A desfiliação de Izolda Cela do PDT não é pouca coisa para o partido. Com a saída, a sigla perde sua única governadora no País e a representante no mais alto cargo político no Ceará: a chefia do Executivo estadual.
Desde que Izolda assumiu a gestão, o PDT chegou à liderança em dois estados: Amapá e Ceará. As articulações para as eleições deste ano, no entanto, culminaram numa crise entre a governadora e o partido.
Pela segunda vez, Izolda foi apresentada como pré-candidata ao Governo do Estado em 2022, ao lado de outros pedetistas: o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho.
Vice-governadora por sete anos na gestão de Camilo Santana (PT), Izolda teve como principal aliado o petista, que ajudou a mobilizar amplo apoio de prefeitos e deputados em torno do nome da governadora, polarizando a disputa com o ex-prefeito Roberto Cláudio, o qual, desde que deixou a prefeitura, era cotado como "candidato natural" do PDT para 2022.
Em 2014, Izolda também figurou numa lista com outros quatro nomes. Na época, o escolhido saiu de fora do grupo político dos irmãos Cid e Ciro Gomes, na época, no Pros, hoje no PDT.
A então ex-secretária da Educação não figurou entre os nomes com chances reais de indicação à sucessão do ex-governador Cid Gomes, mas a trajetória de sucesso na gestão da educação e o fato de ser mulher, num cenário social em que cresciam os discursos em prol da representação feminina na política, Izolda foi alçada à vice.
Até agora, Izolda moveu-se na política conforme o comando dos líderes do PDT, mas mostrou que, no poder, é capaz de jogar as próprias cartas.
Quando o diretório do PDT decidiu pela candidatura de Roberto Cláudio, a governadora disse respeitar a decisão, mas deixou claro que o sentimento era de ter sido barrada em seu direito à reeleição.
"Meu partido PDT decidiu hoje, em reunião de diretório, que não terei o direito a concorrer à reeleição. Respeito a decisão. Seguirei firme, com força e coragem, honrando meu mandato e trabalhando muito pelo nosso Ceará. Sempre com respeito e verdade. A luta continua!"
O desgaste não ficou só em palavras e se materializou nesta terça no pedido de desfiliação. Se o PDT pode escolher um lado, Izolda também pode e, nesse momento, não é apoiar seu ex-partido na busca pela sucessão no Governo do Estado.
Sem poder concorrer a outros cargos em 2022 e sem partido, Izolda não tem muito a perder com a saída do PDT, o mesmo, no entanto, não se aplica à legenda, que perde, principalmente, em representação feminina na política, algo tão caro nesses tempos.