Futsal cearense busca voltar aos treinos com protocolo rigoroso

A Federação Cearense de Futebol de Salão, junto aos clubes participantes do Estadual da categoria, elaborou um protocolo de segurança sanitária para a volta dos jogos, com toda 1ª fase da competição sendo realizada em Fortaleza

Legenda: O Campeonato Cearense contará com 12 equipes e deve ter sua 1ª Fase jogada toda em Fortaleza
Foto: KID JUNIOR

Enquanto o futebol já retomou seus treinamentos e as atividades ao ar livre, como caminhada e corrida, foram liberadas com restrições, outros esportes no Ceará lutam para retornar aos exercícios básicos de suas modalidades. O futsal é um deles, tendo se preparado durante todo o isolamento social no Estado para conseguir o direito de treinar nas quadras.

A última partida oficial de futsal realizada no território cearense foi no dia 15 de março, com a vitória do Ceará por 5 a 1 diante do Pacajus, no Ginásio Vozão, pela 3ª rodada do Grupo B da Copa do Estado. A final da competição ocorreria no dia 24 de abril e, na semana seguinte, começaria a disputa pelo Campeonato Cearense. Desde então, os clubes trabalham em home office, com seus jogadores treinando a parte física em casa.

Neste período de 3 meses de paralisação das atividades esportivas, uma comissão foi formada entre a Federação Cearense de Futebol de Salão (FCFS) e representantes de clubes de futsal do Estado para desenvolver um protocolo de segurança sanitária para treinos em quadra, semelhante ao feito para os campos.

Um elenco de futsal tem, em média, entre 16 e 20 atletas. Nos treinamentos, eles seriam divididos em 4 grupos com jogadores de posições diferentes para, em caso de contaminação, não prejudicar um setor inteiro. Por exemplo, num grupo não podem treinar somente alas ou apenas fixos. Os jogadores fariam atividades respeitando o distanciamento, com álcool em gel disponível e sem vestiário. Os funcionários dos clubes também fariam os testes para Covid-19.

Com essas medidas, a comissão espera aprovação para retorno das atividades a partir do dia 6 de julho. Porém, em reunião com a Secretaria de Esporte e Juventude (Sejuv) e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a data sugerida foi dia 20 de julho, além de alterações no projeto do protocolo. A volta seria liberada somente à categoria adulto masculino.

O protocolo foi enviado ao poder público para apreciação na última terça-feira, 23. De acordo com a Sejuv, "a decisão sobre possível retorno das atividades apenas será tomada após avaliação e autorização dos especialistas da Secretaria da Saúde e pelo Grupo de Retomada econômica".

Elaboração

O gestor do BNB/Guerreirinhos, Carlos Manso, participou na elaboração do protocolo e está otimista pela aprovação. Ele salienta a necessidade do tempo de preparação dos elencos antes das competições. "Acreditamos que será aprovado, pois se assemelha muito ao feito para os campos. Entendemos que nessa data (6 de julho), nem todas as cidades estarão no mesmo estado da pandemia. Se o Estado pudesse liberar logo Fortaleza e Região Metropolitana, ajudaria muito. O treino em quadra é para fortalecimento físico, para reduzir a chance de lesões quando os jogos voltarem. De 25 a 30 dias é o mínimo que precisamos para ter o retorno em bom nível das equipes", afirmou o representante da equipe, que participou do Cearense pela 1ª vez em 2019.

Carlos também comentou acerca dos problemas financeiros dos clubes de futsal durante a pandemia, dependente das receitas dos jogos como principal sustento.

"O impacto é grave, principalmente para o BNB, no qual boa parte de sua receita vem de aglomerações. Todas as equipes sofrem enormes dificuldades, porque o futsal é considerado esporte amador e não recebe tantos recursos. Ainda reivindicamos testes para o novo coronavírus ao poder público e não obtivemos respostas", relatou Carlos Manso.

Vozão

Atual campeão cearense, o Ceará também continua a preparação durante a parada, com treinos físicos acompanhados por vídeo pela comissão técnica. Para Segundo Costa, gerente de futsal alvinegro, a prioridade do clube é manter a tranquilidade e a segurança da equipe no eventual retorno. "O Ceará vai cumprir com as normas do Ministério de Saúde com muita responsabilidade e transparência para que todos o envolvidos no projeto do futsal do clube possam se sentir tranquilos e seguros. Vamos nos preparar para um 2º semestre competitivo. Sabemos que há equipes fortes, que vão se refazer e se reanimar, e o Ceará não será diferente. Temos em setembro a Copa do Brasil, em outubro a Taça do Brasil, e já tem o campeonato estadual chegando", disse Segundo.

Interior

Apesar da infecção pela Covid-19 perder força em Fortaleza, o interior do Estado ainda não atingiu seu pico de casos. A situação impede o retorno às atividades de clubes de cidades que ainda vão enfrentar o pior da doença. É o caso do município de Pires Ferreira.

Reginaldo Paiva, secretário de esportes de Pires Ferreira e responsável pela equipe, alerta para a diferença de realidades entre os clubes da Capital e do interior do Ceará.

"Não vejo com muito otimismo a volta, ainda. A situação das equipes do interior é totalmente diferente das equipes da Capital. Ainda estamos em isolamento rigoroso e só podemos pensar na volta aos jogos quando tivermos o mínimo de segurança para todos os envolvidos. Caso realmente volte, um dos grandes desafios é atender ao protocolo", disse.

Outro clube com incertezas sobre disputar competições estaduais é de Camocim. Para Jean Bento, secretário adjunto de esporte da equipe do Camocim, o maior desafio não está nas quadras.

"Dependemos muito de como vai ficar a situação no nosso município. A gente sabe que existem outras prioridades. Para nós, o principal desafio é o número de infectados e o número de óbitos em nosso município", contou Jean.

No total, são esperados 12 times na disputa do Cearense: Ceará, Eusébio, Pacajus, BNB, Sumov, Sobral, Russas, Pereiro, Camocim, Pires Ferreira, Acarape e Jijoca. Fortaleza está na lista de espera, em caso de desistência. Segundo Roberto Vale, presidente da FCFS, a 1ª fase do estadual deve ocorrer apenas na Capital para evitar viagens e possível contaminação.

"Temos que voltar de forma segura. Não podemos nos antecipar pela ansiedade da maioria. Sabemos que na região Norte a curva está numa crescente. Enquanto aqui a curva está se estabilizando, lá está subindo. Como temos jogo de ida e de volta, a 1ª fase do Campeonato Cearense ocorreria toda na Capital, sem público nos ginásios. No máximo, 60 pessoas trabalhando no jogo. Na 2ª fase, dependendo da situação, as partidas devem ocorrer nas quadras fora de Fortaleza", afirmou Roberto Vale.


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