Pai de menina atendida por anestesista preso diz que médico exigiu ficar sozinho com ela
Polícia investiga se a paciente é a terceira vítima do médico colombiano
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se há uma terceira vítima de Andres Eduardo Oñate Carrillo, anestesista preso por estupro de vulnerável. Nesta terça-feira (17), a família de uma criança procurou a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) para relatar uma suspeita de abuso por parte do médico. As informações são do jornal Extra.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Luiz Henrique Marques, o abuso em questão teria ocorrido já em 2023. Se comprovada a autoria do crime, a menina será a terceira vítima confirmada de Andres.
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Em depoimento à polícia, o pai relatou que o anestesista teria "exigido" ficar a sós com a criança algumas vezes no quarto de um hospital. O pedido foi justificado pelo acusado como "necessário para o procedimento", o que causou estranheza ao responsável.
"Agora, ele foi ouvido e a gente vai prosseguir nas investigações para concluir se realmente é uma vítima ou não", explicou Luiz Henrique Marques.
A polícia também investiga se, no período das ocorrências, Andres Eduardo teria licença do Cremerj para atuar como anestesista. Uma médica que responde pelo setor de cirurgia do Hospital Estadual dos Lagos - Nossa Senhora de Nazareth também prestou depoimento nesta terça.
A profissional disse que no dia 5 de fevereiro de 2021, quando uma paciente foi abusada, Andres tinha autorização para participar do procedimento junto à equipe. Disse ainda que o anestesista não apresentava conduta duvidosa.
Vídeos dos crimes
Dentre o vasto material de vídeo guardado, com mais de 20 mil arquivos de pornografia infantil, a polícia encontrou três gravações onde o colombiano aparece abusando sexualmente de pacientes.
Uma das vítimas foi operada no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, em dezembro de 2020. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021.
Em nota, o órgão informou que “já solicitou à direção da unidade hospitalar todos os dados e prontuários do período em que o médico trabalhou como prestador de serviço e vai instaurar uma sindicância para apurar as devidas responsabilidades”.
A segunda vítima foi uma paciente do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Fundão, Ilha do Governador. Ela estava internada para retirar o útero, em fevereiro de 2021, e se reconheceu nas imagens. A mulher lembra que estranhou ficar muito tempo desacordada após o procedimento - cerca de duas horas a mais que a irmã, que havia feito a mesma cirurgia.
Em nota, a unidade de saúde disse que Andres “ingressou em um curso técnico-prático (semelhante a uma especialização) em março de 2018 e concluiu em fevereiro de 2021” e que o curso realizado “resulta em um certificado que permite a ele participar de cirurgias e/ou procedimentos sempre com a supervisão de um profissional responsável”.