Vídeo de 'anaconda' gigante vomitando outra cobra deve auxiliar em estudo sobre espécie
Pescador relata com precisão o momento em que animal regurgita o outro
As imagens do vídeo em que uma sucuri-verde (Eunectes murinus), de cinco metros, vomita uma cobra da mesma espécie, devem ajudar pesquisadores do Instituto Butantan a entender mais os comportamentos da espécie - conhecida como "anaconda".
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Segundo noticiado pelo g1, o registro foi realizado pelo pecuarista e pescador esportivo Marcelo Parreira, na represa de uma usina hidrelétrica, no limite entre os municípios de Itarumã e Caçu, no interior de Goiás. O vídeo viralizou nas redes sociais.
“Se eu não tivesse filmado diriam que era história de pescador”, contou ele, aos risos.
Marcelo diz que o registro ocorreu quando ele saiu da água, e a serpente passou bem perto do barco em que estava. “Tinha poucos centímetros de diferença. A sucuri parecia saudável e era muito bonita”, relembra ele, que pesca na região há cerca de oito anos.
No vídeo, é possível conferir o momento exato em que a anaconda se move lentamente após se alimentar. De repente, ela abre a boca, revelando a cabeça de outra cobra. "Fiquei sem entender o que estava acontecendo, ela tinha engolido e regurgitado uma cobra que também era muito grande".
Assista ao vídeo publicado pelo pecuarista:
A gravação de Marcelo Perreira se tornou uma ferramenta valiosa para a compreensão das "anacondas", e os resultados das descobertas de estudo terão impacto na preservação dessas espécies e do ecossistema amazônico todo.
Marcelo compartilha a empolgação: "É incrível para mim. Filmei sem pretensão e agora estou colaborando com um estudo tão importante. Simplesmente fantástico".
O que pode ter ocorrido?
O g1 procurou pesquisadores do Instituto Butantan para ouvir hipóteses para o ocorrido. Uma das possibilidades é a escassez de recursos alimentares durante o período de reprodução, que talvez tenha lavado ao canibalismo entre as cobras, segundo Otávio Marques, professor do Instituto.
Outra possibilidade é a cobra regurgitada ser um macho, envolvido no processo de cortejo da fêmea.
“Durante o acasalamento, várias sucuris macho se aglomeram ao redor de uma única fêmea, competindo por uma melhor posição. É provável que esse macho solitário estivesse cortejando a fêmea e tenha se tornado uma presa fácil, tendo muita sorte de sobreviver”, destaca Selma Almeida Santos, pesquisadora do Butantan.
Além disso, o ato de defesa também pode ser uma explicação científica. “A sucuri pode ter se sentido incomodada com as investidas da fêmea e atacou a outra cobra como forma de defesa. Todas essas teorias serão analisadas em detalhes”, disse a pesquisadora.