Homem vendido pelo pai no Paraná reencontra família 37 anos depois
Gilberto Leite, hoje com 41 anos, reencontrou familiares após uma publicação em rede social
Um homem de Curitiba, no Paraná, reencontrou sua família biológica 37 anos após ser vendido pelo próprio pai, quando tinha apenas 2 anos de idade. Gilberto Leite, hoje com 41 anos, viu sua história de vida mudar completamente após fazer uma publicação nas redes sociais. As informações são do g1.
A postagem trazia uma foto dele atual, outra quando criança, e o pouco que sabia sobre a vida anterior à adoção.
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Atualmente morando em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, Gilberto disse que só soube ser adotado aos 14 anos. Na ocasião, os pais adotivos também revelaram seu nome antes da adoção: Dominique.
Também segundo Gilberto, os pais adotivos disseram que a informação que tinham era que os pais biológicos moravam em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, e que morreram em um acidente de carro. Após isso, ele teria sido dado para adoção pela avó, por ele ser muito pequeno e ela não ter condições de cuidar dele.
"Aquilo foi me corroendo. Eu aceitei, mas vem aquela vontade de ir atrás. Eu sentia aquela tristeza de ser filho único, não ter um irmão para conversar. Pensava: 'poxa, como eu queria conhecer meus irmãos, perguntar para minha avó, se ela ainda estiver viva, por quê ela me deu", disse ele ao g1.
Gilberto não desistiu de obter respostas e, para tentar achar a família biológica, seguia fazendo relatos de sua história no Facebook. A terceira publicação sobre o caso viralizou e chegou a ter mais de 11 mil compartilhamentos.
Com a repercussão do caso, ele passou a receber mensagens de pessoas de todo o Brasil. Em uma delas, uma mulher relatou sobre um tio, que teria um irmão desaparecido quando criança. "Um dia uma moça me mandou mensagem falando: 'meu tio tem uma história de um irmão que sumiu muito parecida com a sua. Sumiu com dois anos de idade e se chamava Dominique, você não quer conversar com ele?", contou.
Ao entrar em contato com o homem por um aplicativo de mensagens de texto, Gilberto olhou a foto de perfil e se surpreendeu com a semelhança física. "Ele passou o endereço da casa dele, peguei o carro na mesma hora e fui", relembra. Após visitar o suposto irmão e confirmar a semelhança, Gilberto foi levado para a casa da mulher que seria sua mãe biológica, Izabel Vengue Martins.
Um exame de DNA confirmou as suspeitas. "Fiz o DNA e deu 99,99%. Depois disso, foi só conhecer o resto da família", afirmou.
Vendido pelo pai
Só após o reencontro, a mãe contou a Gilberto que a família enfrentava problemas financeiros e que, um dia, o pai biológico o vendeu para um homem, enquanto ela estava fora.
"Minha mãe saiu desesperada me procurando, e a história estava quase chegando neste homem [que comprou a criança]. Ao invés de me devolver para minha mãe, ele resolveu me dar para um orfanato, e mandar sumir comigo, arrumar uma família para mim", afirma Gilberto. Através do orfanato, Gilberto chegou a seus pais adotivos, que não podiam ter filhos biológicos.
A mãe biológica ainda afirmou a Gilberto que ficou todos esses anos procurando e esperando pelo filho. "Todo dia do meu aniversário minha mãe fazia um bolo e comemorava. Ela dizia: ‘eu tinha certeza no meu coração que você ia voltar, então eu fazia todo mundo comemorar. Sempre orando e pedindo para Deus", relatou.
Crime prescrito
O caso nunca foi levado à polícia ou à Justiça e o crime praticado pelo pai de Gilberto já prescreveu. O Código Penal brasileiro estabelece que crimes com pena máxima de até 4 anos, como este, prescrevem em 8 anos a partir da data em que foram praticados.
Após a história toda ser esclarecida, o pai biológico de Gilberto teria pedido perdão a ele em um reencontro em Curitiba, e justificado a venda do filho como o que ele achou ter sido certo fazer na época, quando a família passava por muitas dificuldades financeiras.