Testado no Brasil, remédio contra Covid-19 promete ser o mais eficaz, simples e barato do mercado
Mesma equipe de cientistas ajudou a desmentir que hidroxicloroquina era eficaz contra a Covid-19
O novo remédio contra a Covid-19, interferon lambda peguilado, promete ser o mais eficaz, simples e barato do mercado farmacêutico. Resultados foram divulgados neste mês pela revista científica The New England Journal of Medicine, uma das mais importantes da área.
As respostas do medicamento foram obtidas após ensaios clínicos de fase 3 realizados no Brasil e no Canadá entre 2021 e 2022.
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O medicamento reduziu pela metade as chances de um paciente com a doença ser hospitalizado, e se mostrou eficiente para anular todas as variantes do vírus e ainda pode ser mais prático e barato do que os outros remédios já usados contra a doença.
A pesquisa foi realizada com 2 mil voluntários que testaram positivo para a Covid e foram atendidos na rede pública de saúde com sintomas leves e moderados.
O estudo foi coordenado pelo brasileiro Gilmar Reis, em mais de 30 cidades do país, sendo a maioria em Minas Gerais. Reis é professor de medicina e é um dos líderes do ensaio crítico Together, responsável pela análise de 11 remédios diferentes em pacientes contaminados por Covid-19 não-hospitalizados.
Foi a equipe de Reis que ajudou a desmentir, no início da pandemia, a informação de que a hidroxicloroquina era eficaz contra a Covid-19.
O QUE É O NOVO REMÉDIO CONTRA A COVID-19?
Interferon lambda peguilado é o novo remédio contra a Covid-19. O medicamento é experimental, sintético e desenvolvido pela farmacêutica norte-americana Eiger para estudos clínicos na África contra os vírus causadores de hepatites B, C e D.
Conforme informado por Reis ao g1, o Interferon lambda é composto por uma única injeção, aplicada na região do umbigo, e busca ‘turbinar’ a resposta imune do corpo para injeções virais por vias aéreas.
Esses foram os resultados do teste em voluntários brasileiros:
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O Interferon lambda se mostrou mais eficiente em pacientes que receberam o medicamento três dias após o início dos sintomas: redução de 65% nas chances de internação e de 81% no risco de morte;
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Entre pacientes não vacinados, a redução de risco de morte foi de 89%;
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Pacientes com alta carga viral no início dos sintomas e tomaram o remédio apresentaram cargas virais mais baixas após o sétimo dia, na comparação com quem tomou placebo.
COMO ELE ATUA?
O Interferon lambda peguilado atua nos tecidos epiteliais do corpo humano, localizados principalmente na parte respiratória, sendo a porta de entrada do Sars-Cov-2 para o organismo. A injeção permite dá ao corpo as próprias armas para combater o vírus.
Os interferons são um grupo de proteínas produzidas pelo organismo. Quando o corpo é invadido por um vírus, elas emitem uma espécie de “alerta” para células vizinhas se fortalecerem.
APROVAÇÃO
Apesar das respostas positivas, o Interferon lambda ainda enfrenta problemas da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos que equivale à Anvisa no Brasil. O órgão não autorizou o uso emergencial do medicamento.
Segundo Gilmar Reis, a pesquisa não incluiu uma cidade dos Estados Unidos, o que é uma condição imposta pelo órgão. Outra razão seria que o estudo foi iniciado por pesquisadores acadêmicos, e não pela farmacêutica.
Ainda não há um prazo para regulação do medicamento pelo mundo, principalmente no Brasil, onde ainda não tem ninguém solicitando o uso do remédio à Anvisa e responsável pela comercialização no país.