Mãe de Beatriz Angélica, morta em Petrolina, inicia caminhada de 700 km até Recife pedindo Justiça
Caso completa seis anos na próxima sexta (10). Criança foi morta com 42 facadas em colégio particular
Este domingo (5) marca uma caminhada dolorosa e de luta para Lúcia Mota. Mãe da menina Beatriz Angélica Mota, morta em um colégio particular em Petrolina (PE) com 42 marcas de facadas, ela inicia um trajeto de 700 quilômetros (km) até Recife em busca de respostas para o crime, que completa seis anos na próxima sexta-feira (10). As informações são do portal G1.
"Resolvi caminhar por amor a Beatriz. Para chamar a atenção do estado para a solução do caso de Beatriz", diz a mãe. "O estado ele tem obrigação de solucionar o inquérito de Beatriz, como também ele pode nos ajudar a federalizar o inquérito, porque já existe o pedido tramitando no Ministério Público Federal, ou ele pode aceitar a colaboração dos americanos".
O trajeto de Lúcia Mota, segundo ela, tem dois pontos de parada: o Ministério Público do estado e o Palácio das Princesas, sede administrativa do governo pernambucano, onde ela buscará se estabelecer.
A caminhada intenta chamar a atenção do governador do estado, Paulo Câmara (PSB), para os pedidos feitos pela família. Desde setembro de 2020, os parentes da criança aguardam resposta do Governo de Pernambuco sobre um pedido de cooperação feito por uma empresa dos Estados Unidos para ajudar na apuração do assassinato de Beatriz.
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) informou ao G1, em nota (leia na íntegra abaixo), seguir comprometida com a investigação do caso, atualmente em segredo de Justiça.
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Trajeto
De acordo com Lúcia Mota, a caminhada começou em Petrolina e deve durar entre 20 e 25 dias, mobilizando pessoas de várias cidades do estado.
"A maioria das paradas serão realizadas em casas de famílias que nos ofereceram abrigo. Então, nós vamos dormir e vamos realizar as refeições nas casas dessas pessoas", explica a mãe de Beatriz, que passou a praticar esportes para se preparar fisicamente e seguir viagem.
"O esporte, ele veio para complementar meu tratamento psiquiátrico e psicológico. Ele foi fundamental para minha recuperação e ano passado, quando o governador recebeu o oferecimento de ajuda dos americanos, que até então não respondeu, eu já vinha treinando", afirmou ela ao portal G1.
O professor Sandro Romilton Ferreira da Silva, pai de Beatriz e marido de Lúcia, comentou que a segurança do trajeto também foi pensada com antecedência.
"São quase 800 km, então nós precisamos seguir uma regra. Eu estarei no apoio, teremos carros de apoio, teremos um ciclista batedor, temos acompanhamento da PRF e PM, que está nos abraçando neste momento. Então, é uma logística muito séria, muito importante. Tudo com segurança, inclusive com distanciamento", ressaltou ele à publicação.
Morte de Beatriz
O crime ocorreu no colégio Maria Auxiliadora, um dos mais tradicionais colégios particulares de Petrolina. A criança foi morta na quadra em que acontecia solenidade de formatura das turmas do terceiro ano — ela era uma das formandas da cerimônia.
A última imagem da criança foi registrada às 21h59 do dia 10 de dezembro de 2015, quando ela se afasta de Lúcia e se dirige ao bebedouro da instituição, localizado na parte inferior da quadra.
Minutos depois, o corpo da menina foi encontrado atrás de um armário, em uma sala de material esportivo desativada após o incêndio causado por ex-alunos da escola.
Em maio, a empresa norte-americana Criminal Investigations Training Group produziu e divulgou uma nova imagem do suspeito.
Conforme Sandro, a diferença do retrato falado produzido pela PCPE e a composição da companhia estadunidense é "nítida". "Não só a família, mas todo mundo que teve acesso a essa última composição, ficou impressionado", comentou. Até hoje, ninguém foi preso.
Leia nota da Polícia Civil
A Polícia Civil de Pernambuco informa que segue comprometida com a investigação do caso da criança Beatriz Angélica Mota.
No final do último mês de maio, o Chefe e o Subchefe da Polícia Civil de Pernambuco, Nehemias Falcão e Darlson Macedo, respectivamente, receberam, em seu gabinete, uma comissão formada pelos pais da criança Beatriz Angélica Mota, pelo advogado da família e pela coordenadora do Movimento Somos Todos Beatriz. Os quatro delegados, que compõem a Força Tarefa criada pela Chefia de Polícia para investigar o caso, participaram da reunião, assim como a Diretoria de Inteligência da PCPE. A comissão pôde fazer os questionamentos necessários aos delegados e foi reafirmado, naquele momento, que todos seguem disponíveis para esclarecimentos.
Na ocasião, a comissão apresentou a proposta de cooperação com empresa de investigações norte-americana. Foi informado que a concretização da parceria poderá ocorrer após pareceres da Procuradoria Geral do Estado, e do Ministério Público, além da aprovação do Poder Judiciário, seguindo todos os preceitos legais.
Todo o material que compõe o Inquérito Policial em curso, disposto em 23 volumes, segue em análise constante e também estão sendo realizadas novas diligências. Não há registro de negativa de recursos para a investigação. Importante destacar que o caso segue sob segredo de justiça.