaram ingressos avulsos para adentrar na praça esportiva. No resumo das contas, um prejuízo de R$ 48 mil, pago pelo clube ao fim do jogo.

Os sócios não geram nova receita no dia da partida. Na verdade, é descontado dos ganhos R$ 1 por cada um. 

Já as 606 pessoas que pagaram ingresso geraram R$ 53,4 mil de renda. Este valor não cobriu os custos decorrentes de abrir o estádio para o público. São despesas com segurança, grades, catraqueiros e outros insumos, que preenchem o famigerado "outras despesas" do borderô (documento financeiro da partida), que giraram em R$ 54,9 mil.

De toda forma, o resultado financeiro não foi uma notícia ruim para o tricolor. Ao reservar parte dos 6 mil ingressos disponíveis para venda, a receita impediu que o prejuízo fosse muito maior que os decorrentes das partidas sem público. No último jogo com estádio vazio, contra o Atlético-MG, o Tricolor teve prejuízo de R$ 52 mil, valor similar ao da partida contra Atlético-GO.

No popular, conseguiu 'empatar' a conta. A tendência, com o sucesso dos eventos-testes, é que liberações sejam ampliadas, seja na capacidade do estádio ou na possibilidade de venda de bebidas alcoólicas e alimentos, o que vai garantir mais lucratividade dos jogos.

Torcedores do Fortaleza entrando na Arena Castelão
Legenda: Torcedores do Fortaleza entraram no Castelão em clima de tranquilidade
Foto: Kid Júnior

Adesão é desafio maior do que se imagina

Outra variante que é difícil de controlar é adesão do público. Menos da metade da capacidade disponível, que já era de apenas 6 mil pessoas, foi alcançada. O atual protocolo é bastante restritivo e desestimula alguns potenciais torcedores de irem ao estádio. Impossibilidade da ida de parentes e amigos em virtude da exigência das duas doses no sistema 'conect SUS' é um exemplo. Há certa dificuldade tecnológica para comprovar a vacinação, assim como erros da plataforma governamental.

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Além de tudo, um fato precisa ser levado em consideração: o medo. Muitos torcedores ainda não têm confiança suficiente para estar em um ambiente com milhares de pessoas, apesar do distanciamento e uso de máscara.

Levar o torcedor ao estádio será um desafio bem superior ao que se imagina. Lógico que apelo futebolístico pode ajudar, como a semifinal da Copa do Brasil, contra o Atlético-MG, dia 27/10. Apesar de toda paixão, serão necessárias mais facilidades e confiança para desacostumar o torcedor a ver tudo do conforto do lar.