Indiciados por racismo e ameaças contra Comunidade Judaica no Ceará se reúnem com rabino

Suspeitos são quatro estudantes que postaram comentários de cunho racista e ameaçador contra judeus, afirma a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)

Escrito por Redação ,
Legenda: Em um dos comentários, estudante faz menção a uma possível ameaça a uma comunidade judaica em Fortaleza
Foto: Foto: Reprodução

Aconteceu na manhã desta sexta-feira (31), uma reunião entre os quatro jovens, de 20 a 23 anos de idade, indiciados por racismo e ameaças, por meio de posts em  uma rede social, contra a comunidade judaica que reside no Ceará e o rabino chefe do Movimento Sinagoga Sem Fronteiras, Gilberto Ventura, de 46 anos. Conforme os envolvidos, o encontro, realizado na sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), no Bairro São Gerardo, em Fortaleza, teve como objetivo o esclarecimento sobre o caso de injúria racial online. 

Legenda: Na publicação, um dos estudantes chegou a postar a foto de um mapa com o número de comunidades judaicas no País
Foto: Foto: Reprodução

A reunião aconteceu após uma carta, com pedido de desculpas, ser encaminhada pelos adolescentes para os denunciantes. Conforme o rabino, que se deslocou de São Paulo para a capital cearense por achar a pauta urgente, a reunião teve um saldo positivo. 

“Como rabino, que tem uma posição de educador, eu esperava que acontecesse o que exatamente aconteceu. Que houvesse um desfazer dos maus entendidos, dos estereótipos que as pessoas trazem, do antissemitismo. Eu esperava que houvesse uma aproximação de coração. Muito mais do que uma simples neutralização do ódio, pois não havia ódio nesses jovens, mas falta de noção a respeito do quanto as palavras podem ferir, preocupar e serem perigosas.”

A historiadora Cícera Roberta Lemos Amorim, de 42 anos, mãe de um dos indiciados, também acredita que o encontro, assistido pelo secretaário da Segurança Pública, André Costa, foi benéfico para todos. “Quando eu soube, meu chão sumiu. Mas, a reunião foi ótima, ao conversarmos com os representantes da comunidade, nós nos sentimos bem. A gente falou sobre a retratação dos meninos, o perdão deles”, disse. 

Apesar do encontro satisfatório, de acordo com o rabino, o caso ainda será analisado pelo Poder Judiciário. “Do ponto de vista juridico, o caso não pode se encerrar agora pois o sistema legal foi acionado. Então ainda vai haver todos os trâmites jurídicos. A expectativa das famílias e nossa também é que esse encontro sirva para atenuar a situação e também sirva como exemplo para aqueles que estão dispostos a agredir quem quer que for, seja judeus, negros, mulheres ou homossexuais, vão sentir o peso da Lei. Mas também, como nesse caso, que haja o dialogo, o amor ao próximo”, salientou. 

O caso 

Os estudantes foram indiciados no dia 17 de janeiro após uma postagem com comentários de teor antissemita ser feita em uma rede social no dia 15 do mesmo mês, conforme a Secretaria da Segurança. 

Ao ser postado o mapa do Brasil, que mostra o número da população judaica, tendo como referência o Censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por um dos estudantes envolvidos, conforme a SSPDS, iniciaram-se as ameaças a uma sinagoga judaica no Ceará: “nunca é tarde para melhorar o mundo”, “vamo meter o atentado lá”, “me leva. Quero ver”, diziam as mensagens postadas em uma rede social.

O conteúdo, analisado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de acordo com a SSPDS, levou os estudantes a serem indiciados pelos crimes de ameaça e racismo. Havendo, ainda um agravante que pode resultar num aumento da pena em caso de condenação  porque o crime foi praticado por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza. A pena para os crimes prevê reclusão de dois a cinco anos e multa.”

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