Líderes do G20 querem limitar aquecimento global em 1,5 grau

O nível é superior ao previsto no Acordo de Paris de 2015

Escrito por AFP ,
Líderes do G20 reunidos
Legenda: Neste fim de semana, ocorre a chamada cúpula do G20, uma reunião dos líderes dos países que compõe a organização
Foto: Reprodução

Os países do G20 chegaram a um acordo sobre a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, segundo três fontes próximas às negociações. Os líderes das 20 principais economias do planeta, responsáveis por 80% das emissões de gases poluentes, debatem, neste domingo (31), em Roma. 

As fontes indicaram que os negociadores concordaram com este nível, que é superior ao Acordo de Paris de 2015, que preconizava manter o aquecimento abaixo de 2ºC e, na medida do possível, 1,5ºC.

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"Estamos diante de uma escolha simples: podemos agir agora ou lamentar mais tarde", declarou o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, para quem as medidas tomadas desde o Acordo de Paris foram "insuficientes".

O Acordo de Paris é um tratado internacional  aprovado como lei doméstica por 194 países e pela União Europeia

Embora, no dia anterior, o G20 tenha mostrado capacidade de alcançar consenso mesmo nas questões mais espinhosas, como um imposto corporativo global, as ambições climáticas continuam sem grandes expectativas. 

"Chegou a hora de fazer o máximo em Roma para que os membros do G20 contribuam de forma útil em Glasgow", comentou o presidente francês, Emmanuel Macron, ao jornal Le Journal du Dimanche, esclarecendo, porém, que, antes de uma COP — conferência da ONU sobre o clima, "nada é decidido com antecedência".

O que é a COP

A COP, organizada pela ONU, é o encontro anual para debater e definir compromissos no combate às mudanças climáticas. O encontro começa neste domingo e até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia. O evento é ainda mais importante já que não houve reunião em 2020 devido à pandemia de Covid-19.

A agenda da conferência ministerial tem quatro grandes temas e é tão complexa que as negociações vão começar ainda neste domingo, sem esperar pelos grandes discursos dos cerca de 130 chefes de Estado e de Governo, marcados para segunda e terça-feira.

Por isso, o foco está na declaração final do G20, cuja negociação é ainda mais difícil na ausência de líderes de países como China, Rússia, Japão ou México, que participam por videoconferência.

A China é fortemente dependente do carvão, uma energia fóssil altamente poluente, para operar suas usinas em meio a uma crise energética, mas mostrou sinais de mudança ao se comprometer em setembro a parar de construir usinas a carvão no exterior.

"A mudança climática não pode ser negada. E a ação climática não pode ser adiada. Trabalhando com nossos parceiros, devemos enfrentar esta crise global com urgência e ambição", tuitou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

As discussões se concentram em quais especificidades dar às medidas para alcançar a meta de 1,5ºC, como o prazo a ser estabelecido para alcançar a neutralidade de carbono. 

E o principal entrave à negociação é o fim do financiamento das usinas a carvão e do uso dessa energia fóssil, apontou uma fonte da presidência francesa.

"O G20 deve assumir um compromisso especial para interromper a construção de novas usinas a carvão a partir deste ano e acabar com o subsídio aos combustíveis fósseis a partir de 2025", exortou Friederike Röder, vice-presidente da ONG Global Citizen. 

Para este segundo dia de encontro, o príncipe de Gales, Charles, convidado para a cúpula, disse aos líderes que eles têm uma "responsabilidade avassaladora" para com as gerações futuras. 

A última coletiva de imprensa do G20, presidida pelo chefe do Governo italiano, está marcada para 16h15 (12h15 de Brasília). Em seguida, a maioria dos líderes presentes em Roma se dirigirá para a cidade escocesa.

 

 

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