Candidato à presidência do Ceará, Pedro Gabriel critica atual gestão e propõe conselho consultivo

Eleição será nesta quinta-feira, na sede do clube

Legenda: Pedro Gabriel, conselheiro do Ceará e candidato à presidência executiva do Ceará.
Foto: Davi Rocha/SVM

Pedro Gabriel é candidato de oposição à presidência executiva do Ceará. Em entrevista ao Show do Esporte desta quarta-feira (27), o engenheiro civil e torcedor do alvinegro faz duras críticas a atual gestão do clube e propõe criar um conselho consultivo para orientar nas decisões internas. A votação ocorre nesta quinta-feira, na sede do clube, em Porangabuçu.

Conselheiro do Vovô há 13 anos, ele terá Eduardo Ellery e Paulo Vasconcelos como vices na chapa “Nosso amor faz a diferença". Além da formação em engenharia, Pedro Gabriel tem MBA em gestão de negócios (Fundação Dom Cabral), MBA negociação e vendas (PUC). Cursos de especialização em análise de desempenho e mercado, de gestão de clube empresa e outros do CBF Academy. Na Conmebol, tem cursos de Estratégia para categoria de base; gestão esportiva, entre outros.

CONSELHO CONSULTIVO

“Uma das nossas propostas para 2025 em diante é a criação de um comitê gestor. Isso é um ponto diferente da eleição passada, que a gente não tinha essa possibilidade. A gente já fechou o comitê gestor. A ideia seria semelhante a um conselho de administração, mas por força do estatuto não posso chamar de conselho de administração. É um conselho gestor consultivo para decisões estratégicas. Então, vamos lá, tem uma decisão estratégica para fazer uma antecipação, por exemplo. Eu convoco o conselho gestor, esse conselho vai orientar também e ajudar na tomada de decisão na definição da estratégia que a gente vai fazer. Não seriam diretores”, explica.

“A diretoria executiva vai estar atuando num departamento específico. O administrativo vai estar na área, o financeiro na sua expertise. Todas as diretorias vão emitir um relatório para o comitê gestor, que vai tomar decisões estratégicas. Quem é o comitê gestor? Pessoas notáveis nas suas áreas. Temos um juiz, temos um médico, empresários. Essas pessoas vão participar, já confirmaram. E como são pessoas notáveis na sua área, elas vão ajudar na tomada de decisão. Elas vão pegar as informações da diretoria. Esse relatório vai ser avaliado, e o comitê gestor pode deliberar para ver um recurso, fazer uma contratação, ser mais agressivo em alguma promoção... Isso é apoio na tomada de decisão. Apoio ao presidente exclusivamente. Os nomes já estão definidos”, completa. 

ESTRUTURA DO CLUBE

“Reconstrução da parte estrutural. Na nossa sede só tem um campo para profissional treinar. Se você olhar qual clube de Série A ou B tem apenas um campo para o profissional, vão ficar poucos times e o Ceará nela. Inclusive o nosso campo é um dos principais motivos de contusões de atletas. O torcedor fala muito do DM, mas um dos pontos que causam estas lesões é o próprio gramado, que precisa ser requalificado. Na sede a gente também consegue ampliar essa área de trabalho, existem campos logo atrás ao do profissional que a gente pode integrar, para dar mais qualidade aos nossos atletas. Nos últimos nove anos, tivemos quase 1 bilhão de reais na gestão Robinson de Castro e João Paulo. O que foi feito na nossa sede e para o profissional? Se nem o campo foi ajustado… Isso é qualidade de trabalho dos nossos atletas”, reforçou. 

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Legenda: Pedro Gabriel, conselheiro do Ceará.
Foto: Davi Rocha/SVM


TENSÃO POLÍTICA


“É difícil imaginar termos um conselho dividido quando o objetivo é para ser o mesmo. O objetivo do Conselho é fazer com que o clube cresça, que ele se estabeleça em patamares que a gente espera. Mas isso não tem acontecido nos últimos anos. Então, vamos pegar os últimos nove anos, que a gente tem de uma gestão que continuou. Esses anos foram pautados mais por problemas políticos do que técnicos. Hoje é um clube muito mais político do que técnico. Porque somos oposição a um clube que é recém voltou para uma Série A?  A gente, hoje, não concorda com muitos dos pontos administrativos do clube. Ano passado, tínhamos o maior orçamento da Série B e não conseguimos voltar para a Série A. Então mostra que não foi feita uma gestão bacana de recursos. Esse ano também tivemos um dos maiores orçamentos e, graças a Deus, conseguimos voltar para a Série A, que era necessária. Falando desse retorno, teremos como conselheiro, uma chance de uma renovação de vários pontos. Não só de pessoas e ideias, mas financeira. Deus nos deu essa oportunidade de uma eleição com o time de volta à Série A”, afirma.

ATUAL GESTÃO

O futebol mudou muito nos últimos anos. A gente teve desde a mudança da lei da SAF, a gente hoje chega num patamar onde o futebol é realmente uma ciência e precisamos respeitar da forma que é. Não podemos simplesmente atribuir cargos, diretorias por política. Precisamos ter pessoas técnicas, capacitadas. A gente diverge praticamente que na totalidade da gestão do clube, na forma de comunicação do presidente. É um presidente que expõe a diretoria dele à medida que ele se esconde. Na minha concepção, a figura do presidente é muito mais para deixar a diretoria trabalhar, suportar os momentos difíceis. No começo do ano, um exemplo, temos um setor de futebol que realmente o diretor atual fechou o elenco numa bolha. Isso foi interessante. Mas em alguns momentos a gente viu que o nosso principal negócio ficou meio que exposto. Teve jogo que a gente jogou sem dados de GPS porque deixamos atrasar fornecedores de informações. São coisas muito críticas. A questão da gestão em si, queremos pessoas que realmente sejam técnicas, que consigam contribuir e agregar não só ao conselho, ao sócio-proprietário, mas patrocinadores e pessoas importantes.

FUTURO

Se vencermos a eleição, vamos ligar para todos os conselheiros. Seja de situação, oposição ou de centro, ou afastados. O principal pilar de uma gestão que tem uma organização mínima é a transparência. Como é que vou fazer com quem não concorda com algumas ideias minhas, como da situação por exemplo. Quero mostrar as dificuldades, em qual momento a gestão atual falhou. A gente não conseguiu em nenhum momento ter acesso a documentos do clube. Precisamos recorrer de forma judicial para entender o que o clube estava passando. Na nossa gestão, de fato, a gente quer fazer com que essas pessoas que pensam diferente também contribuam. Só vamos fazer com que o Ceará cresça de forma sustentável, exponencial, se houver diferença de ideias. A gente precisa de todo mundo. Cada grupo, cada conselheiro representa um pilar na construção do clube.