Operação da PM deixa pelo menos 16 mortos em Guarujá e Santos

Denúncias de excessos dos policiais estão sendo registradas em São Paulo e câmeras corporais serão analisadas em inquéritos

Escrito por Redação ,
O policial militar Patrick Reis é um homem branco e jovem. Ele está fardado com o uniforme da PM
Legenda: O soldado Reis era da equipe de Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota)
Foto: Divulgação/PMSP

Uma operação para capturar os suspeitos do assassinato do policial militar Patrick Bastos Reis, 30, em Guarujá e em Santos, no litoral de São Paulo, na última semana, registra pelo menos 16 mortos, até esta quarta-feira (2). Dez pessoas foram presas, incluindo o suspeito da autoria dos disparos que mataram o PM, identificado como Erickson David da Silva, 28.

De acordo com o G1, Patrick estava em patrulha pelas Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) em uma região próxima à comunidade da Vila Zilda, na quinta-feira (27), quando foi atingido no tórax por disparos de revólver. Ele chegou a ser atendido em um pronto-atendimento, mas não resistiu. Outro policial que estava com ele no momento foi baleado na mão esquerda e encaminhado para um hospital. Não há informações sobre o estado de saúde deste.

Após a morte do soldado, a Polícia Militar de São Paulo iniciou a Operação Escudo para capturar os responsáveis pelo assassinato.

Na noite seguinte ao registro da morte do PM, uma série de outras mortes começou a ser registrada em Guarujá. Segundo os boletins de ocorrência acessados pelo G1, as vítimas estavam armadas e teriam apontado armas contra as autoridades policiais, além de terem sido flagradas com entorpecentes como maconha, cocaína e crack.

A Polícia de São Paulo afirmou que, na operação, comandada por equipes da Rota, 14 suspeitos foram mortos e 20,3 quilos de drogas e 11 armas foram apreendidos. Outras 32 pessoas já haviam sido presas desde a semana passada.

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'Sniper'

A prisão de Erickson David, conhecido como Deivinho, foi divulgada pelo governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nas redes sociais. "O autor do disparo que matou o soldado Reis, no Guarujá, acaba de ser capturado na Zona Sul de São Paulo. Três envolvidos já estão presos, após trabalho de inteligência encabeçado pela Polícia. A justiça será feita. Nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune", declarou o comandante do Executivo estadual.

Nesta quarta-feira (2), Tarcísio voltou ao Twitter para informar que o quarto suspeito do crime foi preso durante a madrugada, em Santos. "Agora, todos que estavam diretamente envolvidos na morte estão presos", escreveu.

Deivinho foi encaminhado nesta semana para a Delegacia de Guarujá e passou por uma audiência de custódia que manteve sua prisão temporária por 30 dias. Segundo o G1, com informações da Polícia, o suspeito teria atirado na direção do policial militar de uma distância de mais de 50 metros. Ele seria conhecido como o "sniper" dos traficantes.

O homem, porém, nega envolvimento no crime. Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, o advogado dele, Wilton Felix, disse que Deivinho estava na comunidade para comprar drogas e que, ao ouvir disparos, fugiu do local.

'Não parece ser proporcional'

Na segunda-feira (31), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse achar que a operação policial em Guarujá e em Santos "não parece ser proporcional". A Ouvidoria da Polícia Militar também afirmou estar recebendo uma série de denúncias de excessos dos agentes envolvidos na ação.

Além disso, conforme os boletins de ocorrência acessados pelo G1, a Polícia cita confrontos dos agentes com pessoas armadas. A família de um dos mortos, no entanto, confronta a versão oficial e diz que o homem foi tirado de casa enquanto estava com o filho no colo e que teria sido arrastado para um mangue e executado pelos agentes.

As imagens das câmeras corporais dos policiais envolvidos nos assassinatos serão anexadas aos inquéritos em curso.

Sobre as vítimas

A esposa de Cleiton Barbosa Moura, 24, contou ao G1 que o marido foi arrastado de casa para um mangue e fuzilado perto do filho de dez meses. Ela afirmou que Cleiton havia sido preso por tráfico de drogas em 2010, mas que, agora, trabalhava como ajudante de pedreiro. 

O chefe de Filipe Nascimento, 22, Douglas Brito, também informou que o homem havia saído para comprar macarrão quando foi baleado pela Polícia.

Veja as identificações dos outros mortos:

  1. Felipe Vieira Nunes, 30 anos, morto em 29 de julho. Já foi preso por roubo e por dirigir alcoolizado enquanto cumpria medida cautelar e estava proibido de frequentar bares e festas populares;
  2. Fabio Oliveira Ferreira, 40 anos, morto em 28 de julho. Foi preso três vezes por tráfico de drogas, por roubo e por homicídio. Era considerado um dos chefes de uma facção criminosa na Baixada Santista;
  3. Mateus Eduardo dos Santos da Silva, morto em 29 de julho. Foi preso por roubo e chegou a ser condenado a seis anos de reclusão
  4. Jefferson Júnior Ramos Diogo, morto em 29 de julho. É investigado por estelionato e fraude em venda pela internet;
  5. Rogério Andrade de Jesus, 49 anos, morto em 30 de julho. Foi preso por homicídio, duas vezes por roubo qualificado e por receptação de produtos;
  6. William Santos de Oliveira, morto em 30 de julho. Foi preso por roubo, duas vezes por posse ilegal de arma, duas vezes por golpes e crime contra o patrimônio público;
  7. Outros seis mortos ainda não foram identificados.
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