"Sou obediente, não descumpro ordens", diz Levy ao chegar nos EUA
O ministro se submeteu a uma bateria de exames e os resultados indicaram que seu quadro clínico é bom
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou a Nova York por volta das 12h (horário local) e se dirigiu imediatamente para o hotel St. Regis para participar da reunião da presidente Dilma Rousseff com empresários brasileiros.
"Não se chegou a identificar um quadro completo [de embolia], não. Havia algumas indicações, mas fizeram os exames e deram tudo bem, como queria vir... Amanhã tem um encontro importante com os empresários, apresentando a parte de infraestrutura. Enfim, uma agenda ampla com a presidente, achei que era conveniente estar o time todo aqui", disse.
Segundo ele, a recomendação médica é apenas descansar, dormir e se alimentar bem.
"Vou tentar cumprir essa ordem", afirmou, rindo, ao mesmo tempo que sugeria o melhor cenário para uma foto no aeroporto JFK, em Nova York: postou-se frente ao anúncio de um musical da Broadway que dizia "deliriously funny!" [incrivelmente engraçado, em português].
Mas já descumpriu na primeira hora de viagem, ao entrar na sala de reuniões com Dilma.
Inicialmente, Levy iria para os Estados Unidos com a comitiva presidencial no sábado (27), mas devido à hospitalização viajou mais tarde, em um voo comercial.
INFLAÇÃO
Levy elogiou a redução do intervalo de variação da meta central de inflação de dois pontos percentuais para cima e para baixo em relação ao centro da meta, fixada nesta semana em 4,5% para o ano de 2017 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A banda passou de 2 pontos percentuais para 1,5.
"É bom, é mais uma etapa e a gente está fortalecendo o sistema de metas de inflação. Aumenta a previsibilidade da economia brasileira e isso ajuda o trabalho que a gente está fazendo", afirmou.
Também deu declaração otimista quanto a viagem do governo brasileiro aos Estados Unidos. "Acho que vai ser positiva. A gente tem bastante coisa para fazer, a economia está num momento importante, e é uma oportunidade boa. Como disse a presidente, lá em Washington, vai ser bastante positivo."
O ministro afirmou que a revelação do conteúdo da delação do empreiteiro Ricardo Pessoa não deve ser tema das conversas com investidores. Ele não quis comentar. "Não é da minha área", disse.
Sobre o clima político no país, Levy afirmou que falará das negociações do ajuste fiscal, em especial sobre as medidas de revisão da desoneração da folha de pagamentos. O governo quer modificar no Senado o texto que fora aprovado pelos deputados.
Segundo ele, o governo está mais uma vez numa situação "um pouco complicada".
"Estou esperando saber o que o Senado pode fazer, porque não veio de uma maneira muito estruturada [da Câmara]. Alguns setores acabaram entrando com custo bastante alto. Essa é uma peça importante do ajuste. Estamos mais uma vez numa situação um pouco complicada, porque o tempo é exíguo", afirmou.
De acordo com Levy, o plano do governo era contar com mudança das regras de desoneração da folha de pagamentos em junho e agora há risco de se perder mais um mês.
"Vamos ver quando vai começar. Esse foi um elemento grande de atraso. Você sabe que a questão de ajuste é questão de tempo. Quando atrasa, você tem que encontrar alternativas. Vamos ver o que dá para fazer no Senado", disse.
O ministro afirmou que o encontro com investidores na segunda-feira (29) servirá para o governo falar sobre as perspectivas da economia, mas também para "ouvir".
"O Brasil está passando por um ajuste, que não é somente fiscal, é um ajuste para voltar a ser competitivo. As discussões serão como podemos desenvolver isso junto com parceiros do país. E estamos ouvindo sentimentos, preocupações, visões. Muitos [dos investidores e empresários] têm negócios em diversos locais do mundo e podem trazer informações importantes e estratégicas", disse.
DILMA
A presidente Dilma Rousseff iniciou neste domingo (28) a agenda nos Estados Unidos, com encontro com empresários brasileiros.
Entre os executivos no encontro, 25 ao todo, estão Carlos Fadigas, presidente da Braskem -cujos maiores acionistas são Petrobras e Odebrecht, investigadas pela Operação Lava Jato-, André Gerdau, presidente do grupo de mesmo nome e Wesley Batista, do grupo JBS.
O objetivo do encontro é discutir formas de ampliar o investimento das companhias, entre elas as principais multinacionais do país, no mercado norte-americano. Desde o ano passado, os Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras de manufaturados.