Chance de volta do Estadual em junho divide opiniões entre clubes

Todos querem a retomada do futebol, mas algumas equipes ainda veem o momento como crítico. Há, também, preocupação com os contratos dos atletas. O Diário do Nordeste conversou com times da elite cearense

Legenda: O Ferroviário, assim como o Atlético/CE, está sem jogar desde o mês de março
Foto: FOTO: CAMILA LIMA

A recente renovação do decreto de isolamento social rígido (lockdown) pelo governador Camilo Santana (PT) até o fim de maio acabou com qualquer possibilidade de retomada das atividades futebolísticas no Ceará neste mês. Porém, há a expectativa que, no mês de junho, possa haver avanço no sentido de retornar, gradativamente, ao menos aos treinos. Além de Ceará e Fortaleza, os outros seis clubes que disputam o Campeonato Cearense comentaram sobre a possibilidade.

O posicionamento das equipes vem em complemento à fala do presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF), Mauro Carmélio, que disse, no início da semana, que existe a chance de que os treinos sejam retomados em junho.

"Já havia a expectativa de que o prazo do isolamento social seria prolongado. Isso só nos deu mais tempo para um planejamento, da Federação e dos clubes. Vamos torcer para que em junho seja possível uma volta aos treinamentos. Junho será primordial para uma retomada do futebol. Tenho esperança que os casos e o número de mortos sejam reduzidos, e que atividades como o futebol sejam retomadas com todo o cuidado", declarou Mauro Carmélio.

Legenda: Panorama aponta para retorno aos treinos e depois partidas com portões fechados
Foto: Foto: Helene Santos

Caso isso de fato aconteça, a maioria dos clubes irá se preparar para que possam se adequar aos parâmetros sanitários recomendados para a atividade esportiva.

"O Ferroviário vai obedecer o que for determinado pelo Governo e pela Secretaria de Saúde. Se o retorno de treinos for em junho, nós vemos com bons olhos. Esse tempo de paralisação afeta o clube, mas entendemos e respeitaremos sempre os órgãos públicos. Se for para retomar em junho, estaremos preparados", afirmou Newton Filho, presidente do Tubarão da Barra.

Mesmo assim, o clube ainda não elaborou protocolo próprio para voltar aos treinos. "Estamos aguardando protocolo da FCF para, diante dele, fazermos o nosso e atendermos aos padrões exigidos", complementou.

A visão, porém, é distinta do que pensa Maria Vieira, presidente do Atlético/CE. Embora a Águia da Precabura trabalhe na criação do seu próprio protocolo, a dirigente acredita que ainda é cedo para se pensar em retorno ao futebol.

"A cada hora, a gente vê notícias de pessoas morrendo em casa, de transmissão. Eu não acredito muito que nós possamos voltar tão logo a uma condição de futebol. Pode até voltar pra reestruturar o clube, adequar a volta talvez para julho. Vejo que estamos numa situação que não está controlada", desabafa.

O Guarany de Sobral, que anunciou a dispensa de todos os jogadores ainda no início da pandemia do novo coronavírus, também aguarda definições. Mas, para o presidente Mauro Fuzaro, o momento ainda é crítico.

"Todos nós estamos muito ansiosos pelo retorno do futebol, só que a gente ainda não tem uma programação. Percebo que, aqui em Sobral, os casos (da Covid-19) estão aumentando e as pessoas estão ficando mais em casa. Correto o decreto do governador. A gente quer que volte o mais rápido possível, mas talvez tenha que deixar mais pra frente", revela ele, garantindo ainda que o clube fará um acordo com os jogadores para que eles possam voltar caso o campeonato seja retomado.

"Tá todo mundo dispensado, mas não foi dado baixa ainda. Se tivesse uma notícia de que vai voltar amanhã, eu sentaria com jogadores e resolveria (a situação). Mas a gente tem o pessoal da base. Time, a gente tem pra jogar. Acredito que, se voltar, chamaremos os atletas e conversaremos, pra negociação", afirma.

Questão de contratos

Outros dois times do Interior mostram preocupações com as questões contratuais.

"A gente não sabe o que fazer nem se programar. A FCF, desde a pandemia, nunca fez uma reunião com a gente, falando de projetos... O Governo não tem data, futebol não tem data. É complicado. Os contratos do Barbalha já estão todos vencidos", revela Lúcio Barão, presidente do clube caririense.

Porém, a questão deve ser resolvida pela FCF, como adianta Cristiano Cruz, presidente do Pacajus. "Com relação aos nossos contratos, estão todos suspensos, aguardamos o posicionamento da FCF para vermos a melhor maneira de terminar o campeonatos. Estamos em contato com o jurídico da FCF, já foram baixadas algumas portarias para quando o campeonato for reiniciar. O importante é que, ao reiniciar o campeonato, o Pacajus Esporte Clube terá um time pronto para finalizar a participação no mesmo", garante o dirigente.

A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato com o presidente do Caucaia, Roberto Góes, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

À espera

O último jogo disputado do Campeonato Cearense foi entre Ferroviário e Pacajus, no Estádio Presidente Vargas, no dia 15 de março. Naquele período, o temor da Covid-19 já mexia com o futebol e a partida foi disputada com os portões fechados.

Ou seja, o torcedor não viu de perto a vitória do Tubarão da Barra, por 1 a 0. De lá para cá, a competição foi paralisada oficialmente dois dias depois e espera definição de como ficará a quarentena no Estado de pois de 31 de maio.

No País, alguns times ensaiaram retornos aos treinos, como Grêmio, Internacional, Avaí e Flamengo. Todos com protocolos que possibilitam o retorno. Mesmo sem data definida para que as competições estaduais recomecem.

Aqui no Estado, Ceará e Fortaleza já elaboraram protocolos médicos. O da Federação Cearense de Futebol também já ficou pronto, mas ainda não foi divulgado. No momento, está nas mãos do Governo do Estado, que deverá dar o aval positivo.Mas uma coisa é certa: não haverá partidas com presença de público na retomada do futebol em solo cearense. Clubes e Federação Cearense de Futebol tem, até o momento, o entendimento de que o Cearense não terá torcida mais.