Fugitivos de Mossoró: veja o que se sabe até agora sobre as buscas

Deibson Nascimento e Rogério Mendonça fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró no dia 14 de fevereiro

Legenda: Deibson Nascimento (à esq.) e Rogério Mendonça (à dir.) fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte
Foto: Reprodução

Dois presos escaparam da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, exatamente um mês atrás, no dia 14 de fevereiro, e continuam foragidos. O paradeiro da dupla mobiliza diariamente forças de segurança nacionais e estaduais, mas, até então, nenhuma das operações teve êxito na principal missão: recapturar os detentos.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, empossado apenas poucos dias antes da fuga — considerada inédita na história do País —, acredita que Deibson Nascimento e Rogério Mendonça seguem escondidos na região Oeste do Rio Grande do Norte, entre as cidades de Baraúna e Mossoró. Por isso, segundo ele, o trabalho policial deve permanecer concentrado nesta área.

"Tivemos uma reunião com todas as forças que estão trabalhando nas buscas. A operação, ao meu juízo, está se desenvolvendo, até o momento, com êxito. Temos indícios fortes da presença dos fugitivos na região", disse o ministro nessa quarta-feira (12). Segundo ele, cães da Polícia conseguiram farejar recentemente a presença de Deibson e Rogério na zona rural, a cerca de dez quilômetros de Baraúna.

A ideia é manter a dupla "encurralada" até que a Polícia consiga recuperá-la. "O resultado prático é que eles não conseguiram escapar deste perímetro, estão cercados. Não fosse a eficiência das polícias, já estariam distantes. Embora não tenham sido recapturados, eles se mantêm nesse perímetro original", reforçou Lewandowski.

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Quem são os presidiários foragidos?

Deibson Cabral Nascimento, 33, e Rogério da Silva Mendonça, 35, são vinculados a uma facção criminosa que tem entre suas principais lideranças Fernandinho Beira-Mar, que, na época da fuga, também estava encarcerado na unidade federal de Mossoró — depois, ele foi transferido para o presídio federal de Catanduvas.

Cada um dos presos soma mais de 70 anos de pena e responde por crimes como homicídio, roubo, latrocínio, tráfico de drogas e organização criminosa.

Os dois estavam na penitenciária de Mossoró desde 27 de setembro do ano passado, quando chegaram transferidos de um outro presídio de segurança máxima em Rio Branco, no Acre, após uma rebelião que resultou na morte de cinco detentos — três deles decapitados.

Como foi a fuga da Penitenciária Federal de Mossoró?

O programa 'Fantástico', da Globo, teve acesso ao interior da Penitenciária Federal de Mossoró e apurou que os presos estavam em uma área de isolamento composta por 12 celas no momento da fuga. A dupla estava em celas separadas, uma ao lado da outra, cada qual com oito metros quadrados, equipada com mesa, cama e banheiro. 

Uma das hipóteses da investigação é que eles arrancaram pedaços de vergalhão das paredes da cela e usaram como ferramentas para retirar uma luminária que fica em outra parede lateral e fazer buracos que possibilitassem a passagem. Estima-se que foram necessários mais de três dias para completar esse processo.

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Além disso, ainda segundo a investigação, os detentos usaram uma mistura de sabonete e papel higiênico como uma espécie de reboco para camuflar os buracos que faziam nas paredes. O sabão também teria sido utilizado para deixar os buracos mais escorregadios, facilitando a passagem.

Fora das celas, a dupla teria se deparado com uma área de serviço por onde passam dutos, rede elétrica e uma escada que dá acesso ao telhado. E, ao chegarem ao teto, eles retiraram as telhas e pularam para o pátio.

À época, a área externa estava protegida por um tapume de metal, devido a obras que eram feitas na unidade. Eles passaram tranquilamente pelo tapume e usaram um alicate deixado pelos operários para cortar a primeira parte da grade. Mais à frente, abriram passagem na segunda grade e, então, conseguiram fugir da penitenciária.

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Buscas pelos fugitivos

Tão logo tomou conhecimento da fuga dos presos, o ministro da Justiça, Lewandowski, determinou uma revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais do País, além de outras providências, como o afastamento imediato da atual direção do presídio de Mossoró e a indicação de um interventor para comandar a unidade; a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias da fuga; o deslocamento de uma equipe de peritos ao local; o envio de mais agentes federais nas buscas; a construção de muralhas; o registro do nome dos fugitivos no sistema de difusão vermelha da Interpol, dentre outras.

O ministro também visitou a unidade quatro dias depois, em 18 de fevereiro. À época, ele classificou o caso como "problema localizado", mas autorizou o uso da Força Nacional nas buscas pelos presos. Dois dias depois, o uso da Força Penal Nacional também foi autorizado para reforçar a segurança externa da penitenciária.

Além disso, a Polícia Federal chegou a anunciar uma recompensa de até R$ 30 mil por informações dos fugitivos.

Onde e quando os fugitivos foram vistos?

  • Deibson e Rogério invadiram uma casa a sete quilômetros da penitenciária federal ainda na noite do dia 14 de fevereiro. Eles levaram roupas, sapato e outros itens pessoais do imóvel. Depois, na madrugada do dia 16 daquele mês, roupas e pegadas foram encontradas pela Polícia na zona rural de Mossoró, e o morador da residência anteriormente invadida confirmou que uma colcha encontrada na mata era dele;
  • No mesmo dia 16 de fevereiro, foi encontrada uma camiseta de uniforme de presidiário na zona rural de Mossoró;
  • No dia 18, os fugitivos invadiram outra casa na zona rural. Lá, eles fizeram uma família refém, jantaram e roubaram celulares. Neste mesmo dia, a Polícia chegou a passar na rua onde fica a casa e ficou a apenas a poucos metros dos detentos;
  • Um sinal de celular foi identificado no dia 17, em uma área rural entre o Rio Grande do Norte e o Ceará. Porém, desde então, os aparelhos roubados foram silenciados, e o sinal foi perdido;
  • Já no dia 24, a Polícia encontrou uma casa que teria sido usada como esconderijo pelos dois entre os dias 17 e 23;
  • No dia 29, agricultores de uma zona rural de Baraúna viram dois homens suspeitos na região. Depois, foi confirmado que se tratava dos fugitivos;
  • No dia 3 deste mês de março, um novo cerco da força-tarefa para capturar os fugitivos foi realizado numa fazenda em Baraúna, onde a população afirmou ter visto a dupla durante a madrugada.