Desbravar o mar é sempre uma aventura. Domá-lo, impossível. Mas há quem se atreva a dividir as ondas de um dos mais imponentes elementos da natureza. Nesse contexto, o esporte surge como alternativa ao desafio, e a Praia do Preá, no município cearense de Cruz, reúne 33 homens e oito mulheres dispostas a encará-lo.
Os competidores participam do Ceará Kite Pro, sexta etapa do Global Kitesports Association (GKA), competição que reúne os principais kitesurfitas do mundo na categoria "Strapless". Com encerramento neste sábado (24), o evento é realizado pela primeira vez no Brasil e busca coroar o melhor atleta da modalidade.
Do surfe ao kite
Entre os representantes brasileiros está o carioca Pedro Matos. Natural do Rio de Janeiro, o jovem de 20 anos aposentou a prancha de surfe em Ipanema para tentar se sagrar campeão no esporte que vai se tornar olímpico nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
O início foi o mais promissor possível. Logo no primeiro ano como profissional, presença garantida entre os 10 melhores do mundo, resultados expressivos no circuito e a chance de ser campeão de uma etapa em casa.
"Estou fazendo um ano bom no GKA. Comecei com um quarto lugar no Cabo Verde ao derrotar o campeão mundial Matchu Lopes e consegui chegar até a semifinal. Está sendo um ano muito bom", analisou.
Tratado como uma das joias dos desportos aquáticos, o carioca começou a velejar logo aos 12 anos de idade. O espírito então se espalhou pela família, que passou a fazer do kite uma profissão.
"Sempre quis velejar, achava muito irado e todo mundo falava. Resolvi praticar e fui o primeiro a aprender, depois passou para o meu pai e a irmã Kira. A gente aprendeu juntos. Meus primos já velejavam, meu tio também, então sempre gostei. Eu ia para a escola pensando que queria muito velejar", afirmou.
Regras
Os primeiros torneios de Pedro na Cidade Maravilhosa foram realizados unindo o surfe à vela, no esporte denominado Kitewave. A inspiração era o conterrâneo Guilly Brandão, tetracampeão mundial na modalidade.
"Eu sou melhor surfando nas ondas. Nessa nova modalidade que estou praticando, devo pular com alça, que é algo que não treinava. Vim para cá 15 dias antes me preparar. Estou me adaptando e feliz com o meu desenvolvimento e evolução", declarou.
Na prova do GKA, os juízes avaliam os seguintes critérios como formadores da pontuação: dificuldade técnica; altura e amplitude; poder e fator de risco. Os oito atletas melhores ranqueados se classificam para a bateria final, que define o campeão mundial com a melhor somatória.
Nas primeiras posições da etapa brasileira do Mundial de Kitesurfe Strapless, o Ceará Kite Pro, o italiano Airton Cozzolino está em primeiro lugar, seguido do espanhol Matchu Lopes e do cabo-verdiano Mitu Monteiro. Tanto Pedro Matos quanto Sebastian Ribeiro, ambos brasileiros, correm por fora nesta etapa da competição, que termina em Torquay, na Atustrália, em dezembro.