Estudo sugere venda de ativos do BB e BNB

Arrecadação com as empresas pode render valor correspondente a 1,4% do PIB e minimizar a dívida pública

Escrito por Redação ,

O Banco do Nordeste e o Banco do Brasil figuram em uma lista de empresas selecionadas pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) como sugestão para uma possível venda de ativos para o setor privado. A instituição fluminense defende que a venda de ativos de empresas estatais nos setores bancário e de infraestrutura, principalmente, renderia ao governo federal um valor correspondente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas do País) e ajudaria, assim, a minimizar a dívida pública brasileira.

"No caso do setor bancário, propomos que o Governo venda até 49,9% do capital de algumas instituições públicas - inclusive aumentando a parcela em mãos do setor privado daquelas instituições que já possuem capital aberto. Ressaltamos, portanto, que nossa proposta mantém o Governo como acionista majoritário e controlador dessas empresas", explicita a Firjan em nota técnica publicada no fim da última semana, com o tema "O desafio fiscal no Brasil e no mundo".

Ainda de acordo com o documento, a venda de ativos do setor bancário seria responsável por 1,4% dos 4% do PIB visados, enquanto 2,5% teriam origem, na sua maioria, "na privatização total das operações de geração e distribuição de energia elétrica".

Perguntado sobre a lista de empresas na última sexta-feira, quando visitava o Ceará, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) demonstrou surpresa e disse: "eu não estou familiarizado e não tenho ideia do que seja isso".

Banco do Nordeste

Alvo da Proposta de Emenda Constituição (PEC) 87, que traz redução de 20% do Fundo Constitucional do Nordeste - principal fonte de recursos para os programas de financiamento da Região -, o Banco do Nordeste deve render 0,3131% dos 1,4% do PIB visados na arrecadação potencial a partir da venda de ativos para o setor privado.

A medição considerada pela Firjan aponta o tamanho do BNB em 0,7261% das riquezas do Brasil e coloca a instituição bancária estatal responsável por programas de financiamento na região Nordeste como a segunda de maior potencial de arrecadação entre os bancos listados.

De posse da lista de empresas sugeridas e da nota técnica publicada na página da web da Firjan, o BNB informou, via assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre a sugestão da federação fluminense. Já a Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB), colocou-se contrária ao estudo.

"Dificilmente, as empresas privadas terão interesse direto em aplicar recursos no desenvolvimento da Região. O interesse é no volume de recursos administrados pelo Banco e, por isso, somos contrários a qualquer medida que enfraqueça o BNB", afirmou o diretor Dorisval de Lima, citando os R$ 13,3 bilhões em recursos que o Banco administrará, somente neste ano, com origem no FNE.

Banco do Brasil

Maior instituição bancária pública do País, o Banco do Brasil, conforme a sugestão da Firjan, sofreria o maior impactado no processo de venda de ativos, pelo número de empresas e o peso que terá na arrecadação. O BB seria responsável pela maior arrecadação visada no setor bancário - precisamente 0,6594% dos 1,4% visados entre as instituições. Considerado, em 2013, uma das 15 maiores empresas de capital aberto da América Latina e já com 47,1% dos ativos no mercado, o BB ainda teria outras empresas do grupo na lista sugerida pela Firjan.

Seriam a BB Seguros e Participações S.A, BB Banco de Investimento S.A, BB Leasing S.A - Arrendamento Mercantil, a BB Corretora de Seguros e Administradora de Bens S.A e a Cobra Tecnologia S.A. Ao todo, as cinco empresas renderiam 0,8363% dos 1,4% da arrecadação potencial do setor bancário. Procurada, a assessoria do BB informou que a instituição bancária está "em período de silêncio - por conta da divulgação do balanço no dia 13/8 -, por isso, o BB não comenta o assunto".

Armando de Oliveira Lima
Repórter

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