O mês de abril foi, em grande medida, de performance negativa para o investidor de renda variável. As diversas classes de ativos, como ações, ETFs, criptomoedas, ativos do exterior, em diferentes escalas, registraram quedas.
As carteiras de investimentos, mesmo seguindo a estratégia da diversificação com bons ativos e diferentes geografias de investimentos, foram atingidas pelo mau humor do mercado, o que repercutiu nos principais índices do mercado financeiro:
Índices | Rentabilidade (%) - Abril de 2022 |
S&P500 (EUA) | -8,80% |
Nasdaq (EUA) | -13,26% |
Bitcoin* | -17,30% |
Ibovespa (BR) | -10,10% |
IAC (CE)** | -14,46% |
Fonte: Investing.com | |
* Bitcoin foi usado como referência para índice de criptomoeda | |
** IAC é calculado pelo curso de Finanças da Unifor |
O cenário desfavorável em abril nas bolsas de valores decorre de uma conjunção de fatores que perpassam pelo espectro econômico, sanitário e geopolítico. A inflação elevada, juros em alta, pandemia ainda latente e a invasão da Rússia à Ucrânia, estão entre os principais fatores.
Veja também
A inflação em todo o mundo, é uma verdadeira pedra no sapato, que impede a caminhada da economia mais rápida. Nos Estados Unidos, por exemplo, a dinâmica inflacionária é a maior das últimas quatro décadas. No Brasil, os preços continuam em alta, de maneira que a inflação acumulada dos últimos 12 meses deverá ser a maior dos últimos 20 anos.
Na busca de interromper a escala da inflação, as autoridades monetárias estão elevando os juros básicos da economia. Embora não seja um processo inflacionário gerado pelo aquecimento do consumo, mas sim por choques de oferta, em que dificuldades de produção, sobretudo matérias-primas (leia-se commodities), e problemas logísticos; os Bancos Centrais, em tempo e grau diferente, estão subindo os juros.
A subida dos juros promove, fundamentalmente, dois efeitos: redução do ímpeto empresarial na realização de investimentos corporativos, em função dos maiores custos financeiros; e incentivo em ativos de renda fixa em detrimento da renda variável.
Parece uma obviedade, mas a pandemia não acabou! Segundo o site worldometers foram registrados mais de 585 mil casos e morreram aproximadamente 2.300 pessoas na última sexta-feira(29/04).
Na China, onde a pandemia está mais latente, especialmente pela política de Covid zero, está fazendo com que as autoridades chinesas promovam fortes restrições à mobilidade (lockdown) em cidades importantes daquele país, o já se repercute em números deteriorados na 2ª maior economia mundial.
O conflito Rússia/Ucrânia já perdura mais de dois meses, o que além da crise humanitária, promove uma série de efeitos negativos na economia, como instabilidade nos fluxos financeiros, elevação dos riscos no mercado de capitais e choque de oferta em commodities importantes para a economia global.
O quadro econômico desafiador promove impactos nos ativos globais e nas empresas cearenses não é diferente. O Índice de Ações Cearense – IAC registrou queda de 14,46% no mês de abril. Entre os ativos que mais sofreram no mês passado foram: Hapvida (-25,93%) Brisanet (-22,50%) e Aeris (-15,86%). Curiosamente, a única empresa cearense com performance positiva em abril foi a Enel (COCE5) que subiu 1,17%.
Além dos fatores aqui já destacados, o desemprego persistente, o clima eleitoral desafiador e a economia com baixa expectativa de crescimento, são componentes que afetam a performance dos ativos locais.
Grande abraço e até a próxima semana.
Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor