Irmão de jovem morto em maratona rebate Pablo Marçal: 'está se aproveitando de afirmação equivocada'

Família disse ainda que "homenagem" de coach em tênis foi "marketing com a desgraça"

Escrito por Redação ,
Montagem de fotos mostra Bruno à direita e Marçal à esquerda. Ambos são homens brancos, de barba rala e cabelo preto curto
Legenda: Bruno Teixeira (à dir.) morreu durante uma maratona organizada por uma empresa criada pelo coach Pablo Marçal (à esq.)
Foto: Reprodução/Redes Sociais

A família de Bruno da Silva Teixeira, 26, que morreu após sofrer uma parada cardíaca durante uma "maratona surpresa" organizada por uma empresa criada por Pablo Marçal, no último dia 5 de junho, afirma que o coach tem se aproveitado de informações equivocadas sobre a saúde do jovem.

"O Pablo está se aproveitando da afirmação totalmente equivocada do médico e fazendo comentários no Instagram sobre o 'falecido'. Ele já até mudou o tratamento com o nome do Bruno. O médico nem conhece o Bruno. E ele ainda diz: 'Eu sei o que estão procurando'. Na verdade, estamos procurando os responsáveis por essa maratona clandestina da morte", disse Luciano Teixeira, irmão da vítima, ao Globo.

Luciano se referiu a uma declaração feita recentemente por Marçal, na qual o empresário disse que não apoiou a corrida. "O falecido nem chegou a percorrer 15 km. Ninguém morre correndo", escreveu ele, citando uma entrevista de um médico que indicaria uma "doença pré-existente" de Bruno, o que a família negou ter conhecimento. "Eu sei o que vocês estão procurando", acrescentou o coach.

Ao Globo, Luciano ainda garantiu que o irmão "sempre foi totalmente saudável". "Isso tudo foi reflexo de um dia inteiro de trabalho sem estar preparado, sem descanso, sem alimentação adequada, para uma maratona clandestina dessa", comentou.

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'Marketing com a desgraça'

Marçal tem usado as redes sociais para rebater críticas em meio à investigação sobre a morte de Bruno. A família da vítima tem condenado as "homenagens" póstumas feitas pelo coach — que chegou a escrever o nome de Bruno em um de seus tênis de corrida — e o acusou de fazer "marketing com a desgraça".

"Tentando fazer marketing em cima da desgraça da minha família de perder meu irmão caçula, sem noção nenhuma. Eu não acredito que ele não saiba o que se passa dentro da plataforma dele. Difícil acreditar, né? Eles não estão entrando mais em contato. Acredito que agora sabem o nosso ponto de vista", concluiu Luciano.

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Entenda o caso

Bruno passou mal no 15° km da corrida organizada pela empresa XGrow, por volta das 22h, em São Paulo. Pouco antes da maratona, a vítima chegou a gravar um vídeo no qual revelava uma mudança repentina na distância da prova, sem o conhecimento prévio dos corredores, de 21 km para 42 km.

O caso é investigado na Polícia Civil de São Paulo como "morte suspeita".

O desafio repentino de correr uma maratona foi dado poucos dias após Pablo Marçal, criador da XGrow, ter feito um vídeo se gabando de já ter completado uma corrida de 42 km. "Minha mãe não é mãe de fraco. Meu pai não é pai de otário. Minha vó não é vó de trouxa", disse o coach.

A irmã de Bruno contou ao Globo que ele chegou a ser alertado no dia da corrida para os riscos de participar de uma competição sem os devidos cuidados com a saúde. "Com essa cultura [de coach], não pode pedir desculpas, não pode ficar atrás, tem que olhar para o alvo, seguir em frente. O Bruno estava nessa 'pira' de seguir, nessa mentalidade 'anti-frágil' e ignorou o formigamento no pé", disse Clara Teixeira, irmã da vítima.

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