Caso Henry: Polícia Civil encerra inquérito e indicia Dr. Jairinho e Monique

Casal responderá por homicídio duplamente qualificado, tortura e recursos que impossibilitaram a defesa da vítima

Escrito por Diário do Nordeste e Júlia Barbon / Folhapress ,
Monique e Dr Jairinho indiciados
Legenda: O inquérito que apura a morte de Henry Morel foi enviado para o Ministério Público.
Foto: Reprodução TV Globo

O inquérito que apura a morte do menino Henry Borel, 4, foi concluído pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (3). A professora Monique Medeiros, mãe do garoto, e o padrasto, o vereador Dr. Jairinho, foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, tortura e recursos que impossibilitaram a defesa da vítima.

Dr Jairinho responderá por um crime de tortura ocorrido em fevereiro e por outro em março, quando Henry morreu. Monique responderá pelo crime de fevereiro, quando segundo as investigações soube que o menino estava sendo torturado enquanto estava em um salão de beleza.

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O inquérito foi enviado para o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. O órgão decidirá se denuncia o casal pelos mesmos crimes.

O promotor  Marcos Kac é quem vem acompanhando o caso, e  já chegou a negar em entrevista ao UOL a possibilidade de Monique ter sido dopada naquela noite, como ela afirma.

"Não me parece que uma pessoa dopada num determinado momento tivesse condições necessárias de levar o filho no colo, de tomar automóvel, de fazer manobra boca a boca, de prestar depoimento no hospital. Então acho que essa hipótese é muito, muito remota, muito, muito pouco provável", ele afirmou em 9 de abril, dia seguinte às prisões.

Neste domingo (2), o programa Fantástico exibiu reportagem com nova carta escrita por Monique e endereçada a parentes, em que afirma que o vereador “é um homem ruim, doente e psicopata”. 

No texto, direcionado aos pais e ao irmão, Monique diz que acreditava "cegamente" em Jairinho. "Depois que comecei a transcrever para o papel tudo o que ele fez comigo, em tão pouco tempo, que pude perceber o quanto fui usada, o quanto fui violentada, o quanto me humilhei e me rebaixei para fazer dar certo sobre um relacionamento de um psicopata", narrou a professora. 

Ela definiu o vereador, no escrito, como um homem "ruim, doente e psicopata". “É triste, mas é verdade. Ele nos convence do contrário”, acrescentou.

"Hoje, sozinha, tendo vocês e ouvindo mais os detalhes de Deus em minha vida, vejo o quanto tinha um relacionamento doentio. Não sei se um algum dia vou conseguir superar tudo isso".

Monique pede perdão ao ex-marido

No dia 26 de abril, Monique também escreveu uma carta pedindo perdão ao ex-marido e pai do menino, o engenheiro Leniel Borel de Almeida. No bilhete, ela diz que “não sabia o que estava acontecendo” e garante que, se “pudesse voltar atrás”, faria “tudo novo” para ter de volta o menino.

A carta foi escrita quando Monique estava em uma cela do Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro, após ter sido diagnosticada com Covid-19.

Carte de Monique a ex-marido
Legenda: No dia 26 de abril, Monique também escreveu uma carta pedindo perdão ao ex-marido e pai do menino, o engenheiro Leniel Borel de Almeida
Foto: Arquivo Pessoal

No texto, ela menciona ter sido casada com ele por oito anos e que ele sabia de seus princípios e a mãe dedicada que foi para o filho. “Você, mais do que ninguém, sabe a mãe que sempre fui para o nosso Henry”, escreve.

“Me perdoe por não ter sido mais do que eu pude ser. Para você e para ele”, conclui a professora. 

Henry Borel
Legenda: Garoto chegou ao hospital sem vida e com diversas lesões, além de hemorragia interna
Foto: Reprodução

Dr. Jairinho e Monique Medeiros foram presos temporariamente no dia 8 de abril, suspeitos de homicídio qualificado de Henry no dia 8 de março. Laudo indicou que o óbito da criança foi provocado por "hemorragia interna" e "laceração hepática" (lesão no fígado), produzidas por uma "ação contundente". Ao todo, a criança tinha 23 lesões e hematomas pelo corpo. 

 

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