A defesa do piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior, envolvido no acidente aéreo em que morreram Marília Mendonça e outras quatro pessoas, considera que a investigação teve "conclusões injuriosas" e sem "base nas provas técnicas". O advogado Sérgio Alonso ainda alega que foi desconsiderado o relatório final realizado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O inquérito foi concluído nesta quarta-feira (4), pela Polícia Civil Minais Gerais (PCMG).
"As conclusões da polícia de Caratinga são injuriosas e não têm base nas provas técnicas. O acidente ocorreu pela falta de sinalização da rede, pela ausência de uma carta de aproximação visual (que é o que detalha os obstáculos dos aeroportos), que na época não tinha. E também por essa rede estar colocada na mesma altura do tráfego padrão, que é de mil pés de altitude", explicou Alonso.
Ainda conforme o jurista, a PCMG não considerou o relatório do Cenipa. "Em 1º de setembro deste ano, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) sinalizou a linha obedecendo uma recomendação do Cenipa. Segundo, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) fez a carta de aproximação visual. Terceiro, o Decea elevou a altitude de tráfego de Caratinga de 1000 pés para 1350 pés, justamente para deixar a altura acima da altitude das linhas", disse ele.
Alonso avalia que, caso a recomendação do relatório da entidade fosse seguida, o acidente aéreo não teria ocorrido.
O advogado também relatou que toda a família ficou abalada com as atualizações do caso. "O Medeiros era super experiente, nunca teve acidente, era bem requisitado, sempre queriam voar com ele. O delegado conseguiu sem base nenhuma fazer uma nova morte, um novo luto para família", relatou.
INVESTIGAÇÕES
A polícia aponta que houve “homicídio culposo triplamente qualificado” por parte do piloto e do copiloto. Segundo os investigadores, o piloto tinha mais de 30 anos de experiência, mas não conhecia a região de Caratinga, onde aconteceu a queda do avião.
“Os manuais de procedimentos operacionais padrões da aeronave previam que o piloto deveria fazer o levantamento da existência de possíveis obstáculos nas proximidades”, ressalta parte do texto expedido pelas autoridades.
Além disso, completa que “caso os pilotos não tivessem tido a oportunidade de fazer esse levantamento, o manual previa um voo em passagem baixa para fazer esse levantamento no momento da aproximação”.
Morte da cantora
O acidente que culminou na morte da cantora sertaneja ocorreu no dia 5 de novembro de 2021, quando a aeronave de matrícula PT-ONJ caiu no município mineiro de Piedade de Caratinga. Na ocasião, ela colidiu com um cabo da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig), resultando na morte das cinco pessoas que estavam dentro do bimotor.
Além de Marília Mendonça, morreram o produtor Henrique Bahia, o assessor Abicieli Silveira e os pilotos Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana.