Morre pistoleiro que desafiou autoridades em Jaguaretama

Escrito por Redação ,
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Cercado pela PM, durante a madrugada, Lucivando Saraiva Diógenes tombou com um fuzil nas mãos

Jaguaretama. Depois de quase dois meses de caçada policial, chegou ao fim, na madrugada de ontem, neste Município (a 248 quilômetros de Fortaleza) a saga de crimes praticada pelo pistoleiro Lucivando Saraiva Diógenes, o ‘Gordo’, bandido que vinha aterrorizando a região do Vale do Jaguaribe, desafiando as autoridades e a Lei. Por volta de 3h30 ele tombou morto durante uma troca de tiros com uma patrulha da Polícia Militar.

‘Gordo’ foi cercado por policiais comandados pelo major PM Jair Matias Queiroz, da 3ª Companhia do 1º BPM (Jaguaribe), na localidade de Fazenda Desterro, no distrito de Caiçara, em Jaguaretama, bem perto do limite com Jaguaribara. O pistoleiro estava armado com um fuzil Imbel, de calibre 5.56 (similar ao AR-15, americano), e uma pistola Glock, calibre 0.40 (Ponto 40), de fabricação austríaca. Além disso, vestia um colete à prova de bala e tinha nos bolsos mais 102 cartuchos de reserva para o fuzil e outros 27 para a pistola.

Cumprindo o que havia jurado, ‘Gordo’ ao perceber que estava cercado pela Polícia, não se rendeu. Trocou tiros com os militares e recebeu vários balaços, morrendo na hora.

Ainda assim, seu corpo foi levado para o Hospital Adolfo Bezerra de Menezes, neste Município. Logo, a notícia de sua morte se espalhou pela região e, quando o dia amanheceu, dezenas de curiosos seguiram até a unidade hospitalar para ver o cadáver do pistoleiro.

Ainda na manhã de ontem, chegaram a este Município várias autoridades da Segurança Pública do Vale do Jaguaribe, entre elas, o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), delegado Thales Franco Cavalcante; e o comandante do 1º BPM (Russas), tenente-coronel PM Humberto Rômulo Aragão de Paula Tavares.

Escondido

Segundo o relato de alguns policiais que participaram diretamente do confronto, por volta de 3h30 o pistoleiro se viu cercado pela Polícia em uma estrada no Sítio Desterro. Ele se escondeu no matagal por alguns instantes e conseguiu abordar um agricultor, de quem tomou sua bicicleta. Tentou fugir, mas foi descoberto e resolveu enfrentar os policiais a bala. O confronto foi rápido e, logo, ‘Gordo’ estava morto.

A Polícia descobriu o paradeiro do pistoleiro depois de uma intensa operação que se arrastava há vários dias. Na última segunda-feira, um dos esconderijos do bandido foi ‘estourado’ pela PM: um sítio na localidade de Várzea Grande, a cerca de 70 quilômetros da sede de Jaguaretama, já perto do limite com o Município de Banabuiú. Na propriedade rural foram encontradas algumas armas da quadrilha liderada por ‘Gordo’, entre elas, um fuzil modelo AK-47, de fabricação russa, usado por guerrilheiros e terroristas.

Durante a operação policial da última segunda-feira, quatro pessoas foram presas, acusadas de facilitar as fugas do bandido e de escondê-lo sempre que o cerco se fechava. Ontem, ‘Gordo’ estava novamente bem armado, mas, desta vez, não conseguiu escapar.

PROTAGONISTA
Fugitivo usava uma identidade falsificada

Lucivando Saraiva Diógenes

Apontado como autor de um ´rosário´ de crimes de pistolagem, assaltos e de comandar o tráfico de drogas no Vale do Jaguaribe, Lucivando Diógenes vinha usando uma identidade falsa, com o nome de Renato Mendonça Barreros.

DETERMINAÇÃO
Caçada policial sem tréguas na região

Jaguaretama. O desfecho da operação que culminou na morte do pistoleiro Lucivando Saraiva Diógenes, o ‘Gordo’, na madrugada de ontem, foi resultante de uma ação ininterrupta da Polícia, acompanhada, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste.

O clima de terror implantado em Jaguaretama e Municípios próximos - como Banabuiú, Jaguaribara e Morada Nova - pela quadrilha dos ´Filhos de Senhorzinho´, havia se tornado um desafio para a Segurança Pública do Estado. Há cerca de um mês, o secretário Roberto Monteiro chegou a ser procurado por uma comissão de representantes políticos da região. Todos queriam uma solução para o caso.

Por determinação de Monteiro, as polícias Civil e Militar uniram forças em busca de prender os integrantes da quadrilha e, especialmente, seu ‘cabeça’. A delegada-regional de Jaguaribe, Vera Lúcia Granja, e o comandante do 1º BPM (Russas), tenente-coronel Rômulo Tavares, vinham, há duas semanas, comandando pessoalmente as diligências juntamente com o delegado de Morada Nova, Luciano Barreto; como o comandante do destacamento da PM de Jaguaretama, sargento PM Herbênio Rodrigues; e com o major Queiroz, de Jaguaribe.

As informações colhidas nas últimas semanas levaram a Polícia a realizar, pelo menos, dois cercos que, por pouco, não resultaram na prisão de ‘Gordo’. O primeiro deles aconteceu no quadrante formado pelos Municípios de Ibicuitinga, Quixadá, Ibaretama e Banabuiú. Na ocasião, a PM mobilizou os efetivos da Força Tática de Apoio (FTA) dos quartéis de Russas, Jaguaribe, Limoeiro do Norte e Morada Nova.

“Foi uma operação pesada, muito desgastante. Muitos policiais ficaram debilitados. Os bandidos fugiram deixando para trás um carro (Fiesta). Mas não desistimos. Era uma questão de honra para nós chegarmos ao ‘Gordo’ e seus comparsas”, afirmou ao Diário o coronel Rômulo Tavares.

A delegada Vera Granja conta que a segunda operação aconteceu na última segunda-feira, quando a Polícia chegou ao esconderijo principal da quadrilha, um sítio, em Várzea Grande. Ali, descobriu que ‘Gordo’ estava acompanhado do assaltante de bancos e carros-fortes Alexandre de Souza Ribeiro, o ‘Alex Gardenal’, que, recentemente, fugiu do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS). A dupla recebia a proteção de um homem identificado como Carlos Eduardo Lima Nogueira, que também fugiu e está sendo caçado na região.

A mulher de Eduardo, Maria Doralice da Silva, foi presa. Também acabaram detidos Agenor Calixto de Oliveira e sua mulher, Alcina Rodrigues da Silva, todos acusados de formação de quadrilha. Agenor havia enterrado, em seu sítio, as primeiras armas do bando apreendidas pela PM, entre elas, um fuzil AK-47, russo.

A quarta pessoa presa foi Adelzir Rodrigues da Silva, apontado como ‘olheiro’ do bando. Ele ficava nas estradas da região se passando por vendedor de pássaros, mas, na verdade, sua missão era informar aos pistoleiros a presença da Polícia na área. Com a prisão deles, ‘Gordo’ foi localizado e acabou morto.

SANGUE
Seqüência de crimes deixou a população refém do medo

A seqüência de crimes de morte em Jaguaretama e região próxima, a maioria relacionada a pistolagens, deixou dezenas de vítimas. Uma rixa entre duas famílias foi a causa do primeiro crime. Depois disso, as execuções sumárias tornaram-se comuns. Um dossiê elaborado pela PM, obtido com exclusividade pelo Diário do Nordeste, elenca os crimes.

Entre os mortos estão: Francisco de Assis Pinheiro Peixoto, Francisco das Chagas, o ‘Chico Chagas’; Ataídes Bezerra, Arlindo Saldanha, Aírton Filho, Sérgio Maciel dos Santos, Francisco Josivan da Silva e Francisco Vilmar da Silva, Josimar Cesário, Jairo Barreto Sobrinho, Francisco Sildenir Maciel dos Santos, Luciano Saraiva Diógenes, Jeová Barreto Sobrinho, Ana Mônica Barreto, Antônio Edneudo Silva, Antônio Rufino Neto, Antônio de Isaías, José Edmilson Paulo Pessoa e José Cassiano da Silva.

Últimos

No fim de semana passado, a seqüência de crimes da região deixou mais três mortos. Em Morada Nova, pistoleiros executaram o comerciante Eliel Nogueira Fernandes e o agricultor aposentado Manuel Martins de Almeida. Em Jaguaretama, o jovem Tiago Barreto de Lima foi morto na porta de um parque de vaquejadas.

Fernando Ribeiro
Editor



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