Voepass volta atrás e encerra operações em Juazeiro do Norte; o que aconteceu?

Legenda: O fim da base do Cariri estava sendo especulado em fóruns especializados, quando não se viam mais as vendas de passagens entre Fortaleza e Juazeiro do Norte
Foto: Divulgação/Voepass

Há uma semana a coluna anunciou dezenas de voos semanais de Fortaleza para Juazeiro do Norte e a abertura das operações da Voepass em Aracati em parceria com a Latam. No entanto, a companhia informou nesta quarta-feira (12) o fim da base de Juazeiro.

A VOEPASS Linhas Aéreas encerra suas operações em Juazeiro do Norte em 08 de maio por questões mercadológicas
Nota da Voepass

Políticos locais do Cariri chegaram a informar que a diretoria da Voepass compartilhava a vinda de um avião maior (ATR-72) e confirmava o aumento das frequências entre as duas cidades cearenses. Perdíamos Jeri e Parnaíba, mas o saldo era mais positivo com as adições de Aracati e a chuva de voos entre Fortaleza e Juazeiro.

O fim da base do Cariri estava sendo especulado em fóruns especializados, quando não se viam mais as vendas de passagens entre Fortaleza e Juazeiro, desde antes da Semana Santa. Esperávamos que fosse uma transição de malhas, mas não fora. Fontes internas da companhia já falavam sobre a triste saída da empresa de Juazeiro, após o segundo retorno da companhia em dezembro de 2021. Dessa vez, "por questões mercadológicas".

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Questões mercadológicas

Quando passamos a pensar nessas questões, vemos que a Latam anunciou nessa terça-feira (11) grande fortalecimento do codeshare (comercialização de assentos de uma companhia no site de outra companhia) com a Voepass em 13 destinos regionais. Seria facílimo pensar em Juazeiro do Norte nesse rol de destinos, mas não estava lá.

Esse acordo é resultado de um divórcio conturbado entre Gol e Voepass. A Latam não perdeu tempo e correu para se fortalecer bastante na aviação regional com a companhia de Ribeirão Preto, que possui aviões próprios para mercados menores (ATR).

A Latam passará a facilitar acesso a: Ipatinga (MG), Barreiras (BA), Feira de Santana (BA), Valença (BA), Paulo Afonso (BA), Teixeira de Freitas (BA), Lençóis (BA), Fernando de Noronha (PE), Uruguaiana (RS), Santa Maria (RS), Pelotas (RS), Santo Ângelo (RS) e Aracati (CE). Todos com aeronaves ATR da Voepass.

Assim, a Latam se posiciona bem sobretudo no Nordeste e chega para começar a incomodar mais a hegemonia da Azul, dona do regional.

Novamente, víamos os slots pedidos pela Voepass e víamos lá Juazeiro, o 4º aeroporto mais movimentado do Nordeste. Por que no fim, Aracati vingou sozinho?

Com a operação, achamos que com a conectividade da Latam em Fortaleza, o aeroporto de Aracati passa a ter uma segunda chance de mostrar que é competitivo. Já são 10 anos tentando se consolidar.

Porém, como assim sair de Jeri e Juazeiro e ir para Aracati? Qual a lógica?

Seria porque a Azul já aportara na rota? Mas aí deixa a principal concorrente correr sozinha? Fonte que já teve ligação com a Secretaria do Turismo do Ceará sugere que há algum benefício dado pelo município de Aracati. Outra fonte menciona que a Latam já voa para Juazeiro e Jeri (a partir de Guarulhos), faltando apenas Aracati dos grandes aeroportos do interior.

Porém, a Latam não gostaria de trazer passageiros para conectar no hub de Fortaleza? Enfim, numa primeira análise, com as premissas que sempre discutimos aqui na coluna, é difícil entender o movimento da Voepass de sair do Cariri. A empresa teria o avião com melhor economicidade, Azul "reinaria" sozinha e Latam perderia terreno no Cariri.

Por que a Latam não voa entre Juazeiro e Fortaleza com jatos?

Uma pergunta que muitos se fazem é: por que a Latam não lança um voo Guarulhos-Juazeiro-Fortaleza? (escala em Juazeiro). Seria muito promissor, já que a demanda entre Cariri e Capital e São Paulo são enormes e daí estaria criado um voo com jatos entre Juazeiro e Fortaleza, com muita conectividade no Fortaleza Airport. Seria por isso que solicitara a saída da Voepass?

A Avianca usou essa estratégia por anos, duas vezes por dia e a Latam ainda poderia fazê-lo com o A319, avião de 144 assentos. Ah, mas o A319 é pouco para São Paulo. Porém, a companhia tem usado bastante Congonhas-Fortaleza de A319.

A interface que tivemos por vezes com autoridades locais sobre a rota dizia que a Latam informava que não havia demanda. Será?

Nordeste sai ganhando

Com a ótima notícia da parceria Latam-Voepass, espera-se que o Nordeste ganhe um ótimo e crescente segundo player na aviação regional nordestina, item que não fora atingido com a Gol.

Muitos comentam que a laranja não soube fazer a parceria com a Voepass, torcemos, portanto, que a Latam consiga. Sabemos que a companhia está robusta e capitalizada.

Imaginem que o cearense terá acesso facilitado a grandes mercados turísticos como Fernando de Noronha: sim, Azul e Latam vão batalhar pelo passageiro nordestino, num dos tickets mais caros da aviação nacional.

Isso que torcemos, mais e mais opções de voos no país todo!

A GOL, que “perdera” a Voepas, já está se coligando à sub-regional baiana Abaeté.

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

 

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