De volta, Alberto Bial fala sobre o ressurgimento do Basquete Cearense

Treinador, que acertou por dois anos, será responsável por guiar novo projeto da equipe, que buscará protagonismo no cenário nacional

Legenda: Alberto Bial reassume o Basquete Cearense
Foto: Thiago Gadelha

Um retorno que marca o ressurgimento de uma era. Assim é encarada a volta de Alberto Bial ao Basquete Cearense. Após dois anos acumulando passagens por Vasco e Joinville, o treinador está no Carcará de novo e comandará o projeto de reconstrução do trabalho iniciado em 2012, em que ele próprio exerceu protagonismo até 2018, mas que vem de temporadas abaixo da expectativa.

É preciso um "choque" de energia ao time cearense, que ficou na vice-lanterna do NBB na temporada 2019/2020. No maior estilo Bial, a empreitada é vista como um caminho longo e cheio de desafios, que serão guiados pela motivação.

Em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, o paulista de 68 anos, que já iniciou os trabalhos a distância, revelou os motivos que o fizeram retornar, a expectativa para o futuro do Basquete Cearense e as lições que a pandemia do novo coronavírus pode deixar ao basquete e também à sociedade.

O que o fez retornar ao Basquete Cearense?

Em nenhum momento, o meu espírito saiu do Carcará. Eu sempre tive esse espírito dentro de mim. Quando me afastei, por alguns motivos, que me levaram a tomar aquela decisão, mas ele continua sempre no meu coração. No início da pandemia, começamos a conversar, via virtual, a conversa foi amadurecendo, e eu entendi que estava mais que na hora de retornar. Chamamos algumas pessoas importantes, começamos a fazer reuniões, e fomos amadurecendo a ideia, que tomou esse corpo. Estou muito feliz de estar retornando, num momento de tanta dificuldade. A palavra é amor, que é o que me motiva a correr atrás e fazer esse movimento pelo Basquete Cearense, que é muito mais que só um time de basquete.

Que lições traz para essa volta?

O olhar de fora pra dentro, que traz muitas lições. A reflexão, ver que precisamos ser mais fortes. Infelizmente, há ainda um preconceito, do sudestino com o nordestino, e precisamos realizar, prática do basquete, uma forma de acabar com isso. Além de um olhar social, que sempre esteve no DNA do Basquete Cearense. Temos a visão de que o Basquete Cearense, mais que um time, tem uma importância e uma responsabilidade muito grande, de papel social, para estimular a formação que o esporte consegue passar aos jovens. Temos que ampliar as nossas causas para buscar fazer o bem.

Qual cenário visualiza para o Basquete Cearense daqui pra frente?

Temos um grupo de atletas conosco, temos que resolver algumas situações que estão pra ser resolvidas, e assim que eu chegar, no mês de agosto, a gente já começa a implantar a metodologia pra base, as ações sociais vão ser trabalhadas, e a diretoria vai começar a lançar vários modelos de ações que estamos tendo, e pensar da forma que o orçamento for sendo modulado, em que tipo de elaboração de elenco teremos, para criar um modelo de jogo e que a gente possa ter condição de obter um número maior de vitórias. Eu visualizo muito as coisas que eu vou fazer e normalmente elas acontecem. E eu vejo o Carcará voando, jogando muito bem, preparado, correndo, e levando a garra, a vontade de vencer, a luta, essa é a cara do Basquete Cearense. Esse DNA a gente não pode perder. O momento é de ressurgimento. É o renascimento. É o momento que a gente tem que mudar de nível.

Legenda: Conhecedor do Carcará, Bial projeta tornar a equipe grande de vez
Foto: JL Rosa

Quais erros cometidos nesta temporada não podem ser repetidos?

A cada ano, o campeonato fica mais forte, mais difícil. Eu já estudei todos os pontos, todos os jogos da última temporada, de cabo a rabo. O que eu acho que o Basquete Cearense pode melhorar é na sua forma de encarar o adversário. Acreditar que a gente pode, sim, de sermos tão bons ou melhores que nossos adversários. Temos que encarar isso. A diferença é ínfima entre uma derrota e uma vitória.

Os resultados na última temporada não foram bons. Aumenta a pressão?

A responsabilidade é sempre enorme. Quem mexe com esporte, emoção, a responsabilidade é sempre enorme. Não fica maior ou menor por conta de uma temporada boa ou ruim. O caminho tá muito claro.

Quais as metas para a próxima temporada?

Nesse momento, a gente ainda não pode estabelecer. Não sabemos nem como vai ficar o mundo daqui a pouco. Estamos planejando as situações com a diretoria. Quando chegar o momento da estratégia, de elaborar a equipe, aí sim, traçamos as metas e objetivos. Nesse momento de planejamento, o objetivo é a captação, a busca por sócios-torcedores, pessoas que se engajem conosco, empresas que incentivem o esporte. De resultado, só quando tivermos toda a equipe, o elenco, um modelo de jogo, aí vamos olhar o cenário e traçar uma meta para saber o objetivo.

Já iniciou os trabalhos à distância?

Tenho trabalhado diariamente. A gente já tem dois meses que se reúne e estamos conversando bastante. Denominamos "Carcará Campeão" nosso grupo de trabalho e vamos nos falando. Campeão não é necessariamente chegar em 1º lugar. Pode até ser que a gente já consiga, mas campeão é na forma que você age, que conduz, a rotina do dia a dia. Em agosto, devo estar presencialmente. Por enquanto, vamos discutindo, e está tudo andando muito bem.

Como imagina que o atual momento, de pandemia, irá impactar o basquete?

O esporte, pra mim, junto da cultura e da educação, são os mais afetados. Deverão ser os últimos a reabrir. Acho que vai precisar de uma consciência muito importante para realização dos testes, um cuidado, com distanciamento social com o público, os treinamentos, pelo tempo que os jogadores ficarão afastados, deverá ser feita uma periodização extremamente cautelosa e muito bem estudada. O principal, eu acho, é a consciência individual, que cada um deverá ter.