Após perder o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, Débora Gomes, 26 anos, passou a contar com uma rede de solidariedade. Desempregada, a mulher chegou com um minuto de atraso por amamentar o filho e, agora, conta com a oferta de diversas bolsas de estudo em cursinhos e faculdades privadas para não deixar de estudar, segundo o portal G1.
Moradora de uma comunidade na Ilha de Joana Bezerra, na área central de Recife, a candidata chegou ao prédio da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no bairro da Boa Vista, no Centro da capital pernambucana, às 13h01. O portão tinha acabado de fechar.
"Eu cuidei dos afazeres domésticos e tive que dar de mamar ao meu filho antes de ir [...] É muito complicado conciliar tudo ao mesmo tempo", desabafou ela. "Eu me senti muito triste. Acreditei que seria o fechamento de mais uma porta na minha vida", seguiu a estudante
Ela, que é mãe de Gabriel, de cinco meses, e de Rebeca, de três anos, disse sentir-se "abismada" com a rede de solidariedade formada ao redor dela após perder a prova.
"Desde domingo, eu venho recebendo uma solidariedade muito grande das pessoas, um amor, um apoio moral. Muita gente me defendendo. Eu estou gostando muito, estou amando essas palavras de conforto, de afeto e de luz, estão iluminando o meu dia", comentou ela, pontuando que não esperava receber carinho e amor de pessoas que sequer a conhecem.
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"Só conheceram um pouco da minha história no domingo, mas não sabem a fundo mesmo o meu dia a dia, o que eu já passei, a minha situação", ressaltou.
Débora mora com os dois filhos e o marido, também desempregado, em um quitinete de dois cômodos, um quarto e uma cozinha. Ela afirma que os desafios para estudar são inúmeros, mas garante: não vai desistir do sonho de ser médica, mesmo com os infortúnios.
"Eu preciso de notebook, para poder me organizar e estudar, preciso ainda de uma creche que acolha os meus filhos, uma creche de confiança. Estou lutando por um emprego também, que vai me ajudar bastante", enumerou ela. "São vários fatores".
Por não ter recebido bolsa de estudo para Medicina, Débora indicou que começará a estudar em outro curso superior.
"Não vou deixar batida essa oportunidade de ingressar numa universidade, mas não vendendo meu sonho porque sonho não se vende, é inegociável. No momento, eu escolhi o curso de Direito, mas não vou deixar para trás o sonho de Medicina", asseverou.
A mulher ressalta querer uma oportunidade para estudar por acreditar no potencial transformador da educação, que pode mudar a realidade dos filhos em diversos âmbitos. "Em relação à educação, financeiramente, em tudo, posso dar um conforto melhor a eles e mudar a vida de algumas pessoas também, da minha família e de outras pessoas que podem precisar de mim".
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O primeiro dia de provas do Enem teve, em Pernambuco, abstenção de 24,6%. A taxa equivale a quase 43 mil candidatos do total de 176.682 inscritos no exame no estado pernambucano.
Apesar de alto, o percentual é menor que o registrado no estado no primeiro dia de provas do Enem 2020. Na ocasião, 48,4% dos candidatos faltaram.
Já ao nível nacional, 26% dos inscritos não compareceram, segundo balanço do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).