35º Cine Ceará tem mais de 50% dos filmes cearenses nas mostras competitivas dirigidos por mulheres

Números deste ano do evento mostram força da produção de cineastas mulheres e da descentralização no Estado

Escrito por
João Gabriel Tréz joao.gabriel@svm.com.br
Legenda: Longa "Verbo Ser", de Nívia Uchôa, compõe 35ª edição do Cine Ceará
Foto: Divulgação

Em 2025, dois dados de presenças na seleção do 35º Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema se destacam: os filmes dirigidos por mulheres são metade dos selecionados para as mostras competitivas do evento e, levando em conta a seleção completa, os cearenses surgem em peso por várias seções.

A edição deste ano do evento começa neste sábado (20) e segue até a próxima sexta-feira (26), com programação gratuita e aberta ao público.

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50% de filmes de diretoras nas mostras competitivas

Desde 2019, o Cine Ceará passou a se comprometer publicamente em assegurar, no mínimo, que 30% dos filmes selecionados a cada ano fossem dirigidos por mulheres.

De acordo com o regulamento do evento, a reserva de vagas para mulheres diretoras a cada edição se dá “no conjunto das mostras competitivas”, ou seja, nas de longas ibero-americanos, curtas brasileiros e Olhar do Ceará. 

A seleção completa do festival inclui, ainda, as exibições especiais e, nesta edição, o número chega a 42 produções. Para a análise centrada nas competitivas, porém, o número considerado passa a ser 34: 6 longas da mostra ibero-americana; 10 curtas da brasileira; e 14 curtas e 4 longas da Olhar do Ceará.

Nesse universo, são 17 os filmes com direção de mulheres cineastas — ou, em termos percentuais, 50%. O valor repete o maior percentual desde 2019, alcançado anteriormente em 2024.

Vale ressaltar que os números absolutos guardam nuances relacionadas à seleção: no ano passado, por exemplo, o total de produções das competitivas foi de 42; portanto, houve numericamente mais obras de diretoras em 2024 do que em 2025, ainda que o percentual tenha se mantido.

A manutenção da participação de mulheres cineastas em 50%, portanto, tem mais expressão simbólica do que numérica. No entanto, dados importam, ainda mais observando o histórico desse percentual desde 2019, com tendência de subida desde 2022.

  • 2019 - 43,5%
  • 2020 - 29,1%
  • 2021 - 39%
  • 2022 - 34,3%
  • 2023 - 44%
  • 2024 - 50% 
  • 2025 - 50%

Participação cearense descentralizada

A maior parte desse número de diretoras selecionadas, inclusive, é cearense. Dos 17 filmes com direção de mulheres, 11 são de cineastas do Estado.

O dado é natural, uma vez que a mostra Olhar do Ceará geralmente acolhe boa quantidade de produções no total, mas reforça outro ponto de destaque deste ano.

No âmbito da seleção que inclui as exibições especiais, acrescentam-se mais oito filmes, sendo seis do Ceará: os quatro curtas do projeto Directors’ Factory, apresentado em Cannes; o premiado “Morte e Vida Madalena”, de Guto Parente; e o curta do projeto Compartilha Animação, que será exibido na abertura.

Curta-metragem 'Fogos de Artifício', de Andreia Pires, é um dos três cearenses na competitiva brasileira do Cine Ceará neste ano
Legenda: Curta-metragem "Fogos de Artifício", de Andreia Pires, é um dos três cearenses na competitiva brasileira do Cine Ceará neste ano
Foto: Divulgação

Curta documental 'Amores na Pasajen', de Daniele Ellery, também compõe mostra competitiva brasileira
Legenda: Curta documental "Amores na Pasajen", de Daniele Ellery, também compõe mostra competitiva brasileira
Foto: Divulgação

Já na mostra brasileiras de curtas, há três filmes cearenses selecionados entre os 10. Deles, dois são de diretoras: “Amores na Pasajen”, de Daniele Ellery, e “Fogos de Artifício”, de Andreia Pires.

Ainda que, por mais um ano, não haja longa cearense na mostra competitiva ibero-americana, são cinco filmes do formato na seleção, somando os quatro da Olhar do Ceará ao já citado “Morte e Vida Madalena”.

Longas da Mostra Olhar do Ceará

  • "Bom fim", de Rafael Vilarouca
  • "Centro ilusão", de Pedro Diógenes
  • "Resumo da ópera", de Honório Félix e Breno de Lacerda
  • "Verbo Ser", de Nívia Uchôa

Além dos recortes de Estado e gênero, vale destacar a presença evidente de produções descentralizadas entre as obras cearenses selecionadas, como Margarita Hernandez e Wolney Oliveira — respectivamente diretora de programação e diretor geral do Cine Ceará — já tinham evidenciado ao Verso.

Só entre os longas da Olhar do Ceará, há “Bom fim” e “Verbo Ser” como exemplos. No âmbito de curtas, há obras de Sobral, Caucaia e da região do Cariri na Olhar do Ceará. Na mostra brasileira, “Peixe Morto”, de João Fontenele, representa o município de Acaraú.

35º Cine Ceará

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