Muito além do lucro

Banco Palmas fortalece a comunidade, potencializando micro e pequenos negócios.

Tudo começou com apenas 10 clientes e R$ 2 mil em caixa. Depois de 20 anos de trabalho, o Banco Palmas hoje é uma fintech, tem cartão próprio e uma carteira de 7 mil clientes. Mas a maior conquista do banco nem é essa, e sim a revitalização da economia de uma das regiões mais carentes de Fortaleza. “De acordo com estudos da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade de São Paulo (USP), o Banco Palmas já gerou 4 mil postos de trabalho – formais e informais. O comércio da região do Conjunto Palmeiras e Jangurussu cresceu 30%. Criamos algumas empresas locais e vários pequenos empreendimentos, principalmente nas áreas de gastronomia e confecção”, conta Joaquim Melo Filho (foto abaixo), Presidente do Banco Palmas. “Hoje, é um bairro que consegue se organizar mais, lugar onde as pessoas valorizam mais os mercadinhos, lojas e empreendimentos, além da cultura, da dança e da música do local”, avalia. 

joaquim melo

O Banco Palmas nasceu apostando na força dos empreendimentos de impacto social. Ao conceder crédito para micro e pequenos empreendedores, por meio de uma metodologia inovadora, o banco alavancou a região. Com o tempo, as bodegas deram lugar a mercadinhos, as lojas começaram a surgir e a vida da população melhorou, com mais ampliações urbanas e mais dinheiro em circulação. “Ao contrário do sistema financeiro, que quer cada vez mais lucro, o Banco Palmas visa o desenvolvimento local. Criamos uma rede de produção e consumo local, para que as pessoas possam comprar, produzir, comercializar umas das outras, gerando lucro, mas também desenvolvendo o bairro onde moram”, observa Joaquim Melo Filho. “Dessa forma, há muitos resultados coletivos. Não é só uma pessoa ou só uma empresa que cresce, o outro cresce também porque se compra junto, se consome junto, se pensa o desenvolvimento do território como um todo”, analisa o Presidente do Banco Palmas. 

Pelo social
Na visão de Joaquim Melo, os negócios de impacto social têm crescido muito em todo o Brasil, mas no Ceará ainda precisam de mais incentivos. “O Estado ainda não tem essa cultura do empreendimento de impacto social, não se tem apoio governamental, nem dos bancos. Ainda temos uma longa estrada de debates necessários e urgentes, pela gravidade social, pelo desemprego, pelo aumento da pobreza. Por isso, a gente precisa levar essa cultura para frente, visto que ainda há um campo favorável aos negócios de impacto social por aqui”, analisa o gestor do Banco Palmas. 

Apesar dos desafios, Joaquim Melo Filho afirma que os empreendimentos de impacto social continuam em alta no País. “Está se criando na sociedade uma cultura e uma pressão muito forte para as empresas: ou elas buscam esse impacto social, ou serão preteridas, ao longo do tempo. Isso no sistema financeiro já é bem forte. A sociedade deseja novos modelos de empresas, bancos e negócios que levem o ser humano como centro, e não somente o lucro e o dinheiro”, opina o Presidente do Banco Palmas.

Desde 2015, o Banco Palmas entrou para o mundo digital e se tornou uma fintech. Hoje, seus usuários podem fazer todas as operações bancárias diretamente no smartphone ou usando um cartão eletrônico. “Tudo acontece por meio da plataforma E-dinheiro. Isso facilita muito, inclusive na expansão do banco, porque os custos são menores. Por exemplo, precisamos de menos funcionários, e, consequentemente, há redução com custos de papel e segurança”, explica Melo Filho. “Dessa mesma plataforma, participam  113 bancos comunitários de todo o Brasil. Com isso, estamos conseguindo crescer nacionalmente. São mais de 40 mil usuários e 1.500 estabelecimentos credenciados”, descreve o Presidente do Banco Palmas.

Em que pesem os desafios – por conta da crise do desemprego, o Banco Palmas viu a inadimplência subir para 8% este ano – Joaquim Melo Filho está otimista com a continuidade do trabalho. “Estamos nos posicionando para manter o que já temos, não deixar as empresas quebrarem nem o banco entrar em uma situação de falência. Sabendo que não há como crescer no momento, esperamos que em 2020 as coisas possam melhorar”, projeta.

Números

20 anos
tem o Banco Palmas

7 mil clientes
possui a instituição

4 mil empregos 
foram criados graças à atuação do Banco Palmas