Pernambuco registra caso de infecção por fungo negro em paciente recuperada da Covid-19

A mulher de 59 anos foi infectada pelo novo coronavírus em março deste ano e, um mês depois, apresentou mucormicose

Legenda: A mulher está internada desde sexta-feira (4) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc)
Foto: reprodução/TV Globo

Uma mulher de 59 anos, recuperada da Covid-19, apresentou sintomas de infecção causada por mucormicose, o chamado fungo negro, em Pernambuco. O caso é o primeiro do tipo confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) no Estado. A paciente está internada desde sexta-feira (4) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), na capital Recife. As informações são do Uol. 

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Segundo a secretaria, a mulher, que é moradora do município de Casinhas, testou positivo para o novo coronavírus em março deste ano e chegou a desenvolver uma pneumonia bacteriana logo em seguida.  

Apesar da paciente possuir comorbidades — diabetes, hipertensão, asma e obesidade — que aumentam as chances de gravidade da Covid, ela conseguiu se recuperar. Um mês após estar curada, ela apresentou a infecção por mucormicose e segue em observação.  

O infectologista do Huoc Thiago Ferras explicou que a doença causada pelo fungo negro pode ter associação com o quadro da Covid-19 anteriormente contraído pela mulher, mas a relação ainda está sendo estudada.  

"Essa paciente apresenta fatores de risco clássicos para infecção por esse fungo. É possível que haja associação com a Covid-19, mas isso ainda está sendo estudado. A infecção surgiu um mês depois de ela sentir os sintomas da doença. Ela já estava curada, inclusive", disse em entrevista ao Uol. 

A mulher passou por uma cirurgia para retirar o tecido afetado pelo fungo, mas segue em investigação, pois ainda apresenta sintomas de infecção por mucormicose "no nariz e nos seios da face", detalhou o infectologista.  

O Ministério da Saúde já foi notificado sobre o caso, informou a pasta estadual.  

Fatores de risco  

O chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Huoc, Demetrius Montenegro, esclareceu que o "fungo negro" atinge pessoas que apresentam baixa imunidade.

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O especialista destacou que a diabetes é uma comorbidade de risco também nesse tipo de infecção por fungos.   

"Apesar da gravidade, a doença não passa de uma pessoa para outra, e o diagnóstico precoce é o mais importante para evitar a necrose dos tecidos infectados pelo fungo", disse ao portal de notícias.   

Montenegro ainda informou que o Brasil notificou 29 casos de mucormicose em 2021. Desse número, ao menos quatro estão sendo investigados por uma possível associação entre a doença e a Covid-19.

Fungo negro no Brasil  

A "mucormicose é uma doença conhecida há mais de um século, causada por fungos da ordem Mucorales, que têm dezenas de espécies e que existem por toda parte", segundo explicou a SES-PE.  

Infecção Fúngica - Mucormicose: Hifas amplas e não septadas de ângulo amplo do fungo Mucor, proveniente dos seios paranasais de um paciente com diabetes mellitus não controlado. Lâmina de histologia corada com GMS.
Legenda: A mucormicose acomete pessoas com imunidade baixa. A diabetes é considerada uma comorbidade que contribui para o agravamento da infecção fúngica
Foto: Shutterstock

O fungo geralmente atinge pessoas com o sistema imunológico debilitado, se manifestando principalmente em regiões como nariz e outras mucosas.  

"Os sintomas variam de acordo com a localização da infecção. Nos pulmões, pode haver tosse, expectoração e falta de ar. Na face e nos olhos, pode ocorrer vermelhidão intensa e inchaço", destacou a secretaria, em nota.  

"A causa dessa enfermidade é a inalação dos esporos dessas espécies de fungo, que estão normalmente presentes no ambiente, com destaque para locais com matéria orgânica em decomposição no solo, plantas, excrementos de animais e outras", conclui o comunicado da pasta.