Vamos ao Centro para comemorar os 296 anos de Fortaleza

Além da comemoração merecida, o dia 13 de abril (ou o mês todo) pode ser um importante momento para a reflexão, para pensar a história, o presente e o futuro da cidade

Legenda: Os reencontros foram permitidos e não há melhor lugar para a comemoração do que o Centro de Fortaleza
Foto: Fabiane de Paula

Depois de mais de dois anos pandêmicos, parece-me que Fortaleza comemora seus 296 anos em clima diferente. Graças à vacinação e aos cuidados preventivos, as taxas de contaminados, de mortos e de pessoas em estado grave estabelecem-se em patamares controlados. Os reencontros foram permitidos e não há melhor lugar para a comemoração do que o Centro de Fortaleza. Vai ter festa, contudo, o que mais podemos fazer para aproveitar a data tão simbólica?  

Além da comemoração merecida, o dia 13 de abril (ou o mês todo) pode ser um importante momento para a reflexão, para pensar a história, o presente e o futuro da cidade. 

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Metrópole sertaneja do litoral

A história e a geografia registram, Fortaleza cresceu rapidamente e se tornou a mãe de todas as cidades cearenses – a metrópole -, uma das maiores do Nordeste. Se, até meados do século XIX, não era lá grande coisa, as centenas de milhares de migrantes que recebeu, sobremaneira, a partir da segunda metade do século XX, a transformaram-na radicalmente. Não é por menos que o professor José Borzacchiello da Silva classificou Fortaleza como a metrópole sertaneja do litoral.  

Para termos uma ideia do crescimento demográfico da cidade é necessário voltar aos registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em 1920, o censo registrava 78.536 habitantes em Fortaleza; em 1960, eram 514 mil; em 1980, 1,3 milhão; e, atualmente, estima-se 2,7 milhões de moradores.

Praça José de Alencar
Legenda: Praça José de Alencar
Foto: Thiago Gadelha

Quando me refiro aos migrantes, falo dos vaqueiros e dos agricultores, dos homens e mulheres simples e trabalhadores fugidos das secas e das desigualdades sociais. A eles, Fortaleza deve muito, apesar de não os ter recebido como mereciam. Para melhor compreender ao que estou me referindo, leiam os relatos de Rodolpho Teófilo sobre a fome ou busque, na internet, a história dos abarracamentos.  

Em termos bem claros, o nosso modelo cultural de urbanização, o nosso modelo de filtrar as novidades urbanas internacionais, explica-se por estas origens. Não entendê-las ou negá-las significa que não conhecemos as razões de existir de nossa cidade. Sem esse conhecimento, dificilmente entenderemos a metrópole contemporânea, com seus centros e suas múltiplas periferias. 

A história dos migrantes sertanejos, seus caminhos, seus percalços e sucessos, merece ser recontada a partir da paisagem urbana que ajudaram a construir.

É com esta intenção que o departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará promove a edição especial do Projeto de Extensão Trilhas Urbanas – Aniversário de Fortaleza – no dia 23 de abril. Após dois anos adaptados ao contexto pandêmico, em 2022 as atividades voltarão às ruas e às praças do Centro de Fortaleza para valorizar a história de Fortaleza, de cidade à metrópole. 

Coordenado pela professora Clélia Lustosa da Costa, exímia conhecedora da história urbana de Fortaleza, o projeto propõe trilhas temáticas capazes de levar os participantes a uma imersão na história e na geografia da cidade. 

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Percursos e as paisagens

Com quatro opções temáticas, os participantes, gratuitamente, podem selecionar quais os percursos e as paisagens urbanas preferidas para os debates:

  • A primeira delas, Fortaleza: ócio e negócio, conduzirá os participantes por lugares no Centro que nos fazem refletir sobre a cidade como espaço de trabalho mas também de lazer.
  • Fortaleza: espaço de vida e morte é a segunda opção e foca em todos os processos que nos levam a pensar a cidade como espaço de cura, higiene, mas, da mesma forma, de morte e de epidemias.
  • O terceiro percurso, denominado Fortaleza e o mar, traz à tona os fatos responsáveis pelas relações da cidade com sua condição litorânea e marítima.
  • A última opção, Fortaleza e a geometria territorial do poder, discutirá o papel das elites econômicas, militares e religiosas nas mudanças e problemas urbanos.

 

Pensar a cidade do passado e a metrópole do presente

Praça do Ferreira, Praça General Tibúrcio (dos Leões), Praça Marquês de Herval (José de Alencar), Catedral Metropolitana, Forte de Nossa Senhora da Assunção, Passeio Público, Museu da Indústria e Cemitérios São João Batista são lugares que nos permitirão. Pensem numa oportunidade boa para nos encontrarmos no Centro, comemorarmos o aniversário da cidade e ainda aprendermos muito sobre a cidade de Fortaleza!

Para os interessados em participar, é possível pedir mais informações junto ao Laboratório de Planejamento Urbano e Regional através do telefone (85) 3366.9855, correio eletrônico lapur@ufc.br ou pelo Instagram @lapur_ufc.