Número de voos regionais em Fortaleza deve bater recorde em 2023 com 1,3 mil decolagens

Legenda: Voepass tem voos diretos de Fortaleza para Juazeiro do Norte, Aracati e Fernando de Noronha
Foto: Renato Bezerra/Diário do Nordeste

O número de voos regionais em Fortaleza deve bater recorde de volume de operações em mais de 12 anos, com 1,3 mil decolagens previstas em 2023. Da mesma forma, o volume de assentos ofertados não deve ser o maior, porque o primeiro semestre de 2023 foi de fraco desempenho, porém a média projetada para o segundo semestre anualizada levaria a quantidade de assentos também ao patamar histórico: mais de 82 mil assentos.

Para o levantamento, consideramos aeronaves com no máximo 100 assentos, o que traz para a análise a presença do saudoso Fokker 100 (MK-28), com 100 assentos, operado pela Ocean Air/Avianca Brasil, que voou sistematicamente em Fortaleza até o fim de 2013.

Inicialmente, a década de 2010 mostrou-se positiva para a aviação regional cearense, até que a crise política e econômica de 2016, bem como a instalação do hub da Azul em Recife nocautearam as operações com aeronaves menores que 100 assentos a ponto de aboli-las em 2018 e 2019 no Estado.

A retirada de aeronaves ATR da Azul em Fortaleza foi a tônica antes da pandemia, com a concentração de destinos regionais no hub Recife.

Além disso, algumas aeronaves distintas foram utilizadas na última década, como o Embraer-145, o Embraer-170, o Embraer 190. Da mesma forma, as empresas que operavam com aeronaves de até 100 assentos em Fortaleza também foram se alterando ao longo da década:

  • 2011: Passaredo (atualmente Voepass)e Avianca Brasil
  • 2012: Passaredo, Trip e Avianca Brasil
  • 2013: Azul, Passaredo, Trip e Avianca Brasil
  • 2014: Azul
  • 2015: Azul
  • 2016: Azul
  • 2017: Azul
  • 2018 e 2019: sem registro
  • 2020: Passaredo e Two Flex
  • 2021: Map e Azul Conecta
  • 2022: Azul Conecta e Passaredo
  • 2023: Azul, Azul Conecta e Passaredo

Os dados de 2023 são referentes até o primeiro semestre (até 31/5). Já os números do segundo semestre são projeções de oferta informadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Para 2023, o efeito da contagem só se inicia de fato com mais representatividade em julho, após um 1º semestre bastante fraco, com operações da Voepass interrompidas em maio, utilizando o frequentemente indisponível ATR-42.

Em julho, porém, tudo mudou com a Voepass, com retorno sistemático da companhia ao Ceará. 

  • Aeronaves mais novas, 
  • Aeronaves maiores (68 assentos, contra 42), 
  • Muito mais frequências para Juazeiro do Norte (até 8 por semana), 
  • Voo para Fernando de Noronha após enorme hiato de 20 anos, 
  • Acordo de conectividade com a Latam.

Para a Azul também há um reforço no 2º semestre:

  • Aeronaves novas (ATRs)
  • Frequência adicional não-regular entre Recife e Fortaleza com o ATR (Julho)
  • Incremento das operações para Campina Grande: de 3x por semana, para 6x por semana 
  • Saindo novamente do fundo do poço

Legenda: Voepass no Aeroporto de Juazeiro do Norte
Foto: Igor Pires/Diário do Nordeste

Desenvolvimento da aviação regional 

A aviação regional cearense dá mais uma mostra que quer (e precisa) se desenvolver. Em um contexto de recuperação, mais voos para os mesmos destinos (São Paulo, Brasília, Recife, etc) com os tradicionais jatos, partindo de 140 assentos representariam a estagnação de um nicho que luta para achar novos mercados e não consegue, como o caso do voo direto para Maceió que deve ser descontinuado por não conseguir encher sempre aeronaves de 170 assentos. 

Assim, a aviação regional tem sido a maior responsável pelo aumento de destinos diretos regulares domésticos no Ceará, portanto, com as operações da Azul Conecta. Ou seja, se não fossem destinos como Sobral, São Benedito, Jericoacoara, Crateús, Iguatu, Aracati, estaríamos estagnados praticamente com o mesmo número de destinos domésticos de 2016, por exemplo.

Mesmo assim, nesse contexto, Fortaleza está muito atrás dos pares Recife e Salvador em número de destinos diretos, e a aviação regional incipiente por aqui explica isso: 

A aviação regional é responsável por irrigar os aeroportos das capitais, por exemplo, com mais passageiros, e esses novos clientes reforçam a necessidade de mais assentos para grandes destinos como São Paulo, Brasília, Rio e Salvador.

É necessário, portanto, que a aviação regional receba mais aviões e desenvolva destinos mais ou menos expressivos como as óbvias e persistentes falta de ligações com João Pessoa e Mossoró. Ademais, a retomada do voo direto – que cessa em outubro - para Maceió.

Uma ligação com Campina Grande já ameniza a falta da ligação com João Pessoa, como as que acabaram de iniciar com a Azul. Inclusive há reportes de viajantes da capital paraibana que se deslocam até Campina Grande para voar. Acima de tudo, o case Campina pode validar a estratégia de uma companhia que tem a aviação regional “no DNA”.

Novas aeronaves

A Azul celebrou a chegada de mais um avião turboélice ATR 72-600 que será incorporado à frota. Serão, ao todo, quatro aeronaves, equipadas com novos motores Pratt & Whitney Canada e capacidade para 72 Clientes, que representam um avanço significativo para a empresa.  

O primeiro e o segundo avião, com as matrículas PR-YXT e PR-YXA, respectivamente, já estão em operação desde janeiro de 2023, enquanto o PR-YXB, entregue em junho, começará a voar ainda neste mês. A quarta aeronave, PR-YXC, por sua vez, chegará à empresa nos próximos dias, com previsão de iniciar as operações em agosto. 

Segundo Raphael Linares, diretor de Frotas da Azul, as aeronaves estão equipadas com o novo motor, que promete reduzir os custos de manutenção em até 20%.

Do ponto de vista técnico, os motores apresentam melhorias significativas, como rolamentos cerâmicos híbridos, compressores mais eficientes e turbinas feitas com materiais avançados. Como resultado, esses motores conseguem reduzir em pelo menos 3% o consumo de combustível.  

"Atualmente, 70% dos nossos assentos pertencem a aeronaves de nova geração, que têm menor impacto ambiental", afirmou o executivo. 

Os ATRs, juntamente com as aeronaves do modelo Cessna Grand Caravan, são estratégicos para o desenvolvimento da aviação regional, que é liderada pela Azul. Devido ao seu tamanho, os turboélices têm facilidade de pousar em aeroportos menores e pistas mais curtas, inadequadas para jatos.

Além disso, por serem mais baixos, já contam com uma escada de embarque embutida na porta. Do ponto de vista de negócios, os ATRs atuam em rotas com menor número de Clientes e permitem o crescimento de novos mercados. 

Da mesma forma, a Voepass/Passaredo está operando no Ceará com aeronave maior, mais novas e mais modernas como as aeronaves de matrícula PR-PDX e PR-PDT e que são do modelo ATR 72-600.

A Passaredo desponta como a líder do seguimento no Ceará, com até 4 saídas diárias, enquanto a Azul, desconsiderando o mês de julho que operará até duas saídas por dia (Recife e Campina Grande), operará média quase diária para a cidade do interior da Paraíba: agosto até dezembro.

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

 



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