Polícia Federal conclui que servidores da Anvisa foram vítimas de ameaça de morte
Investigação citou que e-mail enviado por paranaense gerou "temor nas vítimas"
O paranaense Douglas Bozza cometeu crime de ameaça ao enviar e-mail a cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmando que iria matar quem "atentasse contra a vida” do filho dele por causa da exigência da imunização anticovid em crianças. A conclusão consta no inquérito da Polícia Federal, que não o indiciou pela conduta.
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A PF começou a investigar o caso em outubro passado, quando a Anvisa discutia a vacinação pediátrica contra a Covid-19 e Douglas encaminhou mensagem em tom de ameaça aos membros da reguladora.
"Por identificar uma ameaça contra a saúde e integridade do meu filho essas vacinas experimentais, sejam o que for (sic), estou tomando uma atitude difícil de se aposentar-lo do ambiente escolar", iniciou o suspeito no e-mail.
Ainda no correio eletrônico, Bozza alertou que os responsáveis pela aprovação das doses para crianças seriam assassinados. "Quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho, será morto".
Contrariando os dados científicos, o autor das mensagens também disse que "as vacinas são uma ameaça para as crianças" e reconheceu que quis fazer "um pouquinho de terrorismo" com os servidores da Anvisa.
Para a PF, "restou claro" que a mensagem enviada por Bozza seria uma ameaça e "ocasionou considerável temor nas vítimas".
O suspeito, no entanto, não foi indiciado pela PF, por se tratar de um crime com menor potencial ofensivo. O Ministério Público Federal é que irá decidir se o homem será denunciado ou se haverá um acordo para transação penal, segundo informações da Folha de S. Paulo.
Nova investigação
No último domingo (19), os servidores da Anvisa também pediram que órgãos de investigação do Governo Federal apurem as ameaças de morte sofridas por eles. Os ataques se intensificaram após os diretores autorizarem o uso da vacina contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
Foram oficiados pelos servidores públicos o Ministério da Justiça, a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Polícia Federal (PF), a superintendência da PF no Distrito Federal e o gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
O próprio presidente Jair Bolsonaro também questiona a decisão técnica da agência, o que potencializa os ataques aos servidores. “Não sei se são os diretores e o presidente que chegaram a essa conclusão ou é o tal do corpo técnico, mas, seja qual for, você tem o direito de saber o nome das pessoas que aprovaram aqui a vacina a partir dos cinco anos para o seu filho. (...) Agora, mexe com as crianças. Quem é responsável é você, pai. Tenho uma filha de 11 anos. Vou estudar com a minha esposa qual decisão tomar”, disse o mandatário em live na quinta-feira (16).