A elevação dos preços de bens e serviços promove efeitos danosos à economia, sobretudo para as classes de renda mais baixa e também para micro e pequenos empreendedores.
Os impactos negativos são sentidos na menor capacidade de consumo das famílias, enquanto os empresários têm suas margens de lucros sufocadas, especialmente ao tentar evitar o repasse total dos custos inflacionários, a ainda no contexto econômico sob impacto da pandemia.
INFLAÇÃO ELEVADA NO BRASIL E EM FORTALEZA
A inflação em Fortaleza, medida pelo IPCA, alcançou em fevereiro a taxa de 10,25% no período acumulado dos últimos 12 meses. No Brasil, nesta mesma base de comparação, a inflação nacional é levemente superior, 10,54%.
Vale lembrar que a meta de inflação proposta pelo Banco Central para 2022 é de 3,5%, com limite inferior de 2,0% e superior de 5,0%. Difícil. Para não dizer impossível a meta de inflação ser alcançada, mesmo com a taxa Selic em forte alta.
O vetor inflacionário, em Fortaleza, está em grande medida relacionada com o grupo Transportes, que tem os preços subindo nos últimos 12 meses na ordem de 18,15%. E você, caro leitor, já deve imaginar quais itens estão pressionando os preços. Óleo Diesel e Gasolina, com alta de 42,57% e 31,87%, respectivamente, são “literalmente” os combustíveis inflacionários.
CENÁRIO INFLACIONÁRIO NEBULOSO NO HORIZONTE
Não sei se o leitor percebeu, mas ainda não dediquei uma linha, até então, neste texto sobre a invasão russa à Ucrânia e seus impactos nos preços. Foi de propósito. O pior ainda está por vir na inflação.
A inflação divulgada na última sexta-feira (11) se refere a fevereiro e ainda não captou as recentes subidas dos preços da gasolina, diesel, gás de cozinha e transporte por aplicativos. E não se surpreenda caso venha mais aumento de preços dos combustíveis nas próximas semanas.
A primeira onda da elevação de preços, em consequência do conflito armado, somente será observada, em alguma medida, no IPCA-15, que é uma prévia da inflação mensal e que será divulgado no próximo dia 25. O resultado, certamente, será um índice mais alto, pelo fato do setor de transportes ter peso relativo de quase 20% do indicador geral.
A “segunda onda” da elevação de preços será materializada nos alimentos e bebidas, em função da inflação de custos, na medida em que os empresários se sentirão pressionados a repassar, em alguma medida, os custos de fretes e combustíveis da matriz produtiva dos empreendimentos. Os alimentos e bebidas, em Fortaleza, tem peso de quase 25% no índice local. A elevação de preços destes itens será de alto impacto.
O resultado destas ondas inflacionárias será um índice IPCA ainda mais elevado em Fortaleza, superando marcas históricas, infelizmente.
Acredito que o IPCA, que até fevereiro está em 10,15% em Fortaleza, deve ultrapassar a casa dos 12% no indicador anualizado até o mês de junho e assim bater a inflação recorde em janeiro de 2016, que foi 11,84% em termos anualizados. Em 2003, a inflação anualizada foi 16,23% em média em Fortaleza.
Neste cenário nebuloso, é altamente provável que a inflação em Fortaleza será uma das mais altas em quase 20 anos. Preparemos os bolsos!
Grande abraço e até a próxima semana.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.