Tragédia do Fortaleza: 5 erros que explicam o rebaixamento à Série B
O clube teve a queda de divisão decretada neste domingo (7)
O Fortaleza Esporte Clube viveu uma tragédia com o rebaixamento. Do milagre de viver contra todos os prognósticos, o time sucumbiu às feridas de 2025, que não cicatrizaram. Driblou a morte, operou milagres, mas os erros do passado o perseguiram até a “final das finais”, que não foi vencida. Como quem é inimigo de si, a instituição se embebedou de esperança, mas terminou na Série B de 2026.
As más línguas dizem que tudo foi em vão. Outros acreditam que não é possível fugir do destino. O que posso dizer é que o fim da campanha foi louvável, pareceu épica, mas o tempo cobra o que foi brevemente esquecido no sonho de fazer história - todos os problemas que marcaram a temporada.
Como em um último ano, tentou sintetizar tudo em 90 minutos, uma fusão de memórias letal. O Fortaleza foi sim “vibrante, aguerrido e forte”, mas foi tarde. Deixa a Série A após tantos recordes, do período mais vitorioso em 100 anos, com a certeza de que estará mais forte do que já esteve na queda.
Por isso, a sensação não é de terra arrasada por completo, há algo que pode ficar, só que muito tem de mudar. O Diário do Nordeste mostra cinco pontos desse rebaixamento na última rodada da Série A do Brasileiro. Soa quase como injusto, dedo na ferida, no entanto, são apenas lembranças.
Renato Paiva
Um pensamento fica no ar: “se Palermo tivesse chegado antes…”. O argentino operou um milagre ao deixar o Fortaleza vivo até o fim, com arrancada heróica e recuperação de atletas, mas chegou em um solo estéril, improdutivo e que não havia deixado nenhum legado comandado por Renato Paiva.
A chegada do português se mostrou um verdadeiro atraso na vida tricolor. Uma vitória em 10 jogos, uma eliminação na Libertadores, nenhuma formação definida ou time montado. O sucessor de Vojvoda deixou o time pior e também saiu com atraso, no que foi o maior problema estratégico da condução da Série A, quando se apostou no discurso bonito quando o campo já gritava por socorro.
Perfil do elenco
Para crescer, o Fortaleza redefiniu o perfil do elenco. As maiores apostas foram nomes como David Luiz, Pol Fernández e etc. Os “medalhões” que não andavam pelo Pici viraram a sua cara por um tempo e tiraram o chão de quem sempre andou com cautela no mercado.
As medidas tornaram o time envelhecido, pouco intenso e inchado. No meio do ano, se percebeu o equívoco e os novos personagens chegaram (Pierre, Matheus Pereira, Adam Bareiro e etc) só que a engrenagem demorou para funcionar e o período de testes tirou pontos que hoje faltaram ao Leão.
Erros individuais
Até a arrancada heroica nos 10 últimos jogos, o verdadeiro problema do Fortaleza foi em campo. Derrotas quando tinha um a mais em casa (Vasco e São Paulo), goleadas (Botafogo e Flamengo) e erros individuais em excesso (Grêmio, Mirassol e Santos) minaram a situação.
No fim, foi impossível passar impune por isso. A equipe reagiu, no entanto, também falhou demais. Em tempo: a equipe teve um gol legal contra o Sport, na Ilha do Retiro, que foi invalidado por erro do VAR e também pela falta de tecnologia na bola, que também pesou contra.
Problemas internos
De antemão, afirmo aqui: o Marcelo Paz deveria continuar como CEO. É um dos responsáveis pelo rebaixamento, principal figura desse projeto esportivo, mas também é o nome de todo esse sucesso recente, que marcou a verdadeira década de ouro de um clube centenário, com títulos e projeção.
Dito isso, a frase “a bola não entra por acaso” explica muito coisa no contexto atual. De um time que parecia harmonioso, com departamento de futebol estruturado, e que foi sofrendo perdas (Bruno Costa e Alex Santiago), com questões de dentro para fora (autoboicote citado pelo Paz) e terminou mais conturbado, com silêncio do Conselho de Administração da SAF, além de discussões públicas com ex-presidentes. O início da ascensão, na saída da Série C, foi a união. E a perda disso em parte do ano foi um pilar destrutivo do projeto em 2025.
Desempenho em casa
Em 2024, o Fortaleza atingiu uma marca simbólica na Série A: não perdeu em casa. Na era dos pontos corridos, um feito para poucos, como o Flamengo, e que sustentou uma campanha de G-4 até o fim. Em 2025, no entanto, o baixo desempenho diante dos torcedores atrapalhou a permanência.
O aproveitamento foi inferior a 50%, com oito vitórias, três empates e oito derrotas. De imbatível, registrou tropeços severos e só melhorou no fim sob o comando de Palermo. No geral, foi apenas o 17º melhor mandante. Como visitante, por exemplo, encerrou como o 14º melhor nesta competição.