A escolha por um treinador é ação estratégica no futebol: muitas decisões atravessam o profissional. Por isso, o grau de acerto deve ser alto. A aposta da diretoria do Fortaleza em um nome de maior nível para a função é um acerto, até uma necessidade.
Em caso de confirmação, será o 2º técnico estrangeiro na história do clube. Segundo o jornalista e historiador Luca Laprovitera, o pioneiro foi o argentino Dante Bianchi, em 1964. O técnico comandou o time por 20 jogos oficiais e quatro amistosos, sendo campeão do Torneio Início na época.
No processo, o choque cultural prevalece: há ganho com a inclusão ideológica no âmbito esportivo. Mudanças se iniciam até na negociação: hoje, foram solicitados vídeos do elenco e da estrutura, portfólio dos serviços do clube, softwares utilizados, carga de treinos e dados da fisiologia.
As exigências são ampliadas, assim como o intervalo contratual maior e a autonomia no trabalho. No fim, há uma evolução interna. Mas é fundamental compreender o objetivo final, não apenas o ‘modismo’ em buscar experiência no exterior: um estrangeiro necessita de adaptação e não significa resultado em campo, o técnico requer muitos aspectos para alcançar o êxito.
As tratativas visam um perfil, um nome que atenda aos critérios. E isso é fundamental diante das escolhas recentes de Enderson, Chamusca ou mesmo Zé Ricardo. Naquelas ocasiões, a busca foi menor, a Série A estava no caminho e os comandantes não conseguiram evoluir o plantel.
Um detalhe importante: a gestão atual foi a que mais olhou para o mercado estrangeiro na história do clube. Assim chegaram nomes como o zagueiro colombiano Quintero. O Pici abriu as portas para sul-americanos e pode iniciar nova etapa à beira do gramado.