O surfista Gabriel Medina relatou sentir-se "triste e decepcionado" por ser impedido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de levar sua esposa, a modelo Yasmin Brunet, como integrante do seu estafe para a Olimpíada de Tóquio.
A afirmação foi feita em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (27). Segundo Medina, a situação com o COB o está prejudicando. "Está sendo um desgaste enorme brigar pelos meus direitos", disse.
Por causa da Covid-19, o COB limitou a equipe que cada atleta pode levar consigo para o evento. Os surfistas poderiam indicar um profissional da área técnica, com experiência comprovada, para acompanhá-los.
Medina deseja levar Brunet como sua profissional da área técnica, e alega que ela tem funções específicas nas suas provas, como filmar seus treinos e baterias, e, também, o desempenho dos seus adversários, além de fazer análises estatísticas, "criar estratégias mentais durante a competição", dar suporte nutricional e ajudar com a logística.
"Ela possui sim funções e o COB irá me prejudicar muito", afirmou.
O COB alega que o surfista havia concordado em maio que o australiano Andy King seria o oficial credenciado como seu treinador em Tóquio – ele atuou como técnico do atleta nas últimas etapas do circuito mundial (WSL).
Conflito familiar
Medina originalmente levaria Charles Saldanha, seu padrasto e a quem o surfista sempre chamou de pai, que foi seu treinador até o circuito mundial de 2019. Mas desde o final de 2020, quando se casou com Brunet, é ela quem passou a acompanhá-lo nas provas.
Na entrevista ao Globo, o surfista afirmou que ele e sua família estão "numa situação chata, complicada", mas não quis entrar em detalhes. "Um dia as pessoas saberão".
Para Medina, o fato de Brunet não ter formação técnica nas áreas em que atua com ele não é um impedimento. "Não é pré-requisito ter formação acadêmica para integrar um estafe do surfe. Assim como o Charles não tinha formação nenhuma", disse.
Ele afirma ainda que já detalhou ao comitê as atividades desempenhadas por sua esposa, e que King não é do seu estafe fixo. "A Yasmin sempre foi minha primeira opção depois que parei de trabalhar com o Charles. Pensei no Andy se fossem duas vagas".
O surfista compara ainda sua situação à dos colegas Italo Ferreira e Tatiana Weston-Webb, que vão levar um amigo e o marido, respectivamente, para os jogos.
O amigo indicado para o estafe por Italo Ferreira, que não possui um treinador fixo, trabalha como seu assistente, produzindo vídeos das performances que depois são analisadas por eles. Já o companheiro de Tatiana, Jesse Mendes, tem uma carreira consolidada no circuito mundial e disputou as etapas de elite em 2018 e 2019.
De acordo com Medina, o COB alegou questões conceituais internas, preservação de imagem das instituições e do próprio atleta, questões de utilização de recursos das Loterias e também de compliance para impedir o credenciamento de Brunet.
Segundo a coluna Painel, da Folha, a reclamação de Medina tem sido mal vista pelo comitê e entre atletas, e o COB espera que o caso sirva de exemplo para que outros competidores não façam pedidos semelhantes.
Medina disse ao jornal O Globo que corre o risco de ser o único surfista brasileiro a ir sem estafe para as Olimpíadas, mas que vai de qualquer forma.
"É meu sonho ser campeão olímpico e trazer o primeiro ouro do surfe para o meu país".