ONG oferece tratamento dentário a mulher trans cearense que teve dente quebrado por homem em SP

O caso repercutiu depois que o vídeo da agressão viralizou na internet

Escrito por Redação ,
Agressão
Legenda: Homem foi acusado de jogar água no rosto das mulheres trans que trabalham na região
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Uma ONG quer devolver o sorriso a Priscyla Rodrigues, mulher transexual cearense que teve o dente quebrado por um homem, na última quinta-feira (9), na Zona Sul de São Paulo. As informações são do G1.

O caso repercutiu depois que o vídeo da agressão viralizou na internet.

"Ele destruiu o meu sorriso", disse ao G1 a vítima, que é garota de programa. Priscyla ainda teve hematomas no rosto, nas pernas e nos braços e contou que o agressor fraturou seu nariz.

As cenas de violência sensibilizaram dentistas voluntários da Turma do Bem, ONG que oferece tratamento dentário de graça a vítimas de violência.

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"A gente ficou chocado vendo as imagens da agressão contra Priscyla e entramos em contato com ela. Na semana que vem vamos conversar mais. Acreditamos que em dois meses ela terá seu dente e sorriso que tanto quer de volta", afirmou ao G1, nesta sexta-feira (10), Amanda Monteiro, diretora da ONG.

A ONG Turma do Bem surgiu no início dos anos 2000 e já atendeu cerca de 1.100 mulheres cis e trans violentadas e que tiveram algum problema na boca por causa de agressões. 

Entenda o caso

Mulheres transexuais, entre elas a cearense, foram agredidas na Zona Sul de São Paulo, e os vídeos do momento, em que um homem joga água no rosto delas e as agride, circularam na última semana nas redes sociais. A Polícia Civil investiga o caso, segundo informou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo ao G1.

Priscyla, que é do Ceará e reside na capital paulista, teve um dente quebrado e diversas fraturas pelo corpo. Além dela, outras vítimas acusam um morador do bairro de ter praticado transfobia.

"De uns tempos para cá, ele estava incomodado com nossa presença ali e ficou jogando água na gente algumas vezes. Só que na quinta, ele já veio com socos na minha cara, me jogou no chão", comentou Priscyla em entrevista ao Diário do Nordeste.

Inicialmente, no entanto, o caso está sendo investigado como lesão corporal. As vítimas que aparecem sendo agredidas nas imagens são garotas de programa que trabalham na região.

Em nota, a assessoria de imprensa da SSP-SP informou que deve analisar os vídeos para identificar o agressor. Nas imagens, o homem dá dois socos em Priscyla, que acaba batendo a cabeça em um portão. 

Diversas agressões

Conforme informações divulgadas pelo G1, as imagens teriam sido gravadas na manhã de quinta-feira (9) por uma amiga de Priscyla, também trans e garota de programa, na Alameda dos Quinimuras com a Avenida Irerê.

O caso foi registrado no 27º Distrito Policial (DP), Campo Belo. "Que esse homem seja parado porque hoje aconteceu comigo, amanhã ele pode fazer com outras, e assim vai", disse a cearense em vídeo gravado na delegacia. 

Além do homem, relata Priscyla, uma mulher também esteve presente durante as agressões.

Segundo ela e outras garotas de programa da região, esta não é a primeira vez que o morador pratica as agressões. 

Em outro momento, também gravado, o homem teria jogado água em outra mulher, mas a data e o local do vídeo não foram informados até então. "Joga água em mim de novo, joga... Pode jogar que eu tô gravando", diz a vítima na filmagem. 

Sobre o caso da última quinta-feira, o advogado de Priscyla pontuou que o crime de transfobia deve constar no boletim de ocorrência registrado na delegacia.

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