Idosa é resgatada após passar 72 anos trabalhando em situação análoga à escravidão no RJ

De acordo com o Ministério do Trabalho, esse é o caso mais longo de situação análoga à escravidão registrado no país.

Escrito por Redação ,
Idosa foi resgatada no RJ
Legenda: Vítima de 84 anos serviu a três gerações da família sem receber salários nem direitos
Foto: Reprodução

Uma idosa de 84 anos foi resgatada de condições análogas às de escravo após passar 72 anos trabalhando como empregada doméstica sem receber salários no Rio de Janeiro. De acordo com o Ministério do Trabalho, esse é o caso mais longo de situação análoga à escravidão registrado no Brasil. 

Segundo o órgão, a idosa passou a vida inteira trabalhando para a mesma família sem receber salários nem benefícios trabalhistas. Quando a mulher foi resgatada, ela trabalhava como cuidadora da dona da casa e dormia em um sofá, na entrada do quarto principal. 

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Uma denúncia levou o Ministério do Trabalho até a casa, localizada na Zona Norte da capital fluminense. A idosa, que não teve a identidade revelada para preservar a vítima, está aos cuidados da Prefeitura do Rio desde 15 de março. 

A idosa não casou, não teve filhos e perdeu o contato com os familiares. 

“Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”, afirmou Cristiane Lessa, assistente social e diretora do centro de recepção de idosos onde a mulher está abrigada.

espaço improvisado como dormitório
Legenda: Idosa dormia em um sofá, em um espaço improvisado como dormitório
Foto: Reprodução

Trabalho para 3 gerações

De acordo com a fiscalização, os pais pais trabalhavam em uma fazenda no interior do RJ que pertencia à família. Aos 12 anos, a mulher se mudou para a residência do casal proprietário para realizar serviços domésticos. Quando faleceram, migrou para a casa da filha deles, onde manteve suas atividades, incluindo o cuidado com as crianças.

Hoje, ela atuava como cuidadora da empregadora, apesar de ambas terem idade semelhante. Ao todo, serviu três gerações da família.

De acordo com o auditor fiscal do trabalho, Alexandre Lyra, que coordenou a ação, os empregadores afirmaram que os serviços domésticos não eram trabalho, mas uma colaboração voluntária no âmbito familiar. 

"Em casos como este ouvimos sempre a afirmação de a vítima é 'como se fosse da família'. Mas para essa pessoa da família não foi permitido estudo, nem laços de amizade ou mesmo conduzir a própria vida. Essa pessoa da família dorme em um sofá, em um espaço improvisado como dormitório em uma antessala do quarto da empregadora, de quem ela era cuidadora", apontou.

Aumento das fiscalizações 

Mesmo com a existência de uma legislação que determina os direitos do trabalhador, no ano passado, o país registrou o maior número de pessoas resgatadas em condição análoga à escravidão desde 2013.

Foram 1.937 brasileiros retirados de situações degradantes. Mais do que nos sete anos anteriores. Em 2013, 2.808 trabalhadores viviam como pessoas escravizadas.

 

 

 

 

 

 

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