Elefanta que vivia em santuário em MS morre por eutanásia aos 52 anos
Lady, como passou a ser chamada a elefanta, foi resgatada de maus-tratos e tratava uma doença nos ossos
Lady, uma elefanta de aproximadamente 52 anos que vivia no Santuário de Elefantes do Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, morreu por eutanásia na noite dessa quarta-feira (15). O anúncio foi feito pela própria instituição nas redes sociais.
De acordo com a postagem, a decisão foi tomada porque o animal, que há anos lutava contra uma doença, deitou-se e não demonstrou mais interesse em se levantar.
"Uma das coisas que dizemos a todos os nossos elefantes, é: vocês lutam, nós lutamos. Trabalharemos sempre para ajudar um elefante que ainda se esforça para viver", escreveram os administradores da página.
O santuário, atualmente, abriga apenas elefantes fêmeas da espécie asiática. Além de Lady, estão acolhidas Bambi, Guillermina, Maia, Mara e Rana, que, como a primeira, forma resgatadas de maus-tratos após serem exploradas por décadas em circos e zoológicos.
O que aconteceu com Lady?
Na publicação, a instituição contou que Lady costumava receber analgésicos três vezes ao dia e que, na última segunda-feira (13), por volta de 22 horas, estava parada ao lado de uma árvore no primeiro recinto do habitat para machos asiáticos, onde costumava encostar a parte traseira no tronco e dormir.
"Às 6h, ela foi encontrada deitada no segundo recinto do mesmo habitat. Verificamos para ter certeza de que estava viva, mas ela estava parada e quieta e não deu qualquer indicação de que queria fazer outra coisa senão ficar onde estava", disseram.
"Ela ainda estava lá mentalmente, mas parecia menos responsiva do que qualquer elefante que já vimos que ficou caído por qualquer período de tempo. Normalmente, você veria o elefante jogando terra sobre seu corpo ou as orelhas batendo — mesmo no chão, elas permanecem ativas — mas não houve nada disso por parte de Lady. Ela dormia e, ao ser abordada, abria os olhos e olhava para você, mas depois voltava a dormir".
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A elefanta foi analisada por uma equipe veterinária especializada na quarta-feira, que avaliou, junto aos cuidadores, que Lady tinha "parado de lutar e estava pronta para partir".
Doença antiga
O SEB informou que, quando Lady foi resgatada, devido ao estado em que se encontravam suas patas, era possível que ela tivesse sofrido uma doença nos membros por pelo menos duas décadas.
"Sua força e determinação e sua necessidade de conexão emocional com seus tratadores fizeram dela uma grande professora para todos nós. Ela sempre parecia saber o que queria e parecia a todos nós que ela estava pronta para se libertar da dor com a qual conviveu por tanto tempo. Ela era diferente de qualquer elefante que já encontramos e não esperamos ver outro como ela em nossa vida", prosseguiu a postagem.
Segundo o G1, a elefanta saiu de um zoológico na Paraíba, depois de ter sido apreendida em um circo, em 2013. Ela sofria de osteomielite, uma infecção no osso que não tem cura e causa muitas dores.
No santuário, Lady chegou a ser tratada de diferentes formas, como medicina tradicional, terapias complementares, homeopatia, trabalho energético e outros, mas nenhuma das tentativas proporcionava efeitos permanentes.
"Parte da autonomia consiste em dar a cada elefante a capacidade de decidir não continuar. As únicas razões para não respeitarmos o que Lady parecia nos dizer seriam egoístas. Por mais difícil que seja a constatação, todos sabíamos que esse problema não iria desaparecer", concluíram os cuidadores.