Diante da proximidade das eleições e do peso que a inflação terá na disputa, principalmente pela Presidência da República, o mundo político vai acelerando os esforços para tentar conter a carestia, que está generalizada. A vedete do momento é a redução do ICMS, principal fonte de recursos dos Estados, escolhido como culpado pela alta dos preços. Uma falácia, mostram os números.
Esta coluna teve acesso aos dados referentes ao preço do diesel no Ceará, cuja análise serve como base para o debate atual.
31%
dos eleitores, segundo levantamento do Datafolha, admitem mudar o voto caso a inflação continue subindo
Em novembro do ano passado, os Estados brasileiros resolveram congelar o ICMS do diesel como forma de demonstrar que as constantes altas no preço do produto decorrem da conjuntura internacional e da política de preço da Petrobras, não pelo percentual de impostos estaduais. Deu bingo!
Quando o ICMS foi congelado, no ano passado, no Ceará, o Preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF), valor sobre o qual incide o imposto estadual, estava em R$ 5,05. Desde novembro de 2021, este valor segue o mesmo para fins de tributação.
No Ceará, a alíquota do diesel já é de 18% há quatro anos.
No mesmo mês, o preço médio nas bombas era de R$ 5,73. Desde então, mesmo com o congelamento do imposto, o preço do litro do diesel saltou e fechou maio em até R$ 7,34 ao consumidor final.
R$ 5,73 - R$ 7,34
este foi o aumento do preço do diesel nas bombas entre novembro do ano passado e maio deste ano, período em que o ICMS estava congelado
A alta acumulada do preço, após três aumentos em 2022, com efeito composto, chega a 47%. Ou seja, baixar ICMS não será suficiente e nem garantia de baixa no preço nas bombas.
Para trazer a valores reais, a secretária da Fazenda do Estado, Fernanda Pacobahyba, calcula que o ICMS cobrado efetivamente está em 12,61%, por conta do congelamento. Ou seja, um percentual bem abaixo da alíquota básica, de 18%, proposta no projeto de lei de autoria do deputado cearense Danilo Forte (União), que deve começar a ser debatido no Senado nesta terça-feira (7).
Rombo nas contas
Caso seja aprovado o projeto no Senado, a redução do ICMS vai gerar um rombo para os estados. No Ceará, a estimativa é de R$ 3 bilhões ao ano e, ao que se mostra no congelamento do imposto sobre o diesel, não será suficiente para segurar o preço.
A médio prazo, entretanto, o efeito para as contas dos estados, sobre quem recai a responsabilidade de bancar 90% dos custos com segurança pública, por exemplo, pode ser significativo. Os estados, em maioria, estão quebrados.