Fazer parte de Fortaleza

Fortaleza ao completar 296 anos segue atraindo pessoas que buscam oportunidades de crescimento econômico, educação, inserção no mercado de trabalho, no mundo da cultura, turismo e outros

Legenda: Como grande metrópole profundamente estratificada é desafiada pelos problemas de mobilidade urbana, desigualdades sócio-raciais, conflitos fundiários, apartação social entre opulência e miséria e abriga territórios populares marginalizados
Foto: Cid Barbosa/Arquivo

Foi motivo de orgulho receber em 2022 o título honorifico de Cidadã de Fortaleza. Passados 30 anos que aqui cheguei fui agraciada com o reconhecimento pela minha atuação, em especial, voltada para a ampliação da equidade racial na vida contemporânea. Todo reconhecimento concedido pela sociedade tem fundamento ético que nos valida como ser humano, com direito de exercer a cidadania, e com interação social fazer parte da cidade.

Fortaleza ao completar 296 anos segue atraindo pessoas que buscam oportunidades de crescimento econômico, educação, inserção no mercado de trabalho, no mundo da cultura, turismo e outros.

Os motivos encontram-se por estar entre as cidades com elevada urbanização, industrialização, contar com desenvolvimento econômico e cultural, configurando-se como centro de produção e difusão de inovações e criatividade. 

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Desafios de uma grande metrópole

Como grande metrópole profundamente estratificada é desafiada pelos problemas de mobilidade urbana, desigualdades sócio-raciais, conflitos fundiários, apartação social entre opulência e miséria e abriga territórios populares marginalizados.

Essas características de Fortaleza impactam aqueles que nela fixam residência, podendo se deparar, a depender do grupo social e racial que pertence, com hostilidade e algumas dificuldades na interação com o imaginário urbano.

Zelma Madeira
Legenda: Zelma Madeira recebeu neste ano o título honorifico de Cidadã de Fortaleza
Foto: Divulgação/Evilázio Bezerra/CMFor

Assim como outros migrantes de cidades nordestinas escolhi vir para Fortaleza em busca de melhores oportunidades educacionais, qualificação profissional e trabalho. Com tal objetivo constitui como um dos primeiros espaços de sociabilidade o Benfica.

O bairro universitário conta com importantes espaços públicos da cidade com história e identidade cultural, território das mobilizações e manifestações política como a Avenida da Universidade, campus da UFC, Praça da Gentilândia e outros. Portanto, foi possível construir relações de vinculação para a inclusão na paisagem político-cultural da cidade. É gratificante construir laço de pertença com a cidade em que se mora. 

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O processo de organização espacial, com vista a garantir o direito a cidade, ao trabalho, ao lazer, a arte, a cultura, saúde, educação e moradia adequada passa necessariamente pela democratização de oportunidades, pela articulação ente as políticas públicas urbanas voltadas para construção de cidades mais inclusivas com inventividade estratégica para superar desigualdades e exclusões.

Há que incorporar na dimensão de território a diversidade dos sujeitos, dos seus modos de ser e fazer, dos territórios populares e periféricos. 

A capital cearense recebe muitas pessoas e deve ter como preocupação garantir investimentos sociais e econômicos com redes de proteção para o alcance do desenvolvimento sustentável, de modo a permitir a convivência respeitosa e rica entre populações de origens culturais e étnicas diferentes no mundo atual. 

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.

Zelma Madeira é professora da UECE e Assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Estado Ceará.