Crianças descobrem asteroide durante atividade na Paraíba e criam ‘vaquinha’ para receber medalha

Menina de sete anos conseguiu identificar objeto celeste que pode receber o nome da escola onde estuda

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(Atualizado às 14:36)
Legenda: Crianças aprendem lições básicas de astronomia e conseguem feito de gente grande
Foto: Acervo pessoal

Muito além dos primeiros textos ou cálculos matemáticos, estudantes entre seis e nove anos se tornaram “caçadores celestes” e conseguiram identificar um asteroide durante uma atividade escolar na Paraíba, em junho. No momento, o grupo faz uma campanha para viajar até Brasília onde serão entregues medalhas pelo feito no próximo sábado (9).

O grupo com 10 meninas e meninos faz parte da iniciativa “Caça Asteroides” do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e o International Astronomical Search Collaboration, ou Cooperação Internacional de Busca Astronômica, na tradução do inglês, que faz parte da agência americana Nasa.

Foi por meio dessa iniciativa que a estudante Adelle, com apenas sete anos na ocasião, conseguiu identificar um asteroide até então não catalogado. Mas, afinal, o que é isso?

Asteroides são corpos celestes que orbitam o Sol, mas que são pequenos comparados aos planetas do Sistema Solar, como explica o Observatório Nacional. Existe uma grande quantidade ao redor da Terra, mas a maioria é desconhecida.

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Alguns, inclusive, podem ter até 150 metros de tamanho e causar danos no caso de uma colisão. É por isso que existe um esforço internacional para descobrir e estudar as características físicas desses corpos celestes.

Welton Dionísio, professor da oficina de astronomia da escola e doutor em biologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), explica que o programa consiste na análise de imagens de captadas por um telescópio da Universidade do Havaí.

“Eles disponibilizam as capturas massivas feitas ao longo do ano, basicamente, como se fosse um GIF de quatro momentos do mesmo local. Se um objeto se move de duas a quatro vezes, têm grandes chances de ser um asteroide”, detalha Welton.

Imagem analisada pelo grupo

Após notar um corpo celeste não identificado, o grupo enviou as informações para o programa Caça Asteroides e foi convidado para uma premiação que acontece em Brasília no próximo sábado (9). Mas foi aí que surgiu a segunda missão.

“A gente tem que custear a viagem e se eu for sozinho só posso pegar minha medalha. Fizemos uma vaquinha e teve uma repercussão intensa e alcançamos 50% da meta, mas a vaquinha fica aberta até o dia 8”, detalha o professor que quer levar os 10 alunos para o evento.

Outras etapas serão realizadas pelas autoridades em astronomia para confirmar se o asteroide, de fato, nunca foi catalogado. A partir disso, os pequenos vão poder dar nome ao corpo celeste que pode ser “Bem Viver”, como é chamada a escola.

Quem conseguir ajudar ao grupo pode fazer doações na campanha disponível neste link.

Aulas de astronomia

Welton Dionísio sempre teve um encanto pela astronomia e descobriu a iniciativa internacional há dois anos, quando tentou reunir amigos da mesma idade para participar da busca por asteroides.

“Mas não consegui, seja por falta de tempo ou de empolgação”, lembra. Uma nova oportunidade, no entanto, surgiu nas aulas da oficina de astronomia, que leciona na escola privada, na capital paraibana. 

“A ideia da disciplina é, por meio de atividades de artes, de jogos e de brincadeiras, repassar conhecimentos de Ciência de modo geral, sobre o começo do universo, a evolução da vida, das moléculas e das estrelas”, lista o professor.

Estudantes descobrem asteroide
Legenda: O desafio agora é conseguir recursos necessários para a viagem
Foto: Acervo pessoal

Foi quando decidiu apresentar o projeto aos pequenos que, diferentemente da experiência anterior, demonstraram forte interesse por participar da busca por asteroides.

"Astronomia é algo que eu amo desde os 10 anos, o encanto pelos astros sempre me acompanhou e eu tento passar isso para os meus alunos", reflete.

A experiência é fantástica não só pra eles, mas para todo mundo envolvido. Muitos ainda acreditam na educação e continuamos nos esforçando e vendo que nada em vão
Welton Dionísio
Professor da oficina de astronomia

O professor parafraseia o cientista e astrônomo Carl Sagan ao dizer que “toda criança começa como um cientista nato, mas só umas poucas passam pelo sistema com sua admiração e entusiasmo pela ciência intactos”, com relação à forma de conduzir as aulas.

Caça asteroides

O programa Caça Asteroides do MCTI busca popularizar a ciência entre cidadãos voluntários. “Esses novos cientistas cidadãos serão capazes de fazer descobertas astronômicas originais e participar da astronomia na prática”, apresenta no edital de inscrições.

Podem participar professores da Educação Básica da rede pública ou privada, professores universitários, estudantes do ensino fundamental I e II, ensino médio, acadêmicos, astrônomos, astrônomos amadores, clubes de ciências, clubes de astronomia, por exemplo.

São disponibilizados cerca de 30 mil pacotes de imagens para análise das equipes inscritas que podem identificar e enviar os relatórios dos possíveis asteroides ou objetos próximos à Terra.

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