Quem é pastor Osório, alvo de investigação da Polícia Civil que prometia 'octilhão de reais' a fieis
O líder religioso é alvo da Operação Falso Profeta
O pastor Osório José Lopes Júnior, antes considerado foragido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), foi preso nesta quinta-feira (21) em Sucupira (TO).
O líder religioso é alvo da Operação Falso Profeta, deflagrada nessa quarta-feira (20), contra um grupo suspeito de aplicar golpes contra mais de 50 mil pessoas de todo o Brasil e no exterior, e prometer lucro de um "octilhão" de reais às vítimas. Osório é apontado como líder de um esquema que contava com outras dezenas de lideranças religiosas.
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Nas redes sociais, onde soma mais de 60 mil seguidores, ele se apresenta como “empresário, teólogo, conferencista e escritor”. O pastor possui diversas acusações de vítimas que apontam terem feito depósitos na conta do religioso após a promessa de receberem, em retorno, valores estratosféricos.
Quando procurado, a defesa do pastor disse que ele não tem nada a ver com as investigações contra o grupo e que Osório não sabe de nenhum mandado de prisão contra ele, pois está viajando em lua de mel. Além disso, a advogada do pastor, Maria José da Costa Ferreira, diz não ter acesso ao processo, e desconhece as acusações. “Deve ser um equívoco”.
GOLPES MILIONÁRIOS
Em 2018, Osório foi acusado de aplicar golpes milionários contra fiéis de Goianésia, região central de Goiás, onde chegou a ser preso e, posteriormente liberado para responder em liberdade. Investigadores apontaram que, na época, o pastor e outras duas pessoas haviam conseguido cerca de R$ 15 milhões com um golpe de fiéis.
Segundo as investigações, ele e outro religioso alegavam em vídeos no YouTube que ganharam um título de R$ 1 bilhão, mas precisavam reunir fundos para receber, prometendo, em troca, lucros de até dez vezes para quem lhe enviasse aportes.
“As vítimas, ludibriadas pelo uso do elemento de autoridade religiosa pelo denunciado para dar credibilidade à sua fala, facilmente entregam-lhes o dinheiro solicitado”, diz a denúncia.
O delegado Marco Antônio Maia, responsável pela investigação na época, disse que o pastor ostentava uma vida de luxo com dinheiro obtido via golpes. “Ele tinha uma casa de luxo e ia de helicóptero para os cultos em Goianésia. Usava carros de luxo e tinha seguranças, joias. Essa aeronave era alugada, usava só para enganar os fiéis”, explicou.
Após ser liberto, Osório teria se mudado para São Paulo. “Ele saiu de Goiás e tentou evitar vítimas aqui porque a polícia já investigava. Agora com as redes sociais, ele fez vítimas em todos os estados do país”, falou o delegado.
Em março do último ano, o pastor foi denunciado, pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), pelo crime de estelionato com uso de fraude eletrônica após prometer retornos financeiros de “R$ 2 quatrilhões” para pessoas que fizessem depósitos na conta dele. Conforme a promotora de Justiça autora da denúncia, só uma vítima teve prejuízo de R$ 297,500 mil.
Em novembro do ano passado, o pastor afirmou à Justiça de Goiás que pretendia devolver o dinheiro às vítimas. Ele afirmou, na ocasião, que os valores recebidos eram “empréstimos” e que precisava de cinco meses para efetuar o estorno.
OPERAÇÃO FALSO PROFETA
A Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu, na manhã da última quarta-feira (20), dois mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão contra integrantes de uma organização suspeita de praticar estelionato e outros crimes que teriam afetado, no Brasil e no exterior, mais de 50 mil vítimas. Conforme os investigadores, o golpe pode ser considerado um dos maiores já apurados no país.
Além dos trabalhos em campo, a Justiça autorizou o bloqueio de valores, redes sociais e a proibição do uso de mídias digitais por parte dos suspeitos.
Segundo a PCDF, o grupo movimentou mais de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos e utilizou cerca de quarenta empresas “fantasmas” e de fachada e mais de oitocentas contas bancárias suspeitas para forjar o esquema.
Para aplicar o golpe, o grupo prometia que com um depósito de R$ 25 as pessoas poderiam receber de volta nas operações o valor de Um Octilhão de Reais. Também era possível 'investir' R$ 2 mil para ganhar 350 bilhões de centilhões de euros.
De acordo com as investigações, os suspeitos são acusados de formar uma “rede criminosa organizada, estruturalmente ordenada, hierarquizada e caracterizada pela divisão de tarefas, especializada no cometimento de diversos crimes como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica)”.
O grupo — composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas — é acusado de induzir as vítimas ao erro, levando os fiéis a acreditar que eram escolhidos por Deus para receber a “benção” (quantias milionárias).
Para maquiar as operações, o grupo fazia falsos contratos com as vítimas, nos quais prometiam a liberação de “quantias surreais provenientes de inexistentes títulos de investimento”. O grupo afirmava que tais títulos estavam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Os alvos poderão responder, a depender de sua participação no esquema, pelo cometimento dos delitos de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa”, afirmou a PCDF, em nota.