De Quixadá para o mundo! Ele começou na música ainda criança. Sem nem saber, menino, já sonhou com Luiz Gonzaga. De lá pra cá, a sanfona foi sua grande companhia. Nonato Lima traça sua carreira de artista desde os 12 anos, quando começou a tocar sanfona profissionalmente inspirado pelo pai, o também sanfoneiro Francimar do Acordeon. Hoje, ele se destaca não só no Brasil como também no exterior pela qualidade com que tira o som de sua sanfona. No entanto, fazer forró tradicional como ele gosta nem sempre deu a ele a visibilidade merecida.
No entanto, sua música sempre o fez chegar a pessoas que o impulsionaram a romper bolhas. Primeiro foi com Dominguinhos, responsável por incentivá-lo a dar o pontapé para uma carreira solo como cantor e sanfoneiro. Depois, veio Fagner, Elba Ramalho, o francês Richard Galliano e, mais recentemente, Ivete Sangalo. No episódio desta quinta-feira (13) do Que Nem Tu, Nonato Lima conta sua trajetória e a importância desses encontros em sua vida.
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O cearense de Quixadá pontuou que o convite para tocar sanfona com a baiana Ivete Sangalo, em 2023, foi um grande marco na carreira. E ele aconteceu logo após o músico sofrer um golpe que poderia tê-lo tirado oportunidades de se apresentar durante o São João, principal agenda para os forrozeiros e sanfoneiros. "Eu tava com alguns shows pra fazer na Bahia, mas eu acabei levando um golpe de uma pessoa. Não cheguei a ir, mas a pessoa pediu para eu fechar as datas ( para fazer as apresentações). Aí o cara sumiu. Eu já estava meio triste, mas no mesmo dia apareceu o convite da Ivete".
Só quando chegou para os ensaios dos shows de São João é que descobriu que seus vídeos nas redes sociais que fizeram seu nome ser escolhido pela estrela. "Quando eu cheguei pra ensaiar, eles me disseram que tinham três sanfoneiros na lista. E me escolheram pra fazer parte da banda. Eu fiquei feliz. Primeiro contato que tive com ela foi no camarim do São João de Campina Grande. Foi através dos vídeos da internet que eles gostaram do meu trabalho". E o impacto de dividir o palco com ela é sentido até hoje.
No show, ela me elogiando e o pessoal filmando. Eu saí em tudo que era jornal. Ela divulgou muito meu nome. Espontaneamente, ela me divulgou. É tanto que sexta-feira agora eu tô indo pra Salvador pra ensaiar com ela e vamos fazer Campina Grande e Caruaru.
Nonato, que chegou a ser sanfoneiro fixo de bandas antes de focar na carreira solo, lembrou que dois motivos o fizeram rever suas decisões: a rotina de trabalho das grandes bandas de forró e o sonho de ter seu nome projetado como artista. "Quando você tá numa banda de forró, tem aquele compromisso de toda semana ensaiar, viajar. Você está meio que "preso". Tem que se dedicar totalmente a banda. Uma das últimas bandas que eu toquei foi Garota Safada, que estava estourada com aquela música "Tentativas em vão". Foi a primeira banda grande que eu tive a experiência de toca. E eu, com 17 anos de idade, queria tocar numa banda grande, que fazia sucesso".
A primeira semana foi alegria. Mas depois eu comecei a ficar triste porque não conseguia mais ver minha família. Morava dentro de um ônibus. Eu tinha aquela coisa de estar estudando o instrumento e eu não tinha mais tempo. Na época eu tinha uma namorada e eu separei e voltei com ela três vezes por telefone porque eu não a via. EU ficava refletindo se era isso que eu queria pra mim. Eu pensava 'se eu ficar em banda ninguém vai saber quem é o Nonato. O que eu estudei e o que eu quero pra minha vida não é isso. Eu quero construir meu nome como artista. E se eu ficar aqui não é isso que vai acontecer.
Foi então, que outro encontro foi essencial na carreira dele. Dominguinhos, na época, o convidou para uma participação em seus show. "Ele sempre foi muito generoso com os artistas. Aí, uma semana depois dessa participação, ele me liga perguntando se eu queria acompanhar ele no São João. E isso foi uma realização da minha vida. E isso foi um passaporte 'preu' dar um pontapé da minha carreira. Foi o último São João dele em vida. Eu pude conhecer outros artistas sanfoneiros".
Até hoje, ele grava, faz participações em DVD, mas não fica preso a uma banda. Os trabalhos são pontuais e são encaixados na agenda, que prioriza os shows próprios do cantor e sanfoneiro. No meio dessa agenda, ele ainda arranja tempo para estudar, dar aulas de sanfona e também compor.
Durante o bate-papo, Nonato também falou sobre os shows internacionais, a relação do forró tradicional com outros estilos, como o piseiro e até o sertanejo, criticou a falta de espaços para os nomes do forró tradicional em eventos juninos em detrimento de nomes de outros gêneros musicais e confidenciou até que tem uma pequena fortuna em sanfonas!