Não era preciso ser dotado de elevada perspicácia nem de poderes proféticos para antecipar que o retorno do auxílio emergencial era necessário. Havia nítidos sinais já na virada do ano (inclusive, escrevi sobre isto em janeiro), quando a pandemia singrava por águas mais arredias e a economia já se mostrava novamente cambaleante.
A previsão agora é pagar as novas parcelas apenas em abril, um cronograma que parece não levar em conta a urgência que a população tem em receber este fôlego, o qual, frise-se, será bem menor que o do ano passado. Os valores ficarão na faixa de R$ 150 a R$ 375 neste ano.
Na verdade, fossem as autoridades previdentes, os pagamentos aos trabalhadores vulneráveis nem sequer deveriam ter cessado, sobretudo diante do aumento do desemprego e da pobreza com a piora da crise na saúde e as medidas restritivas nos estados.
Contudo, já que não encontraram consenso para prosseguir com o auxílio em janeiro, Congresso e Governo Federal deveriam ter colocado o retorno do benefício no auge de suas prioridades para o exercício de 2021. Ao contrário, ativeram-se a pautas secundárias, enquanto os desempregados encaravam dia após dia um beco estreito e sem saída.
Quem precisa tem pressa
Faltou, mais uma vez, senso de urgência. A pauta do auxílio emergencial requer pressa, celeridade. Já são três meses sem repasses, cenário que, com os efeitos do lockdown, deixa milhões de pessoas completamente desguarnecidas de renda.
A situação das contas públicas é importante? Claro. Mas é ainda mais premente garantir a sobrevivência financeira de milhões de pessoas nesta fase crítica da pandemia, para a qual, aliás, o Planalto nunca teve uma resposta concreta.
Só é preciso pagar auxílio emergencial pelos próximos quatro meses porque o Brasil tardou a elaborar um plano robusto de vacinação e não enfrentou a pandemia com unidade, seriedade e amparo científico.