Adolescente que vende salgados pede ajuda ao postar foto de geladeira vazia em rede social

O jovem de 14 anos de Mato Grosso precisa sustentar a família, pois avós estão no grupo de risco da Covid-19

Escrito por Redação ,
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Legenda: Adolescente do Mato Grosso vende salgados na rua e pede ajuda em rede social para sustentar a casa
Foto: Arquivo Pessoal

Um adolescente de 14 anos, da cidade de Várzea Grande (MT) postou a foto da geladeira da família vazia em uma rede social para pedir doações e comoveu desconhecidos. As informações são do portal G1.

Rafael Henrique Nascimento, mora com os avós, de 60 e 65 anos, e vende salgados na rua para evitar que os idosos saíam e protegê-los. A pandemia de Covid-19 deixou a família em situação de vulnerabilidade financeira e a renda das vendas, com faturamento de cerca de R$ 70 por dia, é a única da casa.

O adolescente fez a publicação na rede sociais na terça-feira (16). "Eu vendo salgados no Cristo Rei, mas pela Covid-19 caiu muito as vendas. Sei que está difícil as coisas, mas venho pedir ajuda a vocês para comprar comida e alimentos", pediu.

"Se você não acredita, pode vir ver com seus próprios olhos", finalizou o pedido, acompanhado de fotos da geladeira vazia, da bicicleta que usa para as vendas e do pé do seu avô - operado.

Rafael contou que, três dias após a publicação, a família já havia recebido alimentos e uma reforma na bicicleta, que tinha vários problemas. O depoimento tem mais de 3 mil compartilhamentos. 

O adolescente contou ao portal que pedir ajuda foi sua única saída. "Gosto muito de trabalhar. Minha avó não gosta muito que eu trabalhe, mas eu vou assim mesmo. Sempre ajudei em casa e nunca passamos por uma crise como essa”, disse. 

A avó, Neurang Freitas, afirmou que não sabia que o neto havia pedido doações, e que ficou muito comovida quando os alimentos começaram a chegar. "Ele sempre foi assim, se vê faltando algo, toma atitude”, relatou. 

Situação difícil

Segundo os avós, eles estão com duas mensalidades do aluguel atrasadas. Uma filha do casal ajudava nas rendas, mas ficou desempregada devido à pandemia. A despesa mensal da casa é de cerca de R$ 1 mil. 

Os idosos têm problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e depressão, e estão no grupo de risco da Covid-19. "Graças a Deus as coisas estão indo. Por causa da crise e só eu cuidando de casa, ficou pesado as contas, mas é muito gratificante ver as pessoas ajudando", relatou Neurang. 

Ela conta que Rafael precisou começar a trabalhar aos dez anos. Desde os doze, ele passou a ser a maior fonte de renda da casa, após o avô passar por uma cirurgia no pé.

O adolescente costuma sair de casa às 6h para vender os salgados e volta para casa à tarde, quando estuda. As aulas ocorrem à distância, devido à pandemia, e o jovem pega as apostilas da escola e faz as atividades em casa. 

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Legenda: Adolescente está na oitava série e sonha em cursar administração
Foto: Arquivo Pessoal

"Estou no 8º ano. Não largo os estudos. Trabalho em média 6 horas por dia e aproveito a noite para estudar e fazer as atividades”, explica.

O adolescente conta que seu objetivo é cursar a faculdade de administração e montar uma rede de lanchonetes. Ele já trabalhou como churrasqueiro, vendedor de roupas e em outros serviços. 

Rafael foi criado pelos avôs após ser entregue aos três meses de vida, por falta de condição financeira dos pais. Para ele, o trabalho é uma forma de retribuir o carinho de seus avôs. 

"As pessoas têm que se cuidar e nunca desistir dos sonhos, porque as dificuldades passam. Uma hora posso estar vendendo salgados e outra sendo dono de uma rede de lanchonetes”, disse.