'Vacinação clandestina' que teria custado R$ 600 é investigada pela Polícia Militar de Minas Gerais

Empresários e políticos estariam envolvidos no esquema

Escrito por Diário do Nordeste/Fernanda Canofre/Folhapress ,
Vacinação clandestina em Minas Gerais
Legenda: Mulher de jaleco branco vacinava pessoa dentro de carros e às vezes fora do veículo
Foto: Reprodução

Imagens que flagraram "vacinação clandestina" em Belo Horizonte culminaram no registro de ocorrência pela Polícia Militar de Minas Gerais. Imunização de forma ilegal teria ocorrido na noite dessa última terça-feira (23) no bairro Caiçara, em uma garagem. 

Políticos e empresários mineiros estariam envolvidos no caso, segundo revelou denúncia da Revista Piauí. Cerca de 25 veículos teriam participado do momento. 

 Segundo a testemunha, que ficará anônima, condutores e passageiros estavam sendo vacinados por uma mulher de jaleco branco. Entre os vacinados, havia também crianças.

Equipes da Guarda Municipal e da Vigilância Sanitária também estiveram no local, junto com a PM, mas nada foi constatado, pois o grupo já havia saído do local. O denunciante disse que iria encaminhar as imagens para a Secretaria Municipal de Saúde;

.A prefeitura de Belo Horizonte não retornou ao contato da Folha para confirmar o recebimento. Inquérito também foi aberto pela Polícia Federal (PF). O Ministério Público Federal em Minas Gerais instaurou nesta quarta um procedimento, chamado de notícia de fato, para apurar o caso.

Vacina teria custado R$ 600 por pessoa

A reportagem da Piauí apurou que um grupo de empresários e políticos de Minas Gerais, a maioria deles ligados ao setor de transportes, recebeu a primeira das duas doses na terça-feira. O imunizante, comprado por iniciativa própria e sem repassar ao SUS, como previsto em lei, foi o da Pfizer, que ainda não tem registro da Anvisa, e teria custado R$ 600 por pessoa. 

A Pfizer negou a venda e disse que o imunizante ainda não está disponível em território brasileiro.

Ainda segundo a revista, a vacinação foi improvisada em uma garagem da viação Saritur, e pessoas que foram vacinadas teriam apontado os irmãos Rômulo e Robson Lessa, identificados como donos da empresa, como os organizadores

A Saritur diz que os dois não fazem parte do corpo de sócios do grupo, que trabalha com transportes urbanos e rodoviários, e que o caso citado na reportagem é "de total desconhecimento da diretoria da empresa"

Envolvimento de políticos

O ex-senador Clésio Andrade, citado na reportagem como um dos vacinados e que confirmou à revista ter recebido a vacina, disse em uma publicação nas redes sociais que não tomou o imunizante e que defende as regras do Ministério da Saúde.

"Aliás, repito que eu preferia que os idosos, como eu, dessem a vez aos mais jovens, que são obrigados a sair de casa para trabalhar", afirma ele.

À Folha, por mensagens no WhatsApp, ele disse desconhecer o assunto e que está em quarentena no sul de Minas, porque foi infectado e teve Covid-19.

O deputado estadual Alencar da Silveira Jr. (PDT), também citado na reportagem, outro dos vacinados segundo relatos ouvidos pela piauí, negou o fato, assim como o fez à revista.

Por meio da sua assessoria, ele lembrou que é um dos signatários da CPI na Assembleia Legislativa de Minas Gerais que apura supostos casos de fura fila da vacinação entre servidores da Secretaria Estadual de Saúde -o caso derrubou o secretário Carlos Eduardo Amaral, que foi imunizado.

"Não vacinei e não tenho conhecimento dessas vacinações citadas na reportagem da piauí. Acho que tem que ser apurado", disse o deputado via assessoria.
 

 

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