A inflação avança em ritmo alucinante. Os aumentos de preços não param de acontecer, e você, caro leitor, sente no bolso quando vai ao supermercado, postos de gasolina, e recentemente, aquele mais dolorido, em casa, na conta de luz.
Não está fácil. A velocidade que os preços sobem, digna de um trem-bala, coloca os orçamentos das famílias e as margens de lucros das empresas em situação delicada. Estamos de “passageiros” nessa situação, sem poder fazer absolutamente nada.
A combinação de fatores, como problemas logísticos, ainda sob efeitos da pandemia; o conflito Rússia/Ucrânia que chacoalhou os preços das commodities e promoveu a alta volatilidade das moedas globais; são os principais “combustíveis” desse trem-bala inflacionário.
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A cada mês, ou melhor, a cada estação que chegamos, fica mais evidente o grau de deterioração da nossa moeda, do poder de compra das famílias e iludem até alguns empresários com ganhos nominais, não reais.
Em uma nova estação chegaremos amanhã (11/05). O IBGE publicará a inflação oficial do mês de abril, medida pelo IPCA, e o número não será nada animador.
A inflação de abril em Fortaleza, medida pelo IPCA, será alta! Estimo que a inflação mensal será superior a 1,4%. Com este resultado, a inflação anualizada, ou seja, no acumulado dos últimos doze meses, será superior a 12%.
Resultado superior a este nível de inflação anualizada somente em outubro de 2003. Portanto, há quase 19 anos!!!
No artigo “Inflação de Fortaleza Será a Mais Alta em Quase 20 Anos” já havia feito essa previsão.
Existem outros itens na cesta de consumo, que além dos combustíveis (gasolina e etanol) e da energia elétrica, incomodam bastante nosso orçamento familiar. A cenoura e o tomate, por exemplo, subiram de preços 169,2% e 109,3%, respectivamente.
Para os próximos meses, apesar da expectativa que a dinâmica inflacionária seja reduzida, devemos estar atentos aos chamados riscos idiossincráticos (guerra, pandemia, problemas climáticos, etc.).
Adicionalmente, também temos de nos preocupar como e em qual nível as autoridades monetárias reagirão a escala dos preços. Os efeitos econômicos, principalmente pelo vetor cambial, podem ser desafiadores e prolongados.
O nível de endividamento das famílias elevado, combinado com o desemprego; enquanto que no lado empresarial, a dinâmica econômica vacilante, com um PIB de crescimento próximo de 0(zero); colocam ainda mais tensão no horizonte nessa viagem.
Neste momento, no trem-bala, ecoa a emblemática música “Dias Melhores”, da Banda Jota Quest, e me chama atenção o trecho:
Vivemos esperando
Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos para trás
Dias melhores pra sempre
Dias melhores para todos nós.
Grande abraço e até a próxima semana.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.