Após morte de Genivaldo Santos, dois jovens denunciam agressões de policiais da PRF de Sergipe

Abordagem com chutes, tapas e pisões teria acontecido dois dias antes da morte de Genivaldo. Vítimas registraram boletim de ocorrência

Legenda: Jovens registram boletim de ocorrência e denunciam agressões em abordagem da PRF em Sergipe
Foto: Divulgação/PRF

A Policia Rodoviaria Federal (PRF) de Sergipe está sendo acusada de agressão contra dois jovens em Umbaúba, mesma cidade em que Genivaldo dos Santos foi morto asfixiado em uma viatura da corporação. As informações são da Folha de São Paulo

Segundo boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil na última sexta-feira (27), as agressões com chutes, tapas e pisões aconteceram no dia 23 de maio, dois dias antes da abordagem que vitimou Genivaldo. 

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Nos documentos, um homem de 21 anos e um adolescente de 16 alegam que estavam de moto e, ao perceberem a presença da viatura da PRF, decidiram fugir por estarem sem capacete e com a documentação irregular. 

O relato nos dois boletins diz que "ao perceber que não conseguiriam fugir", os jovens "pararam a motocicleta, mas, mesmo assim, foram atingidos pela viatura" e caíram no chão. Quatro policiais participaram da abordagem. 

O jovem de 21 anos, que pilotava a motocicleta, disse em depoimento ter sido agredido com chutes na cabeça, abdômen e no tronco mesmo estando algemado e no chão. Depois, já sentado, disse ter recebido tapas no rosto. 

Ele relata ter pedido para que os agentes não o matassem. "Vou te levar pra mata pra você aprender", disse o policial em resposta, segundo trecho que consta no boletim de ocorrência. 

Lesões 

O homem afirma ter sofrido "lesões do lado esquerdo do rosto e nos lábios, em decorrência da pressão feita pelos pés do policial no seu rosto, pressionando a sua face contra o chão". 

Somente depois, quando já estava na viatura a caminho do posto policial de Cristinápolis, a 16 km de Umbaúba, que os policiais pediram seus documentos. Lá ele foi liberado

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Já o adolescente, que estava na garupa, diz que foi solto após dizer aos policiais que era menor de idade. Ele afirma também ter recebido chutes e um pisão no rosto, apesar de estar algemado com as mãos para trás. 

Ainda conforme o documento, ele afirma ter ficado com a cabeça baixa na maior parte do tempo e estar com "a farda [uniforme] da escola" e que o amigo "usava a farda da empresa na qual trabalha", diz o boletim de ocorrência do adolescente. A Polícia Rodoviária Federal não se pronunciou até a publicação da reportagem. 

Morte de Genivaldo

Genivaldo morreu no dia 25 de maio, após de ter sido trancado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido a inalação de gás lacrimogêneo. A causa da morte apontada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe foi asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. 

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte de Genivaldo. A PRF, por sua vez, abriu processo disciplinar para investigar a conduta dos agentes envolvidos e informou que eles foram afastados de atividades de policiamento. As apurações são acompanhadas pelo Ministério Público Federal (MPF).

Antes do afastamento, a PRF havia informado que, durante a abordagem da equipe, Genivaldo reagiu de forma agressiva e precisou ser contido com técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo.