Depois de mais de dois anos pandêmicos, parece-me que Fortaleza comemora seus 296 anos em clima diferente. Graças à vacinação e aos cuidados preventivos, as taxas de contaminados, de mortos e de pessoas em estado grave estabelecem-se em patamares controlados. Os reencontros foram permitidos e não há melhor lugar para a comemoração do que o Centro de Fortaleza. Vai ter festa, contudo, o que mais podemos fazer para aproveitar a data tão simbólica?
Além da comemoração merecida, o dia 13 de abril (ou o mês todo) pode ser um importante momento para a reflexão, para pensar a história, o presente e o futuro da cidade.
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A história e a geografia registram, Fortaleza cresceu rapidamente e se tornou a mãe de todas as cidades cearenses – a metrópole -, uma das maiores do Nordeste. Se, até meados do século XIX, não era lá grande coisa, as centenas de milhares de migrantes que recebeu, sobremaneira, a partir da segunda metade do século XX, a transformaram-na radicalmente. Não é por menos que o professor José Borzacchiello da Silva classificou Fortaleza como a metrópole sertaneja do litoral.
Para termos uma ideia do crescimento demográfico da cidade é necessário voltar aos registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em 1920, o censo registrava 78.536 habitantes em Fortaleza; em 1960, eram 514 mil; em 1980, 1,3 milhão; e, atualmente, estima-se 2,7 milhões de moradores.
Quando me refiro aos migrantes, falo dos vaqueiros e dos agricultores, dos homens e mulheres simples e trabalhadores fugidos das secas e das desigualdades sociais. A eles, Fortaleza deve muito, apesar de não os ter recebido como mereciam. Para melhor compreender ao que estou me referindo, leiam os relatos de Rodolpho Teófilo sobre a fome ou busque, na internet, a história dos abarracamentos.
Em termos bem claros, o nosso modelo cultural de urbanização, o nosso modelo de filtrar as novidades urbanas internacionais, explica-se por estas origens. Não entendê-las ou negá-las significa que não conhecemos as razões de existir de nossa cidade. Sem esse conhecimento, dificilmente entenderemos a metrópole contemporânea, com seus centros e suas múltiplas periferias.
A história dos migrantes sertanejos, seus caminhos, seus percalços e sucessos, merece ser recontada a partir da paisagem urbana que ajudaram a construir.
É com esta intenção que o departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará promove a edição especial do Projeto de Extensão Trilhas Urbanas – Aniversário de Fortaleza – no dia 23 de abril. Após dois anos adaptados ao contexto pandêmico, em 2022 as atividades voltarão às ruas e às praças do Centro de Fortaleza para valorizar a história de Fortaleza, de cidade à metrópole.
Coordenado pela professora Clélia Lustosa da Costa, exímia conhecedora da história urbana de Fortaleza, o projeto propõe trilhas temáticas capazes de levar os participantes a uma imersão na história e na geografia da cidade.
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Com quatro opções temáticas, os participantes, gratuitamente, podem selecionar quais os percursos e as paisagens urbanas preferidas para os debates:
Praça do Ferreira, Praça General Tibúrcio (dos Leões), Praça Marquês de Herval (José de Alencar), Catedral Metropolitana, Forte de Nossa Senhora da Assunção, Passeio Público, Museu da Indústria e Cemitérios São João Batista são lugares que nos permitirão. Pensem numa oportunidade boa para nos encontrarmos no Centro, comemorarmos o aniversário da cidade e ainda aprendermos muito sobre a cidade de Fortaleza!
Para os interessados em participar, é possível pedir mais informações junto ao Laboratório de Planejamento Urbano e Regional através do telefone (85) 3366.9855, correio eletrônico lapur@ufc.br ou pelo Instagram @lapur_ufc.